Quem vence a guerra é quem tem a melhor estratégia
“Toda guerra tem seu preço que é a morte de pessoas inocentes.”
Sophie era alta, magra, cabelos negros e compridos, tinha um nariz fino, uma boca pequena e uma sobrancelha bem desenhada. Sua aparência era de uma garota meiga, carinhosa, tímida e atenciosa, no entanto ela escondia um segredo sombrio.
Trabalhava em uma loja de conveniências em um posto de gasolina vinte e quatro horas, à beira da estrada nos arredores da pequena cidade.
Conan era o gerente do posto. Alto, gordinho, cabelos castanhos e bagunçados. Um homem muito simpático e sorridente.
Chegou a troca de turno, era uma hora da madrugada. Sophie e Conan pegaram suas coisas e se despediram de Claire e Bob. Sophie como sempre recusou a carona de Conan, pois costumava ir a pé para casa, passando vez ou outra por algumas florestas e terrenos abandonados.
Caminhando mata adentro e perdida em seus pensamentos, ela se depara com restos do que pareciam ser sete vampiros. Ela ficou irada com tal cena, deu meia volta e foi pedir carona à beira da estrada. Um carro, parou a sua frente.
- Boa noite! – ela falou gentilmente. – será que o senhor podia me dar uma carona até a minha casa? – completou com um sorriso.
- Claro, entre. – o motorista respondeu.
Ela sentou no banco de trás. O motorista se virou para Sophie.
- Onde você mora? – perguntou.
- Próximo da saída 27.
Enquanto dirigia, Sophie leu os pensamentos do homem que revelou a verdadeira intenção dele. “Garota gostosa, vai ver o que vou fazer com você quando chegarmos na rota 27”. Sophie não gostou do pensamento do sujeito e se posicionou de um jeito que um humano qualquer refletiria no espelho retrovisor. Alguns minutos depois, o homem percebeu algo errado com sua passageira. Ele olhava no retrovisor e ela não aparecia no espelho, contudo quando olhava para trás ela estava lá. Parou o carro bruscamente.
- O que diabos é você? – ele perguntou horrorizado.
Ela percebeu que seu plano tinha dado certo. Sem responder e em uma velocidade incrível ela foi para o banco da frente. Os olhos dela estavam pretos e os do homem arregalaram. Ele tentou sair do carro e ela o segurou com força.
- Aonde pensa que vai, querido? – ela satirizou.
- Me larga criatura do inferno. – ele disse desesperado.
- Ah, não posso deixar alguém tão suculento como você sair assim, além do mais você irá comprometer minha verdadeira identidade. Seu sangue deve ser muito bom, deixe-me prová-lo. – ela falou se aproximando da veia saltada do pescoço do homem.
Ele tentou se desvencilhar e ela começou a espancá-lo, deixando-o inconsciente, porém vivo, pois ela ouviu os batimentos cardíaco dele, o que aumentou mais ainda a sua sede de sangue. Com o homem desacordado ela investiu contra o pescoço dele, bebendo daquele líquido rubro que satisfazia-lhe a fome. Após constatar que o homem realmente estava morto ela jogou seu corpo inerte no banco traseiro, ocupou o lugar que outrora era daquele pobre homem e dirigiu até a mansão de Christopher. Pelo caminhou encontrou um homem muito bonito pedindo carona. Sophie deixou-o entrar e ele sentou no banco do carona.
- Para onde você vai, querido? – ela perguntou gentilmente.
- Eu vou um pouco a frente da saída 27.
Enquanto ela dirigia o passageiro examinava o carro e notou o corpo do homem no banco traseiro e pelo sangue espalhado na roupa, deduziu que ele estivesse morto e se sobressaltou perante a situação. Sophie percebeu e parou o carro.
- O que foi?
- O que aconteceu com o homem que está no banco traseiro? – ele perguntou inseguro.
- Nada, só está dormindo, provavelmente bêbado.
- E esse sangue todo é o que então?
“Garoto curioso demais, droga”, Sophie pensou. “Vou ter que agir agora”, concluiu.
Ela não respondeu e empurrou a cabeça dele contra o vidro, fazendo-o bater o nariz e ficar inconsciente. Ela aproveitou e bebeu o sangue dele, matando-o. O corpo dele foi fazer companhia para o outro morto no banco traseiro.
Na saída 27 ela tinha que subir uma serra. Alguns quilômetros antes da mansão ela parou o carro e carregou os corpos até o barranco, deixando-os cair na imensidão escura. Ela seguiu dirigindo e finalmente chegou ao seu destino.
A mansão tinha um aspecto abandonado com um jardim arruinado. Com uma força descomunal ela abriu o portão emperrado, passou pelo jardim e foi surpreendida por dois lobisomens. Ela atacou-os e correu para dentro da mansão. Ao entrar percebeu que o interior negava o aspecto pavoroso do lado de fora, à direita era a sala de estar com sofás vermelhos posicionados em “L”, na frente de uma lareira acesa, à esquerda ficava a cozinha e a despensa e em cima tinha os quartos. Passou pela sala de estar e foi até a sala de jantar, bem requintada, com móveis de madeira maciça e objetos de ouro, adornavam aquele cômodo. Na ponta da comprida mesa de jantar estava Christopher desfrutando de um banquete, rico em carne. Ele era alto, magro, tinha cabelos negros e curtos, olhos azuis, vestia uma calça preta com uma blusa branca justa que modelava seus músculos. Ao me ver franziu o cenho.
