Vindos do Além
A tarde já era lembrança e o limiar da noite sob uma bruma de neblina e garoa, mostrava a figura singular de Eunice, caminhando no contorno de um terreno baldio voltava para sua casa.
Foram dois dias terríveis, na noite anterior, fora trucidado com requintes de crueldade seu cunhado, e o dia fora destinado a guarda do corpo, bem como os preparativos pro enterro do extinto.
O único banco da cidade atendia seus clientes nas horas em que o banco não estava aberto, numa sala alugada ao lado do shopping, possuía ali 10 cabines fechadas com caixas eletrônicos dentro.
Exatamente ali, depois de retirada de dinheiro da poupança, é que o cunhado de Eunice, fora brutalmente agredido e depois veio a falecer no hospital, segundo suspeitas da população.
367 pontos no corpo e 5 perfurações na cabeça, este era o retrato da vitima no IML, não havia como sobreviver.
Depois de contornar o matagal, Eunice chegara a uma pracinha, a uns 300 metros da sala do banco.
Ao vislumbrar a fosca luz da sala, apurou o passo, colocou a mão no bolso e sorriu levemente, a certeza de que trazia o cartão do banco no bolso a aliviou, pois retiraria o dinheiro para o fim de semana, não precisando voltar no sábado.
A noite de sexta feira avançava, e indiferente à solidão do lugar, Eunice, respirou fundo quando abriu a porta da sala e viu-se protegida da fria garoa dentro dela.
Passou duas, três vezes a mão no cabelo, escorrendo a água acumulada, e depois esfregou as mãos nas partes secas da roupa.
Quando lentamente levantou a cabeça e olhou através das paredes transparentes de vidro a solidão lá fora, percebeu sem angustia que ali também dentro da sala estava sozinha.
Rapidamente correu o olhar, e entre as 10 cabines escolheu a 6ª, porque ficava longe da porta, ela sentiria-se mais segura, era invariavelmente sempre a escolhida por ela.
Aproximou-se da cabine transparente também, olhou mais uma vez em todas as direções e entrou.
Estranhou a tela do caixa, apagada, virou-se para fechar a porta e ouviu um zunido metálico, e quando retornou o olhar a tela estava ligada.
Passou o cartão no dispositivo, e na tela, de cima a baixo caracteres que ela nunca havia visto, e no final um único caractere que ela reconheceu um ponto de interrogação.
Eunice arregalou os olhos naquilo, deu meio passo para trás, esticou o braço e forçou a porta da cabine, sentiu-a travada, esmaeceram suas forças, uma palidez cadavérica, e depois um rubor desesperador, tomou conta do corpo frágil de Eunice.
Olhou o teclado de um lado para outro, e o nervosismo a cegava, começou então a apertar teclas de “Anula” e “Entra”, como se fosse acometida de doença de descontrole motor.
As primeiras lágrimas vieram, quando se voltou de frente para a porta e com as duas mãos a empurrou e sentiu a prisão iminente, volveu a cabeça e de canto de olho, viu aqueles caracteres movimentarem-se na tela, não acreditou, esticou os dois braços na porta, e em desespero desceu o corpo até o chão, e a cada centímetro descido, agora sim, a imagem do cunhado, crivado de algodões e as narinas escorrendo um liquido alaranjado, voltava a sua mente, tornando o terror algo palpável e assustador.
Quando ali estava com a cabeça entre as mãos, volta e meia, olhava de soslaio o lado de fora da cabine e conseqüentemente do lado de fora da sala.
Novamente o zunido encheu a cabine, e a tela do caixa, se fez branca.
Ainda respirando com dificuldade, ergue-se, colocou o cartão no lugar destinado, e normalmente conseguiu sacar o seu dinheiro, mas o que tivera acontecido?
Como que não acreditando, assim mesmo, esticou novamente o braço e empurrou a porta... Abriu.
Um leve sorriso iluminou o rosto de Eunice, deu dois passos para fora da cabine, e já mirava a porta da sala, quando uma luz muito forte lhe cegou a visão...
No sábado pela manhã, a 20 metros da sala das cabines, o corpo de Eunice, jazia retalhado da cabeça aos pés, e a sua cabeça tinha 3 perfurações.
A única testemunha destes assassinatos, era um mendigo que dormia na pracinha perto e em seus devaneios etílicos, conta que:
___Quando a pessoa entrava na cabine para usar o caixa, uma luz verde sobrevoava a sala, e que depois da pessoa ter saído seres com uma luz intensa levavam esta pessoa para a luz sobre a sala e depois a devolviam para a terra, e a luz verde desaparecia no céu...
Olhe bem para as mensagens do caixa eletrônico, elas podem querer te dizer algo...
