A Aparição

Depois de um longo dia de trabalho na oficina, eu estava cansado, muito cansado. No intervalo do tosco filme de comédia da tela quente, o sono já quase me pegando, resolvi ir tomar um banho para passar um pouco o calor afinal, aquelas noites mornas não me eram muito bem vindas, entrei no banheiro tirei o calção, quando ia entrar no Box, a natureza resolveu “chamar”, sentei no vaso pensando no que faria no dia seguinte, dei um bocejo, passaram-se alguns segundos, enquanto eu pensava na efemeridade da vida, quando de repente, a luz do banheiro começou a piscar, que merda, aquela luz velha estava pedindo para ser trocada, de repente ela se apagou e eu fico na mais completa escuridão. Olho em volta sem enxergar nada, quando uma fraca luminosidade me chama a atenção, olhando aquela luz azulada que por acaso tem um contorno levemente esverdeado, mas, o que me chama a atenção é que no topo daquela luz, dois pontos vermelhos me encaravam, pareciam duas brasas voando, o que era aquilo?

A luz do banheiro acende novamente, e não tem nada naquele lugar, que coisa estranha. Levanto da privada e entro no Box para tomar meu banho, ligo o chuveiro e lavo a cabeça, os braços, a axila, as virilhas e passo o sabonete no rosto, com os olhos fechados sinto um cheiro de ferrugem no ar, na hora eu pensei: “quando a gente perde um sentido os outros se desenvolvem.”, retirei a espuma do rosto e abri os olhos, para minha surpresa, a água do chuveiro havia ficado vermelha, na hora pensei que fossem os velhos canos que haviam enferrujado, mas lembrei que os canos eram de plástico, abri a boca e provei o sabor da água e para meu terror, senti o gosto de sangue. Cuspi o sangue no chão, e tirei a toalha do cabide para me enxugar, as luzes voltam a piscar, ouço um estrondo dentro do banheiro, parece que um trovão se abriu dentro do banheiro, o espelho da pia do banheiro se trinca em mil pedaços, as paredes do banheiro pareciam que iam cair em cima de mim, na hora pensei que ia morrer, senti muito medo.

Tudo se acalma, mas um frio esquisito aparece no quarto e na minha frente surge uma figura vestida de azul, os olhos vermelhos me encarando, na cabeça ela trás uma estranha tiara verde, parecia uma mulher, na hora pensei se tratar da loira do banheiro, mas aquela coisa nem se quer era loira, e o que aquele fantasma estaria fazendo no meu banheiro? Ela me encara e seus dentes podres sorriem pra mim, consigo ver, até mesmo, um verme se movimentando entre eles, ela se aproxima de mim e olha para o teto, sinto meu corpo levitando, mas muito rápido, uma pancada nas minhas costas me fazem gemer, ela faz meu corpo de ioiô, subo e desço do chão ao teto duas vezes, as pancadas no teto e no chão me fazem cuspir sangue, me deixam tontos, aquela coisa queria me matar, consigo me arrastar até o Box, tentando inutilmente fugir daquela coisa, ela olha para o chuveiro, que estava pingando gotas vermelhas, escuto um baque na parede, toda ela cai em cima de mim, e ao que parecia uma cachoeira de água cai atrás, nesse momento com a água quase entrando nos pulmões, olho para aquele espírito cruel que sorria para mim, o que era aquilo? Seria aquela a ultima coisa que viria antes de morrer? Foi a última coisa que pensei.

Acordo assustado. Ainda estou sentado no vaso, tudo não passou de um pesadelo.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 22/09/2010
Código do texto: T2513830
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