Vozes na escuridão
A noite já ia alta.
No escuro do quarto, alguma coisa se agita.
E haviam vozes na escuridão.
Vozes, que sussurravam.
Que murmuravam segredos.
Segredos, que ela mesma guardava.
Que guardou para si por toda uma vida.
As vozes que vinham da escuridão, tentavam seduzi-la.
Tentavam fazê-la pensar em coisas que ela não queria.
As vozes rodopiavam ao seu redor.
Ela tapou os ouvidos, mas nem mesmo assim conseguiu parar de escutar.
Ela gritou alto com as vozes.
Bradou toda a sua fúria, todo o seu medo.
Mas as suas palavras se perderam na escuridão.
Caíram no vazio que há na escuridão sem-fim.
E as vozes sibilam para ela:
“Você pensou que poderia esconder tudo isso para sempre?”
“Pensou que poderia jogar na escuridão todos os segredos obscuros?”
“Todos os seus desejos obscenos... as suas fantasias mais absurdas?”
“Pois eles estão aqui... te aguardando na escuridão”.
E durante a noite sem-fim, as vozes na escuridão sussurraram ao seu ouvido.
E nada e nem ninguém poderia calá-las.
Não mais.
Denis Correia Ferreira
28/12/2009-10:59
N.D.A.: Ah, as coisas que nos chegam nas horas mais inusitadas.
Isso surgiu do nada na minha cabeça. O mais rápido que pude, tratei de registrar.
Fazia tempo que não escrevia algo com clima de suspense.
Gostei. – Denis, 11:01