As Duas Bruxas

Meu amigo Gilson havia desaparecido na segunda feira passada, ninguém tinha notícias dele, todos na faculdade pensavam que ele estava com algum problema familiar ou de saúde, na verdade nem todos pensavam assim, eu suspeitava que o Gilson havia sido morto, em um ritual satânico pelas duas bruxas da faculdade, Sônia e Vanessa, uma delas o havia seduzido e levado para algum lugar, onde as duas o tinham assassinado, talvez brutalmente pois, as duas bruxas eram muito esquisitas, andavam sempre de preto, usavam uma jóias, eram consideradas wiccanas.

Resolvi que iria investigar, Gilson era como um irmão para mim, ele mesmo vivia dizendo que eramos irmãos, ninguém compreendia ele e ninguém me compreendia, então acabavamos nos entendendo, faziamos os trabalhos juntos e sempre nos ajudavamos nos estudos. Agora que eu sabia que Gilson estava morto, sabia mais que nunca que ele era meu irmão. Meu coração gritava por vingança, na antiga religião existe uma regra que tudo que a bruxa faz volta três vezes para ela, agora iria voltar, eu iria ter minha vendeta e Gilson poderia descansar em paz.

Naquela segunda, na aula de zoologia, eu sentei ao lado delas, estavam de preto como sempre, eu fui com minha camisa preta e com os velhos coturnos dos meus tempos de exército parecia que ia para um show de heavy metal, perguntei algumas coisas sobre a matéria, tentei perguntar sobre a religião delas, elas me explicaram que diferente do cristianismo, a wicca tem um deus e uma deusa, e a mágia era usada como cerimônia, haviam esbás e sabás, entre outras coisas mais. Eu mostrei interesse, como se não conhecesse nada do assunto, perguntei o significado do pentagrama que uma delas usava escondido por sob a camiseta, ela o puxou para fora, me explicou que as cinco pontas da estrela representam os 4 elementos e o homem mas, ela não me explicou qual o motivo de usar o pentagrama de cabeça para baixo, nesse momento eu soube que elas não eram wiccas,como queriam parecer, o pentagrama representa o pé de druida, ela usava um que representa o pé de bode, elas seguiam alguma doutrina satanica, elas não eram bruxas boas mas, bruxas más e agora mais do que nunca eu sabia que elas haviam assassinado o Gilson. Disse a elas que queria conhecer mais sobre a religião, perguntei se poderia ir em um encontro. Elas se entreolharam e sorriram, naquele momento soube que eu deveria usar um feitiço contra elas, iria fazer uma se apaixonar por mim, sabia um feitiço de paixão, que faria uma delas cair nos meus braços.

Não vou ensinar meu feitiço aqui pois, não acho ético mas, no outro dia lançei o feitiço sobre uma delas, a tarde, fiquei sozinha com a Vanessa e soube que o feitiço estava sobre ela, conversou comigo sobre filosofia, meditação e cinema. Perguntei se ela tinha namorado, ela respondeu que não, perguntei se ela gostaria de sair comigo, qualquer dia. Ficou combinado então que iriamos ao cinema logo mais a noite.

No cinema, ela se jogou em cima de mim, aproveitei para tirar o atraso, e a beijei como se fosse a última mulher do mundo, perguntei se ela gostaria de ir a outro lugar, tinha ido na minha motocicleta, levei ela em um motel perto do shopping, e fizemos sexo como se fosse para a guerra no outro dia, o feitiço era eficaz. Depois fiquei deitado ao seu lado conversando, até que perguntei se poderia ir há um dos encontros das bruxas, ela respondeu que só se reuniam em datas premeditadas, alguma coisa haver com as fases da lua ou o sol mas, que elas sempre se reuniam para meditar. Era ali que minha vingança iria acontecer.

Ficou combinado que quarta feira,19 horas iriamos nos encontrar em frente ao prédio da biologia, esse prédio é de frente para uma mata fechada. Entramos na mata, elas duas iam na frente, eu ia atrás com toda cautela, tinha medo de que alguém me pegasse despreenido mas, levava uma faca na bota. Chegamos ao local onde iamos meditar, sentamos sobre pedras lisas que pareciam banquinhos, elas queimaram incesos, velas, e pude ver na bolsa uma adaga em forma de serpente, uma das meninas tirou um enorme cigarro de maconha da bolsa, ela me deu para eu acender, disseram que ajudava a entrar em transe, sorri sarcasticamente, puxei meu isqueiro e acendi o baseado, que soltou uma fumaça esbranquiçada, tive cuidado de não tragar pois, sabia que o demônio estava ali, Gilson deve ter sido fraco. Depois que fumamos o baseado, mais elas do que eu pois, eu não tragava. Elas disseram que estava na hora, levantei cambaleando parecendo estar bêbado, para elas pensarem que eu estava lombrado, elas fizeram um enorme círculo e sentaram-se dentro, eu fiz o mesmo, elas fecharam os olhos e pareciam meditar, nesse momento eu percebi que havia mais alguém ali, virei e vi um homem atrás de mim, ele usava uma máscara negra, e tinha um porrete nas mãos, ele não pensou duas vezes, me deu uma porretada na cabeça, fiquei tonto e cai no chão quase desacorado. Pude ouvir ao longe os pássaros cantando calmamente, ouvi ainda o barulho dos alunos na universidade, então vi as duas mulheres sorrindo e o homem retirando a máscara, eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar era o rosto amigo de um irmão, Gilson estava ali mas, ele estava morto, eu sabia, enquanto a confusão em minha mente aumentava, pude sentir a dor aguda da adaga em entrando em meu peito. Eu era o sacríficio.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 23/08/2010
Reeditado em 16/11/2010
Código do texto: T2454487
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