Sonhos Macabros

Últimamente, eu vinha tendo um sonho recorrente, não eram sonhos iguais mas, eram bastante semelhantes, na verdade foram ao longo de uma semana, na segunda eu sonhei que estava em um lugar escuro, segurava uma faca de cabo preto na mão, ouvia um gemido vindo de dentro de uma coisa que parecia uma grande saca de arroz, no sonho eu pensei ser alguma ameaça, esfaqueei o saco, de onde ouvia gritos estridentes, o sangue escorria, e vi quando o saco cair, o que estava dentro jazia sem vida, dessamarrei a boca do saco e para minha surpresa, ali estava Iracema, uma velha amiga de minha mãe. Acordei assustado, que sonho estranho.

Na Terça, outra vez, agora eu estava em um enorme galpão, parecia uma oficina desativada, pude ver que apenas uma luz fraca estava adiante, nela pude ver as costas de uma pessoa, sentada em uma cadeira, segui em frente e dei a volta ao redor da cadeira, para minha surpresa, vi Alexsandra, ela estava amarrada a cadeira por fortes corrente, estava amordaçada, um desejo sanguinário me envolve, aquele desejo lá do fundo do peito, aquele desejo que eu sempre reprimi, a velha faca está novamente, em minha mão, cortei sua mordaça, ela pedia ajuda, cortei-lhe a lingua e uma torrente de sangue desce por sua boca, corto seu rosto, suas bochechas, faço cortes como um bigode de um gato, é cruel o destino daquela menina, corto seu pescoço e finalmente, eu a vejo morrer com o peito lavado pelo sangue. Acordo de um salto, na cama, meu pijama estava embebido em suor, que susto.

Já estava começando a estranhar, o sonho de quarta-feira, se passou em uma espécie de mata, ia andando em uma estrada a noite, toda cercada por plantas, na minha frente, em uma árvore estava uma mulher, dependurada por uma corda, amarrada pelas mãos ela estava chorando muito, não a conhecia, não sabia quem era, não me era estranha, apenas não saibia seu nome, parecia muito com aquelas prostitutas que ficavam em uma certa esquina aqui da cidade, o desejo de matar reprimido em mim, falava mais alto naquela hora e não tive piedade daquela mulher, estripei ela, como se fosse um bode, arranquei suas tripas e as deixei dependuradas. Nesse dia, já acordei menos assustado, pensando como o sonho estava se repetindo sempre e sempre, o que estava acontecendo.

A meia noite seguia, madrugada adentro, eu estava em mais um caso de insônia, tinha acabado o "Programa do Jô" quando finalmente, dei o primeiro bocejo, o sono estava chegando e junto com ele, meus pesadelos, na verdade já estava começando a achar interessante aqueles sonhos, não sei quem falou isso, acho que era Froid mas, nos sonhos acontecem coisas, que não podemos fazer de verdade mas, temos vontade. Naquele sonho, eu estava em um tipo de lago, estava com minha namorada, ela eu tinha certeza, jamais iria lhe fazer algum mal, estavamos nus, nadando naquela água, regava seus lindo cabelos negros como um jardim mas, de repente, eu parei, sentia algo, havia pisado em alguma coisa, abaixei-me para olhar, sob meu pé, estava a responsável por todos aqueles pesadelos, e para aumentar meu terror, ela também estava naquele doce sonho, aquela faca do cabo preto, estava ali mais uma vez, peguei ela, e o inconsiente mais, uma vez me dominou, minha namorada estava saindo da água, pude ver seus negros cabelos longos, que tocavam de lado seus glúteos, sai atrás dela, toquei-lhe os ombros, ela virou, e eu cravei a faca no seu peito, o sangue que dela jorrava, me lavou, ela caiu na terra, pela primeira vez, eu não acordei, quando dei por mim, estava jogando o corpo de minha amada em uma vala, e como só acontece em sonhos, o tempo já tinha passado, e por sobre a cova dela, eu vi o capim nascer e crescer.

Não sabia bem, o que aqueles sonhos significavam, já tinha visto aquela idéia de Froid, e aquilo passou a me dominar, só pensava nos sonhos,em todos los lugares que eu ia, no trabalho, na faculdade, na hora do jantar, estava começando a evitar até mesmo ligar para minha namorada, quando sai do trabalho, o terror se apoderou de mim, em uma loja de ferramentas, eu vi ali na vitrine aquela faca de cabo preto que habitava meus pesadelos, entrei na loja e comprei a faca, ela realmente, tinha algum poder mágico pois, decidi que deveria transformar o sonho em realidade, era sexta feira, dia em que estágio em um setor na faculdade, era hora de matar, sujar minhas mãos de sangue, nesse dia apenas, eu e a Regina iriamos, seria perfeito, o laboratório estaria disponível para nós dois.

Regina chegou mais sorridente do que nunca, me abraçou, eu não me movi, ela perguntou o motivo de eu estar tão estranho, respondi que uma amiga iria morrer, nesse momento, eu avançei em cima dela, e a nocauteei com um soco no queixo, iria tentar fazer o mais parecido possível com os sonhos, amarrei suas mãos nas costas da cadeira, amordacei sua boca, e coloquei um saco de pano na sua cabeça, iria dar-lhe uma punhalada no peito, apaguei a luz e sai da sala, fui até minha mochila e peguei a faca, ela que era a responsável por todo aquele sadismo. Voltei a sala, ascendi a luz e pude ver que a cadeira estava vazia, senti um baque na cabeça, cai no chão tonto, Regina de algum jeito havia escapado, olhei para ela e pude ver que em suas mãos estava uma faca do cabo branco, ela cravou em meu peito, meu sangue jorrou em seu rosto, pouco antes de morrer ainda pude ouvir ela dizendo:

- O meu sonho se torna realidade.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 31/08/2010
Reeditado em 16/11/2010
Código do texto: T2469880
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