Os Demônios do Hospício III – Os Malditos
Sidney acordou com alguém dando tapas em seu rosto, era o Dr. Léon tentando acordá-lo, o homem estava deitado no chão coberto de sangue, Léon estava de joelhos esbofeteando Sid. O Animal vomitou no chão “que diabos está acontecendo aqui?”, ele se perguntava, lembrava vagamente de sentir muita dor, parecia que sua alma pegava fogo, sentia dor em seus braços, em seus ombros, sentia náuseas, havia queimaduras em sua pele, parecia que tinham salpicado água fervendo nele.
Léon estava olhando pela abertura da cela, lá fora estava tudo calmo, nem sinal de Samanta ou do corpo de Fernanda. E parecendo adivinhar os pensamentos de Léon, Sidney perguntou:
- Que merda é essa? - o mundo ainda girava para ele.
- Eu não sei, mas acho que vi o corpo da menina morta, da Fernanda, levantar e atacar junto com a Samanta.
-Samanta? - perguntou Sid, surpreso- a canibal que você falou outro dia?
- Isso mesmo Sidney, alguma coisa ruim sua passou para ela e alguma coisa horrível esta acontecendo agora, eu posso sentir.
Mal sabiam eles que, enquanto estavam protegidos na cela número dois, lá fora na ala oeste, Samanta fazia novas vítimas e as que não eram devoradas se levantavam com mais fome atrás do que os demais.
- Temos que sair daqui. – falou Léon.
- Vamos embora, já estou recuperado. – disse Sid Animal se levantando.
O estripador da Barra levantou e deu um chute na porta, a força já não era mais a mesma, mas era capaz de derrubar a porta com mais três chutes daquele. Dr. Léon retirou do bolso um pequeno martelo e uma chave de fenda.
- Onde diabos você conseguiu isso?- perguntou-lhe Sid.
- Não sei, mas hoje me deu vontade de colocar isso no bolso, sei lá pensei que você pudesse ser um vampiro ou coisa do tipo. – respondeu o médico enquanto Sidney começava a gargalhar.
Retiraram as dobradiças da porta e Sid deu outro chute daqueles, a porta foi ao chão com grande baque. Saíram, corredor a fora, a cela onde o ritual havia acontecido estava toda suja de sangue, do teto as paredes, no corredor havia uma poça de sangue no chão. Léon sabia que domingo no hospital o contingente era menor, vinham pouco mais da metade do pessoal que trabalha normalmente.
Chegaram fora da ala sul, o sol praticamente cegou Sid Animal por alguns segundos, quando a vista lhe foi devolvida não pode acreditar no que viu em sua frente, dois homens estripavam e comiam um terceiro, a cena de canibalismo chocou o Dr. Léon que imediatamente começou a vomitar, o barulho aparentemente chamou a atenção dos dois canibais, que partiram para cima deles, Sid Animal tomou a frente do combate, sabia que as vidas deles estavam em jogo, teria que voltar a ser o maníaco de outros tempos, derrubou o primeiro dos homens com um soco no queixo e o segundo foi presenteado com um chute na virilha, o homem caiu se contorcendo, Sid Animal lhe deu um outro chute no rosto que foi possível notar que a mandíbula do miserável saiu do lugar.
A temida ala sul ficava bem aos fundos do hospital, a planta do lugar parecia uma cruz, as alas sul, leste, norte, oeste e no centro o prédio administrativo. A única saída do Lara era pelo portão da frente, o gigantesco portão, vivia trancado, Léon desde já começava a desejar sair dali, depois que viu os canibais ficou assustadíssimo. Sid Animal gritou:
- Olha ali que merda é aquilo?
