Lobisomem

Era uma sexta feira.

A moça recém casada tinha ido até a casa de sua mãe que ficava num sítio vizinho.

As estradas era de terra e cortavam pelo meio das plantações e com o cair da noite ficavam um tanto quanto escuras.

O marido estava na roça e ficou de ir buscá-la no começo da noite.

Apesar do lugar sem bem tranquilo, havia muitas histórias de assombrações e coisas do tipo.

Na verdade, isso não a assustava.

Ele sempre viveu por ali e nunca viu nada do gênero.

Apenas ouviu desde criança as histórias contadas pelos antigos.

O tempo; quando estamos com quem gostamos passa muito rápido e era assim quando esla estava com sua mãe e seus irmãos.

Conversa vai e conversa vem, quando ela notou, o sol já tinha se escondido e estava bem escuro.

Nada do marido aparecer.

Ela resolveu ir sozinha mesmo e confiante que no caminho se encontraria com o marido vindo encontrar-se com ela.

Sua mãe pediu para que ficasse e se ele não aparecesse, que dormisse por lá mesmo.

Seus irmãos, todos pequenos não poderiam acompanhá-la e sua mãe não queria deixa-los sozinhos.

A moça muito corajosa, despediu se e foi para a casa.

Passou em frente a outras casas da colonia e foi se pelo caminho.

A lua ja estava alta e bela. Iluminava o caminho, criando sombras que por vezes assustavam.

Lá ia a moça. Com a criança no colo e sacola no ombro.

De repente um barulho no mato, um susto, o medo, o caoração disparado e o olho arregalado.

Uma raposa atravessa correndo bem na sua frente.

Um tremor tomou conta de seu corpo e ela apressa o passo.

E meu marido? pensava ela, onde será que se meteu.

Um pouco mais à frente, aproximando-se de uma porteira que dá acesso ao sítio onde moravam ela ouve novo barulho estranho, mas se lembra da raposa e se tranquiliza.

Mais uns passos e novo barulho, bem mais alto e mais próximo.

Ela olha para a beira da estrada e gela da cabeça aos pés.

O que ela viu vendo emn sua direção era algo que ela não saberia descrever ao certo.

Parecia um cachorro grande, ou um lobo, mas enorme, olhos vermelhos, e uma boca enorme.

Rosnava, deixando à mostra dentes brancos e afiados.

Se aproximava a passos lentos. Ela correu deixando a sacola cair.

Gritar não adiantaria muito. Estava longe da colonia de casas onde morava e ninguém a ouvira.

Mas no desespero correu e gritou.

O animal a seguia sem pressa com olhos de fogo.

O pânico tomava conta de seu ser.

A porteira. Era sua única esperança e salvação. Subir nela.

Correu e alcançou a porteira, subiu num pulo, com o bebê no colo, deixando sua manta azul pendurada. Seus gritos pareciam ecoar por todo lado.

O animal chega, se apóia nas patas traseiras tentando se equilibrar.

Ela grita mais e mais. O animal tenta puxar a manta do bebê.

Seus rosnados se misturam ao choro da moça em desespero.

De repente um som estridente de um tiro corta a noite.

O animal se assusta e foge pela mata adentro.

Alguns homens que ouviram os gritos chegam logo em seguida.

A moça em estado de choque é retirada de sobre a porteira e encaminhada para casa.

Lá, o marido dormia na cama no quarto do casal

Disse que chegou muito cansado e acabara pegando no sono.

Os homens pegam agua com açúcar para a moça.

Após se certificarem que tudo está bem, se despedem e vão para suas casas.

A moça depois de se recuperar do susto e deixar o pequeno bebê no seu berço.

Vai então receber um abraço e um carinho do marido.

Ela entendeu que ele estava cansado e não o culpa por não ido buscá-la.

Mas ao se aproximar bem de seu rosto, num pulo ela se afasta aterrorrizada.

Entre os dentes de seu marido, ela notou vários pequenos fios enroscados.

Fios azuis, exatamente iguais aos da manta azul do bebê.

A manta que a criatura teria puxado.

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Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 21/08/2010
Código do texto: T2451041
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