POSSUÍDA PELO DEMÔNIO
Lua negra no céu aspecto funesto, paixões tenebrosas e maléficas, ligada a fenômenos extremos oscilando entre o bem e o mal, recusa e fascinação natural e sobrenatural.
******Impulsionada pela suave e enigmática melodia que entoava aos meus ouvidos, fui vencida por minha curiosidade e resolvi dar uma espiada pela fresta da janela onde ocorria o velório do conde Rhudolff. Poucas pessoas velavam o corpo acomodado numa urna lacrada em madeira de lei, tampa de vidro onde visualizava seu rosto.
******Ao fundo, sentados os amigos mais chegados, nas laterais os parentes. Olhei atentamente tudo o que minha curiosidade aguçada conseguia ver. Distingui mais ao fundo vários objetos, dentre eles, uma capa preta, um chapéu tipo cartola e uma caixa sobreposta à mesa, pareciam ser pedras coloridas ou seriam preciosas? Uma estranha coloração avermelhada um vigoroso brilho emanava do interior da caixa. Pude então perceber que aquele brilho refletia no visor do caixão.
******Teria sido uma impressão causada pelo reflexo dos raios, ou o conde havia se mexido? A cabeça mudara de posição. Dei a volta e entrei na sala, o reflexo que saia da caixa ficara mais intenso, os dentes caninos do conde saiam de sua boca, mas será que só eu via? Um arrepio tomou conta do meu corpo, Passei a noite prostrada ao lado do caixão, demente de horror, eu ouvia um som, ora melodioso ora estranho circulando o recinto, mas nada entrou na casa, ali permaneciam todos calados.
******Pouco antes das quatro horas, começou a chegar mais gente para dar adeus ao conde. Depois de dar seus pêsames aos parentes enlutados, como era próprio do momento, se sentaram solenemente ao longo do recinto. Todos observavam exacerbadamente a arrumação lúgubre. Em seguida chegou o Pároco, que, diante daquela aparição ofuscante teve um ligeiro mal estar. Sua entrada foi seguida por uma parenta do conde, cujo pranto comoveu a todos. Ela se aproximou do caixão e, ficou debruçada por alguns instantes com o rosto colado ao vidro gélido, Após conduziram-na com delicadeza até um assento ao lado do caixão. Em voz baixa e pesarosa, o homem de Deus começou o discurso fúnebre; seu tom lôbrego, conjugado ao pranto soluçante tinha por objetivo instigar e confortar os familiares.
******O dia surgia nebuloso, escurecia cobrindo os raios de sol. Enquanto o Padre falava, uma cortina de nuvens negras cobriu o céu e alguns pingos de chuva começaram a cair. Aproximei-me e perguntei: **** Padre podes ver os dentes do conde?***Não vejo nada. Porém eu via, e os dentes cresciam.
******Saiu o cortejo seguido de uma procissão de carros, Cheguei do lado de fora e senti a chuva fina caindo molhando meu cabelo. Andei com o vento cortando minha face. O padre se adiantou em minha frente e abriu a porta do carro que nos levaria ao cemitério, entrei e seguimos. Senti uma lufada de vento gélido e fantasmagórico, ao mesmo tempo todos de uma só vez, haviam desaparecido.
******Vi-me sozinha com aquele caixão; a tampa se abriu, o conde se levantou, os olhos vermelhos como sangue, os dentes pontiagudos enormes. Comecei a correr desesperadamente, um som ensurdecedor chegava aos meus ouvidos como que o zumbido de alguma criação demoníaca, misturado aos lamentos dos lobos uivando, foi então que percebi, eu não saia do lugar. Nesse momento imaginei que o Conde queria alguma coisa, porém, ele não falava nada! Controlei meu medo. Busquei coragem e perguntei:***Afinal o que quer? Senti um estremecimento, um presságio ruim, uma sensação perniciosa dominou meu corpo naquele instante. Meu Deus! Ele queria a mim.
******Com uma gargalhada demente, alta e apavorante, quase explodindo meus tímpanos, o conde avançou em minha direção, tomou-me puxando para si, imergiu seus lábios em minha boca, sugando a minha saliva com uma fúria bestial. Seus dentes longos tremiam convulsivos cravando em meu pescoço. Hipnotizada, impulsionada caminhei em direção a casa do conde, apanhei a cartola e a capa negra. No mesmo instante um facho de luz saiu da caixa com tamanha força me arremetendo de volta ao cemitério. Envolvida na capa negra fui possuída abruptamente por aquele ser demoníaco.
******Totalmente atordoada, levantei então a cabeça, conseguiu visualizar a todos. Alguma pessoa ajudou-me a levantar O pavor me impedia de pronunciar qualquer palavra. O padre me levou para casa. Enquanto seguíamos, ele puxou conversa, contudo, permaneci calada. Já anoitecera, não sei se foi sonho ou pesadelo. Porém, todas as noites quando me deito, sinto uma leve e extasiante ardência em meu pescoço. Um cheiro forte e fascinante exala no ar, seguido de uma suave melodia a embalar meu sono.