Léon olhou para frente e viu que o homem que os dois canibais comiam estava se levantando, suas tripas abertas caiam e ele avançava para cima deles, Léon se chocou ainda mais quando reconheceu que era Francisco, o segurança da ala sul, Léon olhou para os outros canibais desmaiados por Sid e para seu horror constatou que era os dois auxiliares do plantão da ala sul, Léon ficou em estado de choque. O segurança morto avançou para cima de Léon, que o segurou pelos braços, o homem queria comer a carne de Léon, Sidney nada fazia para ajudá-lo, “que porcaria Sid me ajuda aqui.” Pensava em gritar, quando para sua surpresa maior viu que Sid já lutava com outros canibais, conhecidos de Léon, era o resto do pessoal do plantão da ala sul, “que diabos estava acontecendo?” Aquele defunto quase mordia Léon, que caiu para trás com o segurança morto babando e sangrando em cima dele, Léon percebeu que ia morrer, se não fizesse alguma coisa, nesse momento ele notou que a pistola de choque do segurança, ainda estava em seu cinto, ele então reuniu suas forças e jogou ele de lado, tomou a pistola do cinto do morto vivo e deu- lhe um senhor choque. O monstro tropeçou no chão, literalmente, fritou com o resto da carga que Léon lhe deu. Sid Animal, que até então nocauteava o resto do plantão da ala sul, deu-lhe um pisão na cabeça, a fazendo estourar.
- Que merda aconteceu aqui? Todo mundo está igual à Samanta, Canibal é? Que merda. – disse Sid assustado.
-Sid alguma coisa sua passou para Samanta, aquela menina deve ter conseguido a capacidade de espalhar o seu desejo assassino, meu deus. – disse Léon, enquanto se abaixava para tirar o cinto do segurança morto.
Retirou do cinto, um cassetete, uma faca e uma lanterna. Deu o cassetete a Sid e a faca guardou em seu cinto, não confiava em Sid Animal o suficiente, ainda mais ele com uma faca, não mesmo, prendeu a lanterna no seu cinto e saiu.
- Vamos Sid, vamos sair daqui. – disse Léon enquanto começava a correr.
Sid Animal e o Dr. Léon correram por toda a extensão da ala oeste, pela vidraça podiam ver que Samanta já havia passado por ali, pois havia sangue em toda parte, e pelo lado de dentro eles podiam ver alguns rostos ensangüentados comendo outros rostos ensangüentados. Foram atacados novamente por três canibais, agora do plantão da ala oeste, Sid deixou todos inconscientes com o cassetete, seguiram até o prédio da administração, Léon sabia que ali o diretor guardava uma pistola em sua gaveta.
Léon e Sid entraram no prédio da administração, não tinha ninguém ali, só uma grande poça de sangue bem no centro da sala, Léon olhou para a poça com nojo, enquanto Sid bebia água em um bebedouro que tinha naquela sala. A sala do diretor ficava no segundo andar, enquanto subiam puderam ver pela janela algumas pessoas correndo desesperadas, perseguidas de perto por um grupo de canibais, uma delas Léon conhecia, era Sueli, a Su que reservava as salas de entrevistas com os pacientes. Léon tinha que ajudá-la, mas nem mesmo Sid Animal seria páreo contra tantos inimigos, teriam que conseguir a pistola do diretor. Sid havia subido na frente e Léon ainda estava nas escadas, quando Sid Animal e o Diretor apareceram abraçados, rolando escada abaixo, Léon pulou para o lado para não cair junto, os dois foram rolando até o final da escada, homem nenhum seria capaz de agüentar uma queda daquelas e sair com vida, mas Sid Animal não era um homem comum, levantou-se como se tivesse descido de um escorregador, olhou para o cadáver ensangüentado do Diretor que havia quebrado o pescoço, ele já havia se transformado em um dos monstros. Sidney olhou para Léon e correu para onde ele estava. Subiram as escadas com cuidado e foram até a sala do diretor. A pistola estava na gaveta, uma poça de sangue estava no chão.
-Sid, que merda, o que está acontecendo aqui?- perguntou Léon.
-Eu não sei meu amigo, mas sei que temos que sair daqui.
Nesse momento, Léon lembrou-se do seu Eco Sport estacionado na garagem, poderiam pegar o carro e fugir dali, o porteiro não iria dizer nada para o Dr. Léon; foi ai que ele lembrou que o porteiro também poderia ser um dos canibais ou poderia estar morto.