Malgaxe
A tarde já era lembrança e o limiar da noite sob uma bruma de neblina e garoa, mostrava a figura singular de Eunice, caminhando no contorno de um terreno baldio voltava para sua casa.
Foram dois dias terríveis, na noite anterior, fora trucidado com requintes de crueldade seu cunhado, e o dia fora destinado a guarda do corpo, bem como os preparativos pro enterro do extinto.
O único banco da cidade atendia seus clientes nas horas em que o banco não estava aberto, numa sala alugada ao lado do shopping, possuía ali 10 cabines fechadas com caixas eletrônicos dentro.
Exatamente ali, depois de retirada de dinheiro da poupança, é que o cunhado de Eunice, fora brutalmente agredido e depois veio a falecer no hospital, segundo suspeitas da população.
367 pontos no corpo e 5 perfurações na cabeça, este era o retrato da vitima no IML, não havia como sobreviver.
Depois de contornar o matagal, Eunice chegara a uma pracinha, a uns 300 metros da sala do banco.
Ao vislumbrar a fosca luz da sala, apurou o passo, colocou a mão no bolso e sorriu levemente, a certeza de que trazia o cartão do banco no bolso a aliviou, pois retiraria o dinheiro para o fim de semana, não precisando voltar no sábado.
A noite de sexta feira avançava, e indiferente à solidão do lugar, Eunice, respirou fundo quando abriu a porta da sala e viu-se protegida da fria garoa dentro dela.
Passou duas, três vezes a mão no cabelo, escorrendo a água acumulada, e depois esfregou as mãos nas partes secas da roupa.
Quando lentamente levantou a cabeça e olhou através das paredes transparentes de vidro a solidão lá fora, percebeu sem angustia que ali também dentro da sala estava sozinha.
Rapidamente correu o olhar, e entre as 10 cabines escolheu a 6ª, porque ficava longe da porta, ela sentiria-se mais segura, era invariavelmente sempre a escolhida por ela.
Aproximou-se da cabine transparente também, olhou mais uma vez em todas as direções e entrou.
Estranhou a tela do caixa, apagada, virou-se para fechar a porta e ouviu um zunido metálico, e quando retornou o olhar a tela estava ligada.
Passou o cartão no dispositivo, e na tela, de cima a baixo caracteres que ela nunca havia visto, e no final um único caractere que ela reconheceu um ponto de interrogação.
Eunice arregalou os olhos naquilo, deu meio passo para trás, esticou o braço e forçou a porta da cabine, sentiu-a travada, esmaeceram suas forças, uma palidez cadavérica, e depois um rubor desesperador, tomou conta do corpo frágil de Eunice.
Olhou o teclado de um lado para outro, e o nervosismo a cegava, começou então a apertar teclas de “Anula” e “Entra”, como se fosse acometida de doença de descontrole motor.
As primeiras lágrimas vieram, quando se voltou de frente para a porta e com as duas mãos a empurrou e sentiu a prisão iminente, volveu a cabeça e de canto de olho, viu aqueles caracteres movimentarem-se na tela, não acreditou, esticou os dois braços na porta, e em desespero desceu o corpo até o chão, e a cada centímetro descido, agora sim, a imagem do cunhado, crivado de algodões e as narinas escorrendo um liquido alaranjado, voltava a sua mente, tornando o terror algo palpável e assustador.
Quando ali estava com a cabeça entre as mãos, volta e meia, olhava de soslaio o lado de fora da cabine e conseqüentemente do lado de fora da sala.
Novamente o zunido encheu a cabine, e a tela do caixa, se fez branca.
Ainda respirando com dificuldade, ergue-se, colocou o cartão no lugar destinado, e normalmente conseguiu sacar o seu dinheiro, mas o que tivera acontecido?
Como que não acreditando, assim mesmo, esticou novamente o braço e empurrou a porta... Abriu.
Um leve sorriso iluminou o rosto de Eunice, deu dois passos para fora da cabine, e já mirava a porta da sala, quando uma luz muito forte lhe cegou a visão...
No sábado pela manhã, a 20 metros da sala das cabines, o corpo de Eunice, jazia retalhado da cabeça aos pés, e a sua cabeça tinha 3 perfurações.
A única testemunha destes assassinatos, era um mendigo que dormia na pracinha perto e em seus devaneios etílicos, conta que:
___Quando a pessoa entrava na cabine para usar o caixa, uma luz verde sobrevoava a sala, e que depois da pessoa ter saído seres com uma luz intensa levavam esta pessoa para a luz sobre a sala e depois a devolviam para a terra, e a luz verde desaparecia no céu...
Olhe bem para as mensagens do caixa eletrônico, elas podem querer te dizer algo...
Malgaxe