ROSA RIGHETTO
01/07/10
LINK DO SITE COM FUNDO MUSICAL
www.rosarighetto.prosaeverso.net/visualizar.php
Lua negra no céu aspecto funesto, paixões tenebrosas e maléficas, ligada a fenômenos extremos oscilando entre o bem e o mal, recusa e fascinação natural e sobrenatural.
******Impulsionada pela suave e enigmática melodia que entoava aos meus ouvidos, fui vencida por minha curiosidade e resolvi dar uma espiada pela fresta da janela onde ocorria o velório do conde Rhudolff. Poucas pessoas velavam o corpo acomodado numa urna lacrada em madeira de lei, tampa de vidro onde visualizava seu rosto.
******Ao fundo, sentados os amigos mais chegados, nas laterais os parentes. Olhei atentamente tudo o que minha curiosidade aguçada conseguia ver. Distingui mais ao fundo vários objetos, dentre eles, uma capa preta, um chapéu tipo cartola e uma caixa sobreposta à mesa, pareciam ser pedras coloridas ou seriam preciosas? Uma estranha coloração avermelhada um vigoroso brilho emanava do interior da caixa. Pude então perceber que aquele brilho refletia no visor do caixão.
******Teria sido uma impressão causada pelo reflexo dos raios, ou o conde havia se mexido? A cabeça mudara de posição. Dei a volta e entrei na sala, o reflexo que saia da caixa ficara mais intenso, os dentes caninos do conde saiam de sua boca, mas será que só eu via? Um arrepio tomou conta do meu corpo, Passei a noite prostrada ao lado do caixão, demente de horror, eu ouvia um som, ora melodioso ora estranho circulando o recinto, mas nada entrou na casa, ali permaneciam todos calados.
******Pouco antes das quatro horas, começou a chegar mais gente para dar adeus ao conde. Depois de dar seus pêsames aos parentes enlutados, como era próprio do momento, se sentaram solenemente ao longo do recinto. Todos observavam exacerbadamente a arrumação lúgubre. Em seguida chegou o Pároco, que, diante daquela aparição ofuscante teve um ligeiro mal estar. Sua entrada foi seguida por uma parenta do conde, cujo pranto comoveu a todos. Ela se aproximou do caixão e, ficou debruçada por alguns instantes com o rosto colado ao vidro gélido, Após conduziram-na com delicadeza até um assento ao lado do caixão. Em voz baixa e pesarosa, o homem de Deus começou o discurso fúnebre; seu tom lôbrego, conjugado ao pranto soluçante tinha por objetivo instigar e confortar os familiares.
******O dia surgia nebuloso, escurecia cobrindo os raios de sol. Enquanto o Padre falava, uma cortina de nuvens negras cobriu o céu e alguns pingos de chuva começaram a cair. Aproximei-me e perguntei: **** Padre podes ver os dentes do conde?***Não vejo nada. Porém eu via, e os dentes cresciam.
******Saiu o cortejo seguido de uma procissão de carros, Cheguei do lado de fora e senti a chuva fina caindo molhando meu cabelo. Andei com o vento cortando minha face. O padre se adiantou em minha frente e abriu a porta do carro que nos levaria ao cemitério, entrei e seguimos. Senti uma lufada de vento gélido e fantasmagórico, ao mesmo tempo todos de uma só vez, haviam desaparecido.
******Vi-me sozinha com aquele caixão; a tampa se abriu, o conde se levantou, os olhos vermelhos como sangue, os dentes pontiagudos enormes. Comecei a correr desesperadamente, um som ensurdecedor chegava aos meus ouvidos como que o zumbido de alguma criação demoníaca, misturado aos lamentos dos lobos uivando, foi então que percebi, eu não saia do lugar. Nesse momento imaginei que o Conde queria alguma coisa, porém, ele não falava nada! Controlei meu medo. Busquei coragem e perguntei:***Afinal o que quer? Senti um estremecimento, um presságio ruim, uma sensação perniciosa dominou meu corpo naquele instante. Meu Deus! Ele queria a mim.
******Com uma gargalhada demente, alta e apavorante, quase explodindo meus tímpanos, o conde avançou em minha direção, tomou-me puxando para si, imergiu seus lábios em minha boca, sugando a minha saliva com uma fúria bestial. Seus dentes longos tremiam convulsivos cravando em meu pescoço. Hipnotizada, impulsionada caminhei em direção a casa do conde, apanhei a cartola e a capa negra. No mesmo instante um facho de luz saiu da caixa com tamanha força me arremetendo de volta ao cemitério. Envolvida na capa negra fui possuída abruptamente por aquele ser demoníaco.
******Totalmente atordoada, levantei então a cabeça, conseguiu visualizar a todos. Alguma pessoa ajudou-me a levantar O pavor me impedia de pronunciar qualquer palavra. O padre me levou para casa. Enquanto seguíamos, ele puxou conversa, contudo, permaneci calada. Já anoitecera, não sei se foi sonho ou pesadelo. Porém, todas as noites quando me deito, sinto uma leve e extasiante ardência em meu pescoço. Um cheiro forte e fascinante exala no ar, seguido de uma suave melodia a embalar meu sono.
ROSA RIGHETTO
01/07/10
LINK DO SITE COM FUNDO MUSICAL
www.rosarighetto.prosaeverso.net/visualizar.php