Léon carregou a pistola, e deu dois tiros no monstro que apareceu de repente do banheiro do diretor, era Susana a secretária do Diretor, aparentemente eles tinham um caso, o Diretor era casado, mas andava pulando a cerca, todo o Lara falava sobre o caso extraconjugal do diretor, mas infelizmente, agora, Sid e Léon tinham acabado com aquilo. Léon correu para a janela, procurou as pessoas que fugiam dos monstros. Eles estavam todos mortos, menos uma. Uma menina havia subido em um poste, mas não teria muito tempo de vida, pois dois mortos-vivos estavam se preparando para subir atrás dela, Léon fez a mira, lembrou de suas passadas na Gun House, seu clube de tiro, “alça, massa, alvo.” Pensou, disparou um tiro certeiro no braço do primeiro morto vivo que caiu em cima do segundo, a garota olhou para a direção de onde viera o tiro, Léon acenou com a mão chamando por ela, a menina desceu do poste como um relâmpago, e correu o mais rápido que pode até o prédio da administração, Sidney estava na porta esperando por ela. A menina chegou ofegante, mas quase tem um treco quando viu Sid Animal na sua frente, o estripador da Barra ainda tinha o poder de causar medo em quem olhasse para ele.
- Quem é você? – perguntou o Dr. Léon.
- Eu sou da lanchonete, o senhor é o doutor Léon não é? – respondeu a menina, ainda assustada.
-É sou sim. – respondeu Léon.
- Qual o seu nome? Você sabe o que está acontecendo?- perguntou Sid Animal.
- Meu nome é Erika, e não sei ao certo o que aconteceu, só vi quando entraram algumas pessoas correndo na lanchonete e outros atrás de comer, não comer na lanchonete, queriam comer pessoas, são monstros doutor, monstros. – a menina parecia que ia ter um treco- ei você é o Sid, ai meu deus você é o Sid Animal, o estripador da Barra, meu deus. – e começou a se tremer toda.
-Calma Erika. Nós vamos sair daqui. – disse o Dr. Léon se abaixando e colocando as mãos no rosto da menina- nós temos um plano, meu carro está no estacionamento, nós vamos até ele e vamos sair desses muros malditos.
Erika olhou para os olhos do médico, Léon viu quando seus olhos brilharam o sorriso do medico era relaxante para a menina, mas Sid Animal gritou:
- Vamos nessa então.
Os três se levantaram e correram para o estacionamento, Léon ia à frente com a arma disparando em todos os monstros que tentavam atacá-los, mas quando iam chegando na grade do estacionamento e Léon já via ao longe seu Eco Sport, do outro lado da passarela apareceu Samanta, a causadora de todo aquele problema, Léon tentou atirar nela, mas estava sem munição, um grupo de canibais apareceu de surpresa, e os três não tiveram outra opção, tiveram que recuar, Sid Animal arrombou a porta da ala norte, entraram correndo. Os canibais que os perseguiam, eram cinco monstros, todos cobertos de sangue e uma gosma amarelada, olhos vermelhos, um parecia que tinha sido parcialmente devorado, o que deixava seus tendões a mostra. Léon e os outros correram até o final do corredor que não tinha saída, estavam cercados cinco canibais contra eles, não teriam chance, mas Erika achou uma saída para lixo, se jogou dentro, Léon também foi atrás, mas a entrada era muito grande para Sid Animal, o matador iria ficar para trás.
Léon e Erika chegaram a um compartimento subterrâneo do hospital, o Lara realmente, era cheio de surpresas. Léon ficou sentado no chão, seus olhos vieram lagrimas, Sidney devia estar sendo devorado agora, tentou não pensar, uma lagrima escorreu de seus olhos, Erika procurava uma saída. Léon começou a surtar:
- Nós vamos morrer, vamos todos morrer, não temos chance. Nem o Sidney conseguiu e olha que eu vi aquele cara fazer coisas impossíveis para uma pessoa normal, ai meu deus, ai meu deus. Nós vamos mo... – Erika se ajoelhou na frente do médico e deu-lhe um tremendo beijo na boca.
- Mas, mas o que... – balbuciou o Léon.
- É para ver se você se cala, vamos, o Sid era forte e tudo, mas a hora dele chegou, vamos ter que fugir daqui, não deixe que a morte dele seja em vão.
Léon levantou, puxou a lanterna do cinto e viu que estavam em uma espécie de esgoto, havia muito lixo ali, ”que porcaria é essa?”, pensou.
- Vamos procurar uma saída. –disse Erika.
