Hospital

Quando era bem jovem, trabalhei em hospitais, na área de enfermagem.

Vi muitas pessoas morrerem em seus leitos.

Geralmente eu trabalhava na madrugada e sempre imaginei que essas pessoas que faleceram lá, sempre ficavam por lá.

Circulando pelos corredores, pelos quartos. Mas nunca vi nada assim de anormal.

Mas a sensação de que estavam lá era constante.

O tempo passou e deixei essa área de trabalho e nunca mais pensei sobre isso.

Porém nesse final de semana, um incidente me levou a passar uma noite no hospital.

Meu pai teve um infarto e Ffizemos um revezamento no acompanhamento.

Como eu trabalho durante a semana toda, o dia que pude ficar com ele foi de sábado para domingo.

E novamente a mesma sensação de que pessoas já falecidas "vivem" pelos corredores e quartos de hospitais.

Quem já ficou como acompanhante em hospital sabe como é isso, a hora demora muito a passar, se ouvem barulhos estranhos que você nunca sabe de onde vem,

enfermeiras entram no quarto a toda hora.

E a sensação é bem forte.

Na verdade lutava contra o sono, pois tinha certeza de que teria pesadelos, mas como nosso corpo já tem o hábito de dormir durante a noite, fica quase impossível resistirmos por muito tempo.

23:00 horas, meia noite, uma, duas, três da manhã. A noite muito fria parece ainda mais gelada pelas sensações e pelo ambiente.

É estranho que hospitais sempre são gelados, independente da época do amo.

Antes de continuar acho interessante relatar um fenômeno desagradável e estranho que me acompanha e me incomoda desde quando eu era bem jovem.

Às vezes quando estou quase dormindo, é como se algo se apoderasse de meu corpo, uma sensação de estar acordado, mas preso dentro de meu corpo,. sem conseguir me mover ou falar, uma sensação deveras incomoda, tento falar e gritar mas nenhum som saí.

Antes era quase insuportável a sensação, desesperadora posso dizer.

Só voltava ao meu estado normal, quando minha esposa ao perceber que eu estava ofegante, me chacoalhava.

Hoje, às vezes ainda passo por isso, mas por incrível que possa parecer, consigo sentir antes mesmo de acontecer e já fico preparado.

Na verdade, sinto até um certo prazer em poder sentir isso.

Pois bem no hospital, eu senti que ia passar por isso, e como disse antes, o sono é difícil de ser controlado.

E como meu pai já estava bem e dormindo, me ajeitei numa cadeira para acompanhantes e cedi aos desejos de meu corpo cansado.

Meus olhos foram se fechando e a certeza de que eu passaria por aquela experiência se comprovou.

Não demorou muito para que me sentisse aprisionado em meu corpo.

Mas eu sabia que não adiantaria tentar emitir sons, pois eu não estava em minha cama e meu pai estava dormindo.

E junto com essa sensação logo veio a "visão" de uma pessoa, aparentando bem jovem no leito que até então estava vazio no quarto.

E eu repetia a mim mesmo mentalmente qu sabia que estava dentro de um pesadelo que nada daquilo estava acontecendo.

E a tal pessoa me pareceu sentada no leito e com um braço levantado dava a impressão de que mexia na peça de controle do soro, e falava algo comigo que não conseguio entender.

Creio que toda essa experiência deve ter levados segundos mas que parecem muito tempo.

E um forte barulho de algo caindo em algum lugar do hospital me fez voltar à realidade. Aliás, não sei como se consegui fazer tanto barulho dentro de um hospital, ou seria o silêncio da madrugada que amplifica sons que durante o dia não conseguimos prestar tanta atenção?

Ao voltar, a sensação de alivio é abençaoda.

Meu pai dormia, o leito ao lado continuava vazio e com lençõis arrumados.

Mas as sensações eram muito reais,

Não sei se foram somente um pesadelo ou se algo mais pode ter acontecido.

A verdade é que não voltei a dormir.

E meu pai teve alta no domingo e passa bem.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 20/06/2010
Código do texto: T2331348
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