O Caçador de Necromantes Parte I

O tempo sempre é o tempo. Frio, quente, chuvoso ou não. O tempo continuara sempre o mesmo. Porém, entre o tempo está a ação do homem vivo ou morto. Mesmo cansado, certo ou errado. O homem também prosseguira sendo o mesmo sanguinário ou pacífico.

Sofrendo os amores, as dores, os espinhos e quantas vezes esquecendo-se dos perfumes. A morte é a ponte a onde que o barqueiro estará lá, no cais dos portais do infinito à espera dos que da vida vem. O preço do barqueiro é a moeda, transfigurada e manchada pelo sangue dos seres humanos. Quantas vezes os jardins do éden contemplou os ares e padecimentos de adão e Eva mitos da bíblia que foram expulsos do paraíso. Contudo antes eles tiveram Caim e Abel. E começou a torre de babel.

Com essa filosofia encontramos perambulando pelas ruas um caçador perdido em seus devaneios:

“- Eu ouvi dizer: que um dia os mortos andarão sobre a terra, tomando o lugar dos vivos. Eles arrastarão seus esqueletos e suas carnes fétidas cairão pelo chão, deixando um rastro de odor por onde passarem.

Nesse dia, nós, seremos a presa e, eles os predadores. Esses malditos comerão nossos olhos, sugarão nossos órgãos: coração, rins, pulmões, eles se fartarão com nossas vísceras. No dia em que os portões do inferno forem abertos, os demônios se confundirão com os humanos e ceifarão as últimas almas que merecerem o céu. Não sei como penso nessa asneira e ainda me lembro também. Que um tolo um dia me disse:

Haverá gemidos e ranger de dentes! Os gritos serão ensurdecedores, não haverá luz, só as trevas reinaram na terra. Mulheres perderão suas crias, crias perecerão ante a mão dos mortuários que peregrinarão pelo caos, buscando alimentarem da carnificina e saciarem suas sedes com a linfa, que ainda será bombeada pelos relutantes corações que não se entregaram ainda a morte.

Esse dia é hoje, os mortos já rastejam pelos becos, pelas sombras, esquivando-se da claridade. Meu pensamento contrasta com tudo que ouvi dizer.

De há muito, já estou preparado, para estes seres, e no dia que o sol não nascer, eles sairão do anonimato. No mesmo dia a lua será negra e a noite infinita. Eu caminho por entre os homens, e os vejo: tão despreparados, mulheres andando: sorridentes, com suas bolsas cheias de apetrechos, celulares aos ouvidos; conversas infundadas.

Sem vontade de sorrir, ascendo um charuto, olha para o céu, uma nuvem cobre o sol, encho o pulmão de ar, misturado a polução que domina a atmosfera.

Está manhã estou exausto, pois à noite lutei contra uma besta fera e fui vencido. Quando me lembro dessa odisséia. Um ódio dentro de mim me queima. Ah! Ah! Dou uma gargalhada seca; meu nome é Donavam ando chamando a atenção dos transeuntes que por mim passam.

Olho os veículos movimentando, carros, bicicletas, motocicletas, o vai e vem é constante. Os seres humanos não param de consumirem. Uma velha passa e me faz uma cara feia. Certeza: são os meus apetrechos, acho que tenho que jogar esse sangue velho fora.

Caminho em direção sua moto que deixei estacionada na noite passada, onde minha caçada foi em vão, tenho que esquecer os últimos momentos que antecederam a derrota para o necromantes.

As minhas armas não lembram em nada daquilo que alguns conhecem. Meus métodos são até de certa forma estranhos. Eu uso: linfa, enxofre, pedaços de carne fresca. O animal não importa: boi, suíno, cão ou felino. Qualquer um naco serve de iscas para atraí-los. Emboscá-los, e ver qual é o maior valor a ser pago, pela recompensa. No mercado negro.

Eu não tenho vinculo com ninguém. Minha história defere de tantos outros caçadores de necromantes.

Não tive a mãe, esposa ou um filho morto e ou digerido por um deles. Opção. Sim pura opção de caçá-los. Vê-los grunhindo quando são pegos ou mortos. Não se sabe nessa hora quem é fera ou predador. Os necromantes são seres horrendos que perambula pela escuridão.

Rastejando, matando, e se alimentando: das ninfas que servem os lascivos perniciosos andarilhos notívagos. Também sacia a sua fome com os viciados que se perdem no breu dos becos sombrios.

Mas ontem noite foi tão diferente, aqueles olhos chispando ódio! Algo nessa madrugada saiu errado. E não fui feliz na caçada. Minha presa saiu rindo, com a cabeça de uma ninfeta entre dentes...

Horas antes. Eu o persegui pelos becos. Seu cheiro inconfundível, um mortuário perambulando. Sem deixar escapar uma única pista. Eu o rastreei até aquele casebre. Jogando as iscas para mantê-lo lá dentro. Não sabia o certo o que era aquele ser. Meio homem. Meio réptil. Dentes afiados, mais pontiagudos que de um vampiro. Lembrando muito as Górgonas.

Sal grosso em volta do casebre, porém isso não conteve a sua fuga. “Maldição!” tenho que repensar minhas falhas. Terei que estudar melhor o necromantes que persegui. A lua cheia clareia a noite, como se fosse dia!”

Esses pensamentos perturbavam a aparente calma do caçador de necromantes Donavam que cabisbaixa regressa ao seu mini quartel.

Mais parecido com um museu! Lanças antigas, arco e flechas, garruchas untadas com óleo, estacas, e vários frascos de líquidos desconhecido.

“Ninfetas!”

Estas são suas prioridades, virgens não lhe fazia o estilo.

Donavam começa então a traçar seus planos para a próxima lua cheia. Desceu de sua moto e foi embora precisava descansar, pois a noite foi exaustiva.

Mais o monstro, que o derrotou, deveria estar rindo em algum esgoto. Guardou sua tralha, despachou os restos mortais dos seres que usou como iscas. Tirou a camisa, os sapatos, foi à geladeira pegou uma cerveja abriu e a tomou num só gole.

O cansaço e sono vieram com a velocidade de um raio. Então ele se jogou no sofá e adormeceu. Enquanto o seu inimigo:

Toda a noite andava rondando o quarteirão. Seus olhos atentos não deixavam nada passar. Era como que se ele vigiasse aquelas casas. Porém somente uma lhe inspirava maior cuidado. O zelo dele era tamanho, que os transeuntes que por coincidência não dormiam e perambulavam pelas ruas adjacentes, viam a sua sombra.

Sim ele era sombra em meio à escuridão. Guardando aquelas residências. A espera de ser chamado por alguma moradora descuidada. A fim de lhe oferecer algum cuidado. Seu nome? Ignorado! Sua etnia? Desconhecida! Porém por onde ele passava. O sangue era certo. Sua forma de matar?

Decepando suas vitimas com seus dentes famintos por sangue e carne fresca!

valdison compositor
Enviado por valdison compositor em 26/08/2010
Código do texto: T2461330