CASA DOS INFERNOS - CIRCO DOS HORRORES

CASA DOS INFERNOS

Manhã comum, em mais uma visita a casa de meu amigo Alberto. O sol estava radiando luz por todos os cantos de San Marco.

- Bom dia Srta Désireé.

As criadas de Alberto sempre foram simpáticas e sigilosas em relação aos nossos segredos.

- Bom dia Carmen. Respondi com um sorriso no rosto.

Já se passava de meio dia e Alberto ainda dormia. Estranhei pois o amigo sabia que naquela manhã eu o visitaria. Carmen me disse que na noite passada ele se sentira mal, e fora deitar um pouco mais cedo do que o de costume.

Como amiga de Alberto que eu era, fui ao seu aposento olhar se ele estava precisando de algo. Alberto sempre teve o péssimo costume de dormir com as portas destrancadas, o que permitiria qualquer um entrar no seu quarto enquanto ele dormia.

Abri a porta devagar para evitar acorda-lo.

A principio levei um susto em não encontra-lo na cama. Se Alberto tivesse saído, Carmen que era a governanta da casa saberia.

O chamei por três vezes seguidas e nada.

Segui então em direção ao banheiro, e faltou-me voz ao vê-lo caído enrolado em um branco lençol manchado com seu sangue.

- Carmen! Rosa! Alguém me ajude! Gritei o mais alto que consegui.

Carmen entrou correndo pelo quarto e viu a cena. Alberto em meus braços. Ele havia morrido sufocado pelo seu próprio sangue durante a noite.

- Dio Mio Srta Désireé. Cosa é sucesso al ragazzo? Gritava ela em Italiano.

- Não sei o que aconteceu Carmen! Sei que eu o perdi. Perdi Alberto.

Coloquei-me a chorar, e minhas lágrimas pingavam sobre o lençol manchado de sangue.

Tudo se misturou então, lágrimas e sangue.

-Acorde Srta Dê.

Reconheci a voz doce que me chamava, era Rose filha de Carmen. Sempre a considerei uma amiga, pois além de muito educada era da minha idade.

- O que aconteceu Ro? Perguntei-a.

- O Senhor Alberto faleceu e foi você quem o encontrou.

Senti-me perder o chão. Senti faltar o ar. Vi então um vulto e senti um calafrio por todo o meu corpo.

Rosa saiu correndo, chorando e aquilo me desesperou.

- Mama! Mama! Rosa gritou na cozinha.

Desci as escadas e encontrei Rosa aos prantos. Sua mãe Carmen estava morta. Alguém havia esfaqueado Carmen. De modo que o seu sangue se espalhou pelo tapete persa que Alberto tinha na sala.

Eu já não estava entendendo mais nada do que acontecera. Como alguém poderia ter invadido a casa? Matado Carmen, sem que ninguém ouvisse nada?

O Chofer! Ele poderia ter visto algo. Mais ao chegar ao pátio central da casa, que no centro tinha o jardim mais bonito de San Marco, não vi ninguém.

A casa de Alberto tinha em média 30 funcionários, pois desde que seus pais morreram, ele havia herdado tudo e precisava manter a casa em ordem.

Novamente vi o vulto. Era escuro, estranho.

Meus pensamentos já estavam se misturando.

Segui então em direção aquele vulto. Não! Encontrei o Chofer morto nas escadas do porão. E Rosa havia desaparecido. Como?

Decidi sair correndo o mais rápido que eu pudesse daquela maldita mansão. Ao sair pela porta principal que serviu de entrada para Condes e pessoas da mais alta Sociedade da Europa, vi entre as margaridas dois belos jovens. Os dois com média de 18 anos, e trajavam roupas em estilo esporte fino. Ternos de um dos melhores estilistas do continente. Limpei as lágrimas que mancharam a maquiagem e embasavam as minhas vistas e gritei.

- Ei senhores! Preciso de ajuda! Sr Alberto Barreto está morto! E todos na mansão estão morrendo misteriosamente! Corram! Saiam de perto destas terras amaldiçoadas.

Eles não conseguiam me ouvir, e então eu os reconheci. O mais baixo era o rapaz que tanto odiava o Sr Alberto. E o mais alto era um garoto que eu conheci em um baile na mansão de Alberto. O garoto possuía os mais belos par de olhos que San Marco já vira, e qualquer um aqui poderia imaginar. Ele me sorriu docemente, enquanto o mais baixo me olhava com desrespeito e riu do meu sofrimento. Em pensamento desejei que o tal vulto o matasse.

(Nãaaao) Para minha surpresa, o vulto se posicionou atrás do rapaz mais baixo, o agarrou pelas costas, e o quebrou no meio.

Sim, eu me assustei com aquilo. Mais me intriguei com o pensamento... Será que eu poderia ter poder sobre aquela força que matara o jovem rapaz?

