O nadador

Na Escandinávia da metade do século passado a beleza natural se sobressaia, mas o que o homem construiu também era focado pelos olhos humanos como milagres arquitetônicos, como o palácio de Kristofer, um solitário bon vivant, na verdade um arrogante playboy de passado duvidoso e multimilionário.
Era um homem esguio, nadador da Olimpíada de 1936 que pelo seu país conseguiu um medíocre oitavo lugar, mas que mantinha a forma em uma piscina de água termal e em um espaço com aparelhos para educação física em seu palácio no meio da exuberante floresta em volta.
Da sua família pouco se sabia, a sua mãe enforcou-se, seu irmão desapareceu após uma contenda pela herança, o único vivo além dele era seu pai, um hóspede permanente de um hospício, pago por Kristofer.
O arrogante e covarde Kristofer cultivou ao seu redor o ódio de todos, tratava os criados com desdém, e muitas vezes marcou as costas deles com seu chicote, numa gratuita ferocidade e ojeriza.
Nas tardes da primavera escandinava, sentava-se em seu terraço preferido, em uma antiga cadeira de balanço, e saboreava charutos cubanos, ao som de Chopin, e não raras vezes o som era da marcha fúnebre, que adormecia ouvindo.
Mas pelo menos três vezes por semana, o dourado crepúsculo da tarde, via Kristofer, depois de sorver a fumaça do seu charuto, ir lentamente de cabeça baixa para os seus aposentos se preparar para a natação em sua magnífica piscina.
Era um ritual de um narcisista certamente, vestia a touca negra, arrumava seus longos cabelos sob ela e ia para frente do espelho, como se estivesse se preparando para um grande evento.
Depois de colocar os óculos ainda sobre a cabeça, passava a língua nos lábios, tomava uma dose de wodca sem gelo, e deslizava seu corpo esguio pela longa escadaria que levava até a piscina.
O por do sol tornava esta junção da tarde com a noite, mágica, borbulhava a água em tom dourado, um espetáculo de rara beleza.
Numa tarde enquanto caminhava para a piscina, os holofotes foram ligados, em numero de quatro, pois o quinto holofote estava danificado e por isso não foi aceso.
Mas perfeitamente iluminado o palco de Kristofer o recebia para seu grande evento, parado na borda da piscina, baixou os óculos até os olhos, inclinou o corpo para frente e mergulhou para as primeiras idas e voltas na piscina.
Quando ultrapassava pelo meio da piscina, sem ele notar uma sombra esgueirou-se pelos arbustos e rapidamente subiu no poste com o holofote apagado e assim como subiu, desceu...
Quando Kristofer completava 1000 metros de natação, a sombra reapareceu e furtivamente aproximou-se da piscina, e num movimento brusco jogou 2 fios elétrificados na piscina...
O fenomenal choque de 500 volts, primeiro retraiu a musculatura de Kristofer, para depois, como num efeito atômico, explodir em centenas de pedaços o corpo do homem, e do começo ao fim deste espetáculo de sangue, gritos de pavor e finalmente o silencio...
O vermelho em movimento na piscina ao cair do sol no horizonte, viu aproximar-se a sombra também esguia de alguém familiar daquele monte de despojos espalhados na piscina...
___Um belo jazigo, para um belo atleta, não meu irmão? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
 
Malgaxe
 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 16/05/2010
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T2261412
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