Andaram por pelo menos trinta minutos, não havia nenhum perigo ali, o subterrâneo do Lara não era grande, mas era muito difícil de andar, todo o sistema de energia elétrica, água, gás e esgoto passava por ali. Erika achou um bastão velho jogado, pegou o pedaço de madeira e decidiu que seria sua arma, Léon jogou a pistola fora e sacou a faca, “que porcaria, agora eu tenho que chegar perto demais dessas criaturas para tentar sobreviver.” Finalmente, acharam uma saída, uma boca de lodo.
- Erika, nós não podemos deixar isso se espalhar, não podemos deixar que esses monstros saiam do Lara, aqui deve ser a tumba deles. -disse Léon, enquanto furava com a faca os canos de gás, que rapidamente enchiam o ambiente.
Saíram na boca de lodo que dava bem em frente ao estacionamento. Saíram cuidadosamente, sem fazer barulho, pois havia dois mortos vivos andando calmamente por ali, Eles chegaram por detrás deles, Erika rachou o crânio de um com o bastão e Léon cortou a garganta do outro. Correram então rumo ao carro do médico. Léon destravou as portas do carro, eles entraram e o medico saiu acelerando o mais rápido que pode, atropelou alguns dos mortos vivos que passavam na sua frente. Surgiu então na sua frente Samanta, a responsável por tudo aquilo, Léon colocou o carro em cima dela, iria atropelar a menina, quando de repente uma explosão no prédio da ala norte, o fez perder o controle do carro e bater de frente com o enorme portão do hospital, Léon estava perdido, não haveria jeito de sair dali. Erika saiu do carro e subiu no capô indo para o teto, Léon ficou um segundo pensando como a menina conseguiu chegar tão rápido ali, ele fez o mesmo, estavam perdidos, iriam morrer não tinha escapatória, tentaram pular o portão, mas era muito alto, Léon decidiu que Erika iria viver.
- Suba nas minhas costas, rápido. – disse enquanto abaixava.
Erika subiu nas costas do homem que lhe deu um baita impulso, ela conseguiu segurar por cima do portão, com mais uma ajuda de Léon ela pulou o portão, Erika estava salva.
Léon virou encarando a morte de frente, Samanta caminhava em sua direção, outros monstros vinham junto com ela, a morte se aproximava, mas um vulto chamou sua atenção, “não, não podia ser, ele esta morto.” Pensou Léon e de seus lábios escaparam:
-Sid Animal.
Sid Animal vinha correndo a toda velocidade, nas mãos trazia dois coquetéis molotov, jogou um no grupo de canibais que iriam atacar Léon. O Animal chegou dando porrada em todos os monstros, batia neles com o cassetete, arrancou a cabeça de Samanta com uma porrada certeira, o corpo da menina monstro, então pegou fogo.
- Morram seus malditos – gritava com toda força, então correu para cima do carro junto com Léon.
Toda a equipe e todos os pacientes do Lara estavam mortos, menos Sidney, Léon e Erika. Toda a equipe morta viva queria arrancar um pedaço dos homens em cima do carro. Sid Animal ainda segurava um coquetel molotov, Léon mostrou para ele a boca de lodo que já expelia parte do gás, tudo iria explodir.
- Sid, só você tem forças o suficiente para jogar a bomba no buraco. – disse Léon aflito.
Sid, então, ajudou Léon a subir no portão dando- lhe impulso, o franzino doutor foi literalmente, voando para o outro lado do portão e quebrou a perna no baque da queda. O Animal fez a pontaria, e arremessou a garrafa pegando fogo em direção ao bueiro que expelia o gás. Antes de chegar ao local, porém a garrafa caiu e quebrou, mas por uma ironia do destino, acertou em cheio um dos zumbis que apareceram do nada e este saiu correndo louco em direção ao bueiro que pegou fogo pro um ou dois segundos, parecia um vulcão em erupção, todo o chão do Lara então, desabou, parecia que um enorme terremoto expunha uma cratera escondida. Antes de isso acontecer, Sid Animal conseguiu pular o portão, ajudou Léon a ir onde Erika esperava por eles aflita. Ouviram a explosão, e sentiram a terra estremecer, todo o hospital foi sugado pela enorme cratera que apareceu.
Ao longe Sid Animal ouviu as sirenes se aproximando, não gostava nada daquele barulho. Léon percebendo aquilo disse:
- Não se preocupe Sidney, você agora é um herói.