MISTÉRIO DA QUARTA-FEIRA

Já passam das 2:00 horas da manhã e eu não consigo dormir, chego a fechar os olhos, mas a claridade exalada pela lâmpada do quarto penetra por minhas pálpebras.

O óbvio seria que eu apagasse a luz, mas a sensação do escuro não me agrada, além do mais não tenho abajur.

Fico olhando para o teto e para seu formato tão quadrado, e cada um dos seus lados consegue perfeitamente ver mais três lados e eu pobre mortal mal consigo ver o que está a minha frente.

Volto a olhar o relógio, que decepção, já soa quase 3:00 horas e ainda continuo de olhos abertos.

Tento me concentrar no que realmente me interessa neste momento, o sono. Mas agora algo mais me perturba, o barulho do relógio.

Além dos ponteiros não andarem e sim correrem, começam a fazer pequenos tics, que ao entrarem em meus ouvidos parecem tambores africanos em noites de lua cheia.

Esse barulhinho realmente me incomoda, dá vontade de lançá-lo na parede, mas aí o barulho será maior ainda incomodando quem mora comigo.

Coloco-o dentro da gaveta, pronto, achei a solução, não mais se ouve a conversa dos ponteiros.

Cada minuto que se passa são horas sufocantes. Pego agora o relógio de pulso e vejo que já são 4:00 horas.

Choro de pavor ao lembrar do que me disseram nesta última tarde de terça-feira, para ser mais precisa, ontem.

Disseram-me que todas as quartas-feiras quando o relógio aponta 4:00 horas algo de estranho acontece na rua de casa, é tanto mistério que chega a ser macabro.

Meu Deus! Hoje é quarta-feira e já faltam 10 minutos para dar 4:00 horas, e eu ainda acordada.

Rezo para dormir no próximo minuto, mas o ponteiro dos segundos corre desenfreado.

São 3:57h, ouço um barulho que vem da porta da sala, que dá para rua, meus olhos se arregalam e minhas mãos transpiram.

Mais uma vez, e desta vez mais forte, o barulho parece entrar em meu coração que neste momento bate descompassado.

De novo mais forte ainda e parece que mais perto também!

Arrastando-me pelo chão sigo para o corredor que leva a sala que dá para a porta que leva à rua, pela fresta da porta vejo luzes se movimentando com tamanha rapidez que embaralham minhas vista, os barulhos vão ficando cada vez mais fortes e mais pertos.

Um enorme pavor toma conta de mim, corro para o quarto, me jogo na cama, cubro a cabeça e espero o pior acontecer...

Todo meu corpo treme, coloco as mãos nos ouvidos, cerro os olhos e começo a rezar.

Saio lentamente debaixo das cobertas pego o relógio da gaveta, pois na correria deixei cair o de pulso e ele quebrou, no relógio da gaveta acusam 10:00 horas.

Abro a janela, é dia!

O que será que aconteceu lá fora nesta madrugada de pavor?

Prefiro continuar a não saber, mas a dúvida consumirá meu espírito.

Para saber realmente o que aconteceu nesta madrugada, terei que esperar até a próxima quarta-feira.

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 06/05/2010
Reeditado em 23/08/2013
Código do texto: T2240929
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