- O que seus vira-latas sarnentos andaram aprontando, Christopher? – Sophie perguntou irada.
- Não sei do que você está falando. A propósito, boa noite Sophie.- ele respondeu calmamente.
- Ah, boa noite! Não se faça de cínico. Então como você explica os vampiros estraçalhados que encontrei na floresta?
- E o que você quer que eu faça? – perguntou displicente.
- Que tal, colocar uma coleira nesses seus vira-latas?
- Não nos chame de vira-latas. – ele retrucou irado, cerrando o punho direito na mesa. – sua vampira nojenta.
Na velocidade dos vampiros ela pegou-o pelo pescoço e derrubou-o de costas no chão.
- Então, não se meta com a minha espécie. – ela bradou.
- Me solta sanguessuga. – ele arranhou seu peito e empurrou-a.
Ela colocou a mão na ferida que jorrava sangue e doía muito.
- A próxima eu não vou errar seu pescoço. – ele falou nervoso.
- Você está provocando uma guerra em que os lobisomens irão sucumbir. Esteja dia 7 de julho no centro da cidade, às vinte e duas horas.
- É o que veremos, estaremos lá.
Ela saiu batendo os pés. E Christopher ficou pensativo “Até parece que os vampiros vão vencer a gente, somos mais fortes e mais espertos. Essa vadia verá do que sou capaz”.
A guerra evitada por séculos estava prestes a acontecer, no centro de uma cidade pequena, com o intuito de causar impacto. Sophie pensou no acordo feito entre seu pai e o pai de Christopher, mas com os lobisomens atacando os vampiros, esse acordo estava rompido e organizou o maior exército de vampiros jamais visto, todos armados com armas carregadas com balas de prata. Ela tinha em mente de que os militares interviessem e exterminassem os lobisomens, afim de que os vampiros se livrassem dessa espécie que ameaça a existência deles.
Na data marcada, Sophie chegou atirando e derrubando alguns lobisomens. Christopher deu a ordem à centenas de lobisomens que o obedeciam:
- Matem cada um desses vampiros fétidos que dividem a terra conosco.
Os lobisomens com tochas nas mãos, partiram pra cima dos vampiros que atiravam compulsivamente. Os humanos que estavam dormindo acordaram com o barulho dos tiros. Tentaram fugir ao ver o que estava acontecendo, mas foram capturados por vampiros e lobisomens, sendo os mais fracos servindo de alimento e os fortes transformados. Casas foram destruídas com o peso dos lobisomens que vez ou outra eram lançados pelos vampiros.
Os humanos que tinham passado despercebidos pelos “monstros”, tentavam fugir da cidade e avisar as autoridades. O exército foi acionado e não demorou a chegar. Em primeira instância o exército não sabia de que se tratava de uma guerra entre vampiros e lobisomens, e pensou que os vampiros eram humanos se defendendo dos monstros, e passaram a atacar os lobisomens com bombas.
Muitos lobisomens e vampiros morreram. Sophie era muito ágil e esquivava com facilidade dos golpes de Christopher, que tinha que desviar das balas de prata. Christopher acertou um golpe no abdômen de Sophie, atravessando-o, ela caiu, por sorte não foi decepada, uma bomba provinda do exército caiu entre ela e Christopher, lançado-os em direções opostas. Ela notou que Christopher estava distraído com a fumaça da bomba e não estava vendo-a, Sophie aproveitou tal oportunidade e atirou acertando seu coração.
Ele morreu e ela foi ajudar os vampiros que estavam em desvantagem, matou outros tantos lobisomens e levou vários arranhões. Sophie e seus vampiros precisavam se esconder, pois estava prestes a amanhecer e eles iriam desaparecer.
- Vamos voltar! – ela gritou. – está amanhecendo.
Os lobisomens agora teriam uma vantagem, o sol, portanto tentaram impedir que os vampiros fugissem. O exército que não entendeu o motivo dos supostos humanos estarem se retirando, atiraram contra os lobisomens, que os perseguiam.
Alguns vampiros se esconderam em construções abandonadas, outros fugiram para a mata. Sophie se escondeu em um galpão abandonado no meio da floresta. Ela acordou às dezessete horas do dia seguinte. O sol já estava se pondo e não podia mais matá-la. Ela não sabia o que tinha acontecido durante o dia. Então ela subiu em uma pedra, com as armas em punho e avistou a cidade, alguns prédios tinham desmoronado, outros resistiram às bombas do exército, que já tinha se retirado, e não era possível ver nenhuma pessoa ou lobisomem. Sophie descobriu, que muitos lobisomens sucumbiram nas mãos do exército, outros sobreviveram, vivendo escondidos e os humanos que outrora fugiram, voltaram a pequena cidade para reconstruir suas vidas.