A Fera - Fim de uma Historia e Começo de um Terror - Quinta Parte

...Continuação

#################################################

Os quatro jovens começaram a caminhar em direção a TOCA, estavam armados até os dentes, eles tinham que dar cabo daquela fera, pois todos que moravam ali no bairro corriam perigo de um dia serem atacados. Henrique estava presente, carregava algumas lanças de curto alcance, suas pontas estavam banhadas em prata, Daniel e Jack estavam carregando duas pás enquanto Eduardo levava alguns dardos de prata para sua besta.

- Bem, agora que as armadilhas estão prontas o que nós faremos para atrair a fera até nós? - Perguntou Daniel enquanto olhava para a mata.

- Ainda não sabemos, vamos ficar esperando para ver o que acontece. - respondeu Eduardo sentado ao pé de uma árvore próxima a lagoa.

Os quatro jovens ficaram na TOCA durante horas e nem sinal da fera, já passaram das 2 da manhã e Daniel e Jack estavam exaustos, vez ou outra os dois começavam a cochilar. Henrique não conseguia pregar o olho, ficava atento, qualquer barulho que viesse da mata chamava sua atenção, a lua estava enorme, e isso ajudava a clarear a mata rasteira que seguia em frente ate chegar as árvores do outro lado da lagoa dos índios.

Henrique se levanta para tentar enxergar o outro lado do Lago, mas parece não ser nada, e quando começava a baixar a guarda viu um brilho vermelho em sua direção, eram os olhos da fera, em questão de segundos já estava atravessando o lago numa velocidade surpreendente. Henrique começou a correr em direção a seus amigos, gritava a plenos pulmões avisando que a fera havia vindo.

Daniel e Jack cairão segurando suas lanças para cima enquanto a fera passava por cima deles, Eduardo preparava sua besta enquanto a fera seguia em frente para apanha-lo, mas antes de ser golpeado pela criatura Henrique saltou e conseguiu tirar o seu amigo do caminho a tempo antes de ser golpeado.

- Droga cara, a minha arma emperrou. - Justificava Eduardo enquanto procurava a fera.

- Toma, pegue uma lança. - falou Henrique entregando uma lança para o amigo sem tirar os olhos das árvores.

- Perdemos ele de vista, estamos perdidos cara. - falava Eduardo.

Todos os quatro estavam de costas um para o outro formando um quadrado, estavam atônitos, qualquer barulho que vinha da mata chamava a atenção deles. O silencio era desesperador, porque como uma fera daquele tamanho poderia caminhar sem fazer barulho. Henrique sem perceber começou a sangrar no ombro direito, começava a ter dores de cabeça, mas imaginava ser apenas efeito da adrenalina, apenas percebeu o ferimento quando o corpo começou a esfriar e a lança começar a pesar.

- Droga, fui ferido gente, temos logo que terminar com isso. - falava ofegante. - Continuem olhando em frente, não se preocupem comigo, não parece ser nada serio - gritou quando viu que seus amigos estavam virando parar olhar para ele.

A Fera saltou de uma árvore e caiu sobre Henrique, num reflexo surpreendente ele saltou para o lado deixando a criatura cair em cima da lança que ele havia deixado presa no chão antes de pular para o lado com seus amigos. No meio do mato surgiu um urro animalesco de dor que vinha da Fera atingida pela lança, que com um movimento de aparente dor arrancou o objeto de seu peito e começou a se movimentar mais lentamente.

Henrique começava sentir seu corpo estranho, seus braços estavam pesados, seus dentes doíam, pareciam que estavam sendo arrancados para, seu corpo queimava por dentro como se estivesse com uma febre extrema, sem ter mais forças caiu e começou a se contorcer, seus amigos tentavam proteger da Fera mesmo sem entender nada, Daniel ficava arrastando-o na tentativa de afasta-lo da Fera enquanto os outros dois ficavam a frente tentando manter distancia entre a criatura e eles.

- Droga cara, não era para essa criatura ficar imobilizada? - gritava Jack enquanto tentava acertar algumas estocadas na Fera a sua frente.

Ninguém respondeu, apenas o som do rugido da Fera era ouvido, Henrique havia parado de gritar, Daniel que estava tentando afasta-lo, agora o deixou sozinho e correu para um ponto mais afastado do amigo, seu rosto tinha uma expressão de horror, estava com medo do que via, mas não tinha palavras para descrever, apenas gritou para os amigos:

- Saiam daí, cuidado. - depois disso apenas ouviu o bater de duas patas enormes.

