Um pacto com o diabo?

Chegou calma para assumir sua nova atividade. Era a primeira noite de trabalho. Estava feliz. Salário relativamente alto. Poderia ser algo estranho, o simples fato de não haver nenhum candidato concorrente, mas ela encarou tudo de maneira normal e foi à luta. Conquistou a vaga. Sua tarefa era cuidar do necrotério do hospital, recepcionar as famílias dos mortos e manter o local limpo e higienizado. Na ala em que iria atuar havia muito trabalho. Uma média de quatro óbitos diários, quando tinha pouco serviço.

No momento da integração, Isaura, enfermeira chefe, chamou Nair, a nova funcionária para mostrar as salas onde exerceria suas atividades. Em seguida apresentou as colegas de trabalho. Nair mantinha-se tranqüila, porém sentia nos rostos das novas amigas, o pavor de todas ao se aproximarem daquele espaço. Após cinco minutos de conversa, Isaura saiu rapidamente e Nair iniciou seu trabalho. Preparou seis cadáveres e deixou tudo limpo para o turno do dia.

Durante a noite, enquanto trabalhava, alguém chegou. Nair recebeu. – Boa noite. – Não houve resposta. Apenas um olhar triste. Ao lado, uma voz pergunta: – onde estou? – Nair abaixou a cabeça e fez uma oração. Depois, mentalmente respondeu: – Amigos, vejo a todos. Não há motivo pra medo. Estou aqui pra cuidar de quem está de volta à pátria espiritual. Muito prazer. Sou Nair. Amo vocês. – Naquele instante, a paz se fez presente no rosto de cada ser “invisível”. Nair foi bem recebida. Conhecia o outro lado e sabia interagir com ele. Medo e pavor ficaram nos corredores, do lado de fora. Pra ela, o novo trabalho era uma missão... Aos incrédulos... Um pacto com o diabo.

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Mini conto escrito para participar do Concurso organizado por Lino França, no site Masmorra do Terror.

fiore carlos
Enviado por fiore carlos em 16/05/2010
Código do texto: T2261052
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