Sonho Mágico
Após o banho, deitei na cama pensando como odiava aquelas novelas, faziam minha mulher ir dormir somente quando elas terminavam, tinha que ficar sozinho na cama, as vezes dormia antes de ela vir deitar, o sexo era comprometido, eu ficava com receio de chama-la pois, não queria atrapalhar e perder a noite, minha mulher ficava vendo a novela e tomando suco de morango, antes de dormir, era sagrado. Como sempre cansado após mais um dia no meu doutorado, tive um sonho onde eu estava caindo, caia e caia mas, nunca chegava ao fundo, de repente, ao meu lado, estava uma figura negra, podia sentir o cheiro forte que vinha daquilo, era um cheiro podre, era horrivel, pude notar que sorria para mim, uma espécie de sorriso doentio, via prazer e dor naquela face macabra, um espécie de aura o envolvia, era branca, levemente azulada, pude ver quando ele pulou em cima de mim, senti um dor muito fina no meio da testa, sentia como se minhas energias fossem sugadas, sentia dores na testa, por sobre a cabeça, no meio do peito, no umbigo. Escutei meu filho chorando no quarto ao lado, abri os olhos, achei muito estranho pois, não estava mais deitado na cama, estava flutuando sobre a mesinha de cabeceira, olhei para o lado e vi a cama, eu ainda estava deitado, estava dormindo, estava sonhando mas, não era eu pois, eu estou aqui, era meu corpo que estava ali, a figura negra também estava flutuando dentro do quarto, a sombra negra avançou por sobre o meu corpo, pude ver uma espécie de luz brilhar por sobre a cama, em meu sonho, que eu ja classificava como um pesadelo, eu pensava como poderia acordar.
Meu corpo parecia sereno, meu rosto demonstrava que estava em um sono profundo, me virei de um lado para outro, senti uma pontada, mais aguda ainda, no meio da testa, o silêncio foi profundo. Cerrei meus olhos como se fosse uma criança que não quer ver o escuro, senti tocar o chão, abri os olhos, estava deitado no chão, meu corpo onírico, só podia ser isso, levantei e olhei para a cama, meu corpo real não estava mais ali, ouvi mais uma vez meu filho chorando, de repente ele parou, parou tão rápido como tinha começado, sai correndo pela porta, notei que ela estava fechada, eu havia passado pela porta fechada, estava começando a achar interessante aquele corpo onírico, entrei no quarto de meu filho e vi que meu corpo possuído pela sombra estava saindo, aquele espírito havia feito o menino se calar como nenhuma mamadeira jamais fez, entrei pela parede, vi o sangue no chão, o menino estava dependurado de cabeça para baixo, amarrado pelos pés, o sangue escorria pela cabeça, ele havia sido sangrado como um bode, iria sangrar até morrer, eu não podia fazer nada, me ajoelhei, sentia uma dor intensa, perdia meu filho ali, ele estava morrendo e eu não podia fazer nada, chorei de dor e tristeza, escutei um grito vindo da sala, minha mulher, ela estava em perigo e eu era o responsável, corri para a sala, passando novamente pela parede, cheguei a sala, vi a imagem que só poderia ver em um pesadelo, meu corpo estava com a roupa e o rosto sujos do sangue do menino, aquele espírito iria acabar com a minha família, ele olhou para mim, era meu rosto, o mesmo que eu via no espelho mas, o olhar tinha um requinte de crueldade que eu sempre reprimi. Ele segurou o pescoço da minha esposa e com a faca que tinha na mão rasgou-lhe a garganta, soltei um grito, o mais alto que eu consegui.
Estava deitado novamente, minha esposa deitada ao meu lado, ela dormia, sentei na cama, começei a sorrir, foi tudo um sonho, olhei novamente para minha esposa, ela estava descabelada afinal, dormia mas, um filete vermelho me chamou a atenção, passei a mão sobre sua cabeça e pude ver o sangue, era da garganta cortada, assim como o sonho, não foi um sonho. Sacudi seu corpo e ela gritou perguntando o que é que eu tinha, ela não estava morta, que alegria eu senti, o sangue que eu vira na verdade era o suco de morango que ela bebia e derramou acidentalmente nas suas roupas.