Odeio ser humano

Ele sempre se deu mal na vida. Só se ferrava.

Sua vida era um desfile de desgraças desde seu nascimento até os dias atuais.

E em função disso, ele se tornou amargo e revoltado.

Sempre resmungando e amaldiçoando cada dia de sua vida.

Briguento, rabugento e anti social.

Achava sempre que todos estavam contra ele.

Os dias iam passando e sua vida sempre a mesma.

Ele nunca entendeu o porque disso tudo.

E a cada dia atraia mais negatividade para sim.

Um dia decepcionado com tudo, já tarde na noite andando por uma rua escura sem rumo, pois não tinha morada, começou a blasfemar:

- Odeio ser humano, odeio ser humano.

De repente ventos o assustam.

Ele para no meio da rua. O medo toma conta de seu ser.

Imóvel. Ali parado, sente alguém atrás de si.

Se vira bem rápido. ninguém. Nada.

Novamente os ventos. Agora mais fortes.

Sua pernas perdem as forças e sente seu corpo se ajoelhando sem querer.

Um som parecido com um grunhido, um gemido ou um urro o deixa mais apavorado ainda.

A voz vem sabe se lá de onde, parece vir das trevas.

- Você odeia ser humano ?? A voz gutural pergunta calmamente.

- Você odeia ser humano?? repete juntamente com uma risada sarcástica.

Sua voz não sai. Ele treme.

- Responda a pergunta que te fiz.....

- Quem é você? É a única coisa que ele consegue dizer.

- Só posso te dizer que não sou humano como você.

Sou trevas, sou ódio, sou dor, sofrimento, Legião é meu nome.

Ando pela terra semeando as guerras e dores, sou o pecado e as dores.

- Não, você não existe, é fruto de minha imaginação, ele diz, conseguindo se levantar e se virando rapidamente, apesar do terror que toma conta de seu ser.

Nada, nãi vê nada. Apenas ouve uma gargalhada insana e tenebrosa.

- Afinal você ainda não me respondeu.

- Você odeia ser humano? Responda.

A voz agora parecia mais irritada.

- Quem é você? Ou o que é você? Apareça.

Novamente a risada demoniaca se ouviu.

Cada parte de seu corpo se arrepiou.

- Responda e me mostrarei a você. Você odeia ser humano?

Os ventos voltaram e quase o jogaram ao chão.

O medo tomou conta de seu corpo se tornando em sentimentos de pânico e terror.

- Simmmmm, eu odeio ser humano. Odeio ser humano.

Novamente a risada, mórbida e cheia de prazer agora.

- Estou aqui, bem atrás de você infeliz.

Respire fundo e me encare.

Seu coração disparou, teve muito medo, o maior medo de sua vida.

Virou-se de súbito. Um grito de desespero saiu de sua boca.

Seus olhos arregalados não acreditavam no que viam.

Bem na sua frente uma criatura horrenda como ele nunca tinha visto.

Quase impossível descrevê-la.

Enorme, com muitos olhos de um vermelho sangue, de sua boca saia uma lingua partida ao meio, juntamente com uma gosma. Sua cabeça parecia ser cheia de feridas cheias de pus e pedaços de carne podre aparecendo.

De suas mão pendiam dedos apodrecidos e seu cheiro queimava as suas narinas.

Ao ver tal criatura, caiu de costas.

- Olhe bem para mim. lhe pareço asqueroso? Nojento? Monstruoso?

Pois é assim que você passará a ser de hoje em diante.

Já que você odiava ser humano. Não mais será humano a partir de hoje.

- Nãooooooooo, nãooooooooooo........

Ele sentiu seu corpo se deformando e assumindo as formas monstruosas da criatura, que agora já estava com seu corpo humano.

O sorriso no rosto da criatura, agora humanizada, metia medo.

Ele olhou para suas mãos, horríveis.

O desespero o tomou por completo. Ele pediu. Agora não era mais ser huamno.

Era uma criatura mosnstruosa.

Até o dia que encontrasse outro ser humano que pronunciasse as palavras, aquelas malditas palavras:

ODEIO SER HUMANO.

Ele olhou e à sua frente um ser humano caminhava se distanciando devagar na madrugada.

Viu apenas quando esse ser humano virou-se para olhá-lo, como se dissesse adeus, com um sorriso insano no rosto.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 05/07/2010
Código do texto: T2360385
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