Jack e Eduardo congelaram, pois a Fera estava bem ali a sua frente, ela estava sobre apenas duas patas, e perceberam que o som vinha de suas costas, mas não podiam virar, pois a criatura a sua frente ameaçava saltar para cima deles a qualquer instante, mas ao ouvirem um uivo ensurdecedor vindo de traz deles, eles saltaram para o lado como se estivessem sido jogados. Ao procurarem de onde vinha esse uivo, viram um lobo um pouco maior que o outro, mas de pelos branco acinzentado, seus olhos eram de um amarelo intenso, seu dorso estava eriçado como a de um cachorro quando esta com raiva, e antes que pudessem falar qualquer coisa o lobo saltou para cima do outro de pelos negros. Henrique era o lobo branco, que por sorte quase não era atingido pelo outro, mas que em determinado momento foi jogado para cima de uma árvore rachando o seu tronco, o golpe foi tão rápido e violento que os garotos não puderam ver, já a árvore estava quase tocando o chão. Eduardo, Jack e Daniel, não sabiam o que fazer, pois tinham medo de atrapalhar o amigo e também não queriam ser atingidos pelas investidas de ambos.

Apesar da agressividade de ambos, nenhum apresentava ferimentos graves aparentes, a quantidade de pelo era tanta que encobria certos ferimentos que horas eram revelados pelo vento, algumas manchas de sangue começaram a aparecer no pelo de Henrique, já no outro não era possível dizer o mesmo pela cor de seu pelo.

Os três amigos sempre estavam atento a qualquer abertura, queriam ajudar Henrique, mas também não queriam correr o risco de atingir o amigo, então em determinados momentos Eduardo disparava alguns dardos enquanto Henrique mantinha-se afastado de seu inimigo.

A Fera enraivecida num salto se jogou em cima de Eduardo que não tinha como se defender acabou se jogando para o lado e apenas com um golpe da criatura fora lançado a mais de 10 metros de distância batendo numa árvore próxima aos outros garotos.

-Nãoooo!!!! - gritou Daniel correndo para tentar socorrer o amigo que estava desmaiado no chão.

Henrique em forma de lobo olhou para o amigo jogado ao chão, seus olhos encheram-se de pena e tristeza e ao mesmo tempo com ódio e fúria, quando virou a cabeça para seu inimigo sua face era mais bestial que a de seu inimigo, sem tempo para reagir a criatura teve sua garganta atingida com uma grande mordida, o ferimento fora tão fatal que era possível ouvir o estalar de ossos da criatura.

Com uma força tremenda Henrique ergueu o lobo, e com força o pressionou contra uma árvore, sem chance de defesa a criatura teve seu peito dilacerado e a cabeça arrancada em seguida.

Henrique Uivou de forma grotesca, pois ainda continha muito sangue em sua boca. Eduardo já estava se levantando quando percebeu o que tinha acontecido, ficaram olhando para o amigo que havia se transformado em fera, e antes que começassem a se perguntarem se o amigo iria voltar ao normal viram que ele já estava perdendo a forma de lobo e transformando-se em homem. Seu corpo estava cheio de cicatrizes, que de forma estranha estavam ficando boas a ponto de não se notarem marcas nem manchas em sua pele, parecia que nunca havia sofrido qualquer dano.

- Cara, pensei que você nunca ia voltar a ser o nosso amigo. - falava Jack surpreso e assustado ao mesmo tempo.

- Eu também pensei que essa noite não iria acabar, estava com medo de machucar qualquer um de vocês, e juro a vocês, que isso não aconteceu por pouco.

Todos ficaram calados, olharam para o corpo que estava estendido ao chão atrás de Henrique, era um homem negro de forte estatura, sua cabeça fora lançada para longe quando Henrique a arrancou de seu corpo. O negro tinha o corpo marcado, e pelas cicatrizes deveriam ter sido feitas a muito tempo atrás, devia ser um escravo de antigamente.

- Quanto tempo vive um lobisomem? - perguntou Henrique com medo de qualquer resposta que poderia vir.

- Não sei, mas se ele realmente foi um escravo, deve viver por muito tempo. - respondeu Jack.

Henrique e seus amigos arrastaram o corpo ate a cabana onde ele havia sido encontrado, fecharam a casa com algumas tábuas podres e voltaram para a TOCA.

- Bem pessoal, espero que não existam mais criaturas desse jeito, lógico, além de você Henrique. - falou Daniel rindo da cara que o amigo havia feito com essa observação. - Vamos para nossas casas, e esse segredo morre com a gente.

- Quer dizer, com vocês, você quer dizer né? - falava Henrique rebatendo a brincadeira do amigo.

- Realmente, com nós, espero que fique tudo bem.

- Ficará.

Os quatro amigos foram embora deixando a Toca a sua costa, os amigos não ouviram falar de outras criaturas durante muito tempo, repito a vocês, durante muito tempo, pois as aventuras deles apenas estavam por começar. Outras criaturas vivem na calada da noite, outras vivem por lendas, mas as lendas sempre tiveram origem, e são essas origens que surgirão para esses quatro aventureiros ou amaldiçoados, tudo isso depende do ponto de vista.

FIM...

Será??