RUBRO SUBLIME

11 de Agosto de 1568

- Anna, corra, pegue o pano que está em cima da mesa. – Disse George desesperado, enquanto olhava para sua filhinha Elisabete lívida na cama.

- Aqui está! – Falou Ana, entregando-lhe um pano úmido.

- Até quando essa menina ficará assim? A cada ano ela parece ficar pior.

- Querido, o quanto for necessário, cuidaremos dela – finalizou Anna olhando para a menininha moribunda.

25 de Setembro de 1571

Vaidosa e bela, Elisabete Báthory com onze anos estava prestes a ficar noiva do conde Ferenc Nadasdy e se preparava para o evento com a ajuda de suas incontáveis criadas. A jovem condessa estava nua e abrandada na banheira, enquanto uma de suas servas penteava sua cabeleira comprida.

- Isabel tome cuidado, preciso que me deixe perfeita.

- Mas ninguém é mais bela que você minha condessa. Não há pele mais sedosa ou maior graciosidade, nem aqui ou em toda a Hungria. – Mas Isabel enquanto falava, acabou puxando uma de suas mechas com mais força.

- Ai! Você está louca! – Elisabete se levantou e desferiu um golpe no rosto da criada, que caiu para trás.

- Me desculpe, isso não se repetirá. – Disse a serva estremecida e assustada.

- Venha aqui, você precisa pagar por isso, vamos, venha! – ordenou. – E Isabel caminhou lentamente em direção a condessa.

- Tome isso sua incompetente! - A jovem lancinou inúmeras vezes o rosto de Isabel. Pelo menos até perceber que já havia lhe arrancado três dentes. – Pronto, agora continue com meu cabelo!

- Sim... – A serva ensangüentada, e com extremo pavor, continuou a pentear a jovem.

Não era a primeira vez que Elisabete tomara uma atitude assim, mas pela primeira vez, estava experimentado o sangue de sua vítima. Enquanto tinha seus cabelos alisados, passava o sangue de sua serva no rosto e bebia como se fosse um néctar. A partir desse dia a condessa passou a tomar banhos de sangue às ocultas. Ela achava que de alguma forma, isso a manteria eternamente jovem.

2 de Julho 1575

O marido de Elisabete viajava muito, e em sua ausência, era obrigada a viver em seu castelo apenas na companhia de um contingente enorme de criados, composto principalmente por jovens. A partir daí, suas tendências sádicas começaram a revelar-se ainda mais.

Nessa época da história, contemplar os criados com torturas e barbáries não era algo exclusivo da condessa. O nível de crueldade de Elisabete era notório. O problema é que ela não apenas punia os que infringiam seus regulamentos, como também, encontrava todas as desculpas para isso, deleitando-se na tortura e na morte de suas vítimas. Espetava alfinetes em vários pontos sensíveis do corpo das suas criadas, como por exemplo, sob as unhas. No inverno, costumava executar suas vítimas fazendo-as se despir e andar pela neve com o corpo banhado por água, jogada por ela mesmo, até morrerem congeladas.

Certo dia a condessa foi pega em flagrante por seu marido, que havia chegado de uma de suas viagens, quando ainda estava despindo uma de suas jovens criadas.

- Eu posso explicar, ela quebrou uma de nossas taças mais valiosas. – A condessa estava impaciente.

- Se foi essa a gravidade, então a pena deve ser outra. O frio com o tempo costuma anestesiar o corpo, ausentando a dor.

Após dizer isso, pegou um recipiente carregado de mel e despejou sobre o corpo nú da pobre moça. Depois a levou para o porão do recinto e ordenou que outro criado deixasse-a a mercê de insetos até certificar que fenecesse. Em outras ocasiões, o conde passou a compartilhar com o sadísmo de Elisabete.

12 de janeiro de 1604

Após a morte do Conde Nadasdy, Elisabete mudou-se para Viena e foi na sua propriedade de Beckov e no solar de Cachtice, ambos localizados onde é hoje a Eslováquia, que a condessa realizou seus atos mais famosos e depravados.

Elisabete com pouco mais de 50 anos de idade, não possuia amigos. E em meio a solidão conheceu Erzsi Majorova, viúva de uma fazendeiro local. Majorova se deliciava com as torturas da condessa, e foi a responsável pelo declínio mental final de Elisabete ao encorajá-la a incluir algumas mulheres de estirpe nobre entre suas vítimas. Devido a fama da condessa, estava cada vez mais dificil recrutar ajudantes jovens e belas.

A vaidade também continuava sendo uma grande vilã da condessa, e estava cada vez mais dificil esconder suas rugas. Não encontrava mais com tanta facilidade sangue fresco para se banhar. Então, com a ajuda de sua nova amiga, criou uma maquina de tortura chamada gaiola de cravos. Se tratava de uma gaiola cilíndrica com lâminas afiadas, cujo interior era guarnecido de pontas aguçadas de ferro. A vítima era trancada em seu interior, enquanto o torturador armado de uma lança em brasa ou um ferro pontiagudo começava a espetar o prisioneiro, que em seus movimentos de recuo ia chocar-se contra as pontas e lâminas da gaiola. Essa maquina resolveu seus problemas com o sangue por certo tempo.

26 de dezembro de 1610

Elisabete foi presa pela morte de uma jovem nobre. Ela alegou que havia sido suicídio, mas após apuração, descobriu-se um diário escrito com a letra da condessa que descrevia outras 650 mortes. Enquanto seus cúmplices foram sentenciados a morte, com torturas semelhantes a que usufruíam, a condessa foi condenada à prisão perpétua, em solitária. Foi encarcerada em um aposento do castelo de Cachtice, sem portas ou janelas. A única comunicação com o exterior era uma pequena abertura para a passagem de ar e de alimentos.A condessa sangrenta morreu em 1614, e até hoje é conhecida por suas barbaridades. Inclusive há quem diga que Elisabete era uma vampira por sua aparência lívida e sadismo proeminente. Acredito que jamais saberemos.

*Conto baseado em fatos reais