Ouvi um gemido e voltei a mim, o jovem de belo par de olhos, estava me olhando, sorrindo, foi quando algo acertou-o. Em cima do seu coração. Eu o vi cair entre as margaridas e vi um enxame de abelha se aproximar do seu corpo... e simplesmente ele sumiu. A tese que eu tinha sobre uma pessoa ser boa o suficiente para ser feita de mel veio a cabeça.

Desmaiei logo após esta cena de horror.

Acordei com o bailar do vulto negro em volta do meu corpo.

Corri o maximo que pude. A mansão estava totalmente vazia.

E porque o vulto não me matou também?

Não estava entendendo mais nada.

Ouvi vozes do outro lado do pátio central da mansão.

Seria alguém que realmente pudesse me ajudar? Corri em direção da voz e vi o que fez-me sentir congelar o coração. O vulto estava se transformando em um rapaz apaixonante. Lindo, alto, trajando roupas dignas de um rei. Não estava mais sentindo o bater do meu coração. O meu corpo estava pretificado no lugar que parei. Ele olhou e me sorriu. Senti a mesma raiva que senti ao ver o rapaz que desejei a morte. Os olhos do tal vulto estavam brilhando vermelho cor de sangue, era de um encanto impossível de não se fascinar. Ele caminhou em minha direção, tocou o meu rosto e me devolveu os movimentos, me senti viva de novo. Corri, como se nunca tivesse andado cai muitas vezes, me levantava e corria mais ainda! Cheguei a porta da biblioteca, entrei e me escondi. Então eu vi a imagem de minha irmã, sim ela que estava em San Diego, que ficava a mais de 800 milhas de San Marco estava ao meu lado. Tocou a minha mão e me acalmou, mais quando ela se virou para trás viu muitos dos empregados de Alberto, mortos cada um em um lugar diferente. Na mesa, no chão, nos sofás, na poltrona de leitura, e todos posicionados como se estivessem lendo livros, ou conversando. A imagem que vi me fazia lembrar um museu de cera. As suas peles estavam brancas, meio azuladas. Era estranho. Ate Rosa e Carmen que tinham uma pele morena por descendência misturada de Italianos com africanos, estavam brancas, impecavelmente brancas.

A primeira reação que tive ao ver a cena daquele circo de horror foi tampar a boca da minha irmã, para que ela não gritasse nem fizesse som algum que chamasse aquele misterioso homem vulto pra li. Eu havia descoberto o seu circo, havia descoberto onde estavam os corpos, só não havia entendido o motivo daquilo.

Olhei para o lado e minha irmã havia desaparecido, e só me restou em seu lugar um facho de luz dourada que me aqueceu e me manteve respirando um ar puro, e afastando o fedo que aqueles corpos estavam deixando no lugar.

Adormeci, assim como uma droga, aquele ar me fez adormecer.

Acordei na porta da mansão de Alberto. Novamente, no mesmo lugar que vi os dois jovens. Mais desta vez no lugar que se encontrava o doce rapaz mais alto,havia outro facho de luz, desta vez de cor prata, reluzente como o brilho de diamantes. Segui então o facho de luz que me levou pra longe da mansão. Cheguei em uma boa distância de mansão e me senti bem por ter conseguido escapar daquele espírito que dominava aquele lugar. A luz então desapareceu e me senti sendo puxada para trás. Assim como fizeram com o outro garoto. Perdi a consciência com um golpe que tomei na cabeça.

Acordei amarrada na cama de Alberto. E aquele espírito que se transformou novamente em homem, e ia se aproximando mais e mais de mim.Ele tocou os meus lábios e eu o senti quente. Era um calor tão insuportável que chegou a queimar os meus lábios. E Ele com as suas mãos fechou os meus olhos e enfiou uma estaca em meu coração... nos meus últimos momentos de lucidez consegui ouvir as palavras que ele então me dizia.

- Vá com os anjos que te rodeiam, já que te dei o meu poder, e você se negou a mim... Negou ser a Senhora das Trevas... negou dar sua alma, para conseguir a vida eterna. Você não é mais bem vinda na casa dos Infernos minha amada.

Senti um toque de leve em meu rosto, abri os olhos e vi tudo branco, minhas vistas foram voltando aos poucos, então consegui ver o brilho dos olhos daquele garoto do sonho. E desta vez eu consegui ouvir o que ele dizia.

- Acorda meu amor! Você ta bem?

Chorando muito, o contei o que aconteceu... Ele enxugou as minhas lágrimas, me beijou e disse.

- Calma foi só um pesadelo. Eu estou aqui com você.

O abracei e me senti segura assim como não me senti a muito tempo. Só então consegui sentir o meu coração bater novamente.

Amanda Rodrigues
Enviado por Amanda Rodrigues em 19/05/2010
Código do texto: T2267157
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