O livro maldito

Seu maior prazer: ler livros de terros. Isso o fascinava de tal maneira que era indescritível.

Colecionava, tinha centenas deles, e mais que isso, gostava de conhecer seu autor.

Conhecer sua história de vida, enfim, era quase uma obsessão.

Uma mórbida mania.

Uma certa tarde entrou na biblioteca da cidade, coisa que fazia sempre, mas nesse dia algo foi diferente.

Como sempre foi para a seção de terror e similares, apesar de conhecer cada livro, cada prateleira, sempre ia lá.

E nesse dia, algo chamou sua atenção. Um livro, sim, um novo livro, porém aparentando bem velho. A capa parecia ser de couro, sem nenhuma inscrição.

O cheiro remetia a séculos passados.

Retirou o da prateleira rapidamente e correu para se sentar em uma cadeira de leitura no fundo da sala.

Era como se algo o puxasse, o hipnotizasse.

O livro parecia ter vida e se fundir com suas mãos.

Teve medo, mas não conseguia parar de ler. Eram contos de terror. Com conteúdos impressionantes, como ele nunca tinha visto em nenhum outro.

Era viciante. Leu um conto , dois, três......e nem viu o tempo passar.

Lá fora já estava escurecendo e precisava sair pois a bibliotecária já havia feito sinal a todos os que estavam ali.

Sem pensar, ele pegou sua ficha de sócio e levou o livro para casa.

Não tinha fome nem sono. Ler era só o queria fazer.

Aos poucos ele foi notando que cada conto era de autoria de uma pessoa e que nenhum daqueles nome lhe era conhecido.

Notou também que no final de cada conto havia uma data e uma localidade diferente.

E os contos eram na verdade todos relatos de assassinatos feito na primeira pessoal.

Se arrepiou por inteiro.

Até então ele não havia percebido, mas na verdade era um diário. Um diário de mortes, com requintes de crueldade que ele jamais tinha lido.

Seres possuídos matando, dilacerando corpos, tomando sangue, atrocidades que ele até então só imaginava serem possíveis no campo do imaginário de seus autores preferidos.

Mas agora eram reais, eram crimes, eram possessões, era o mal encarnado.

O horror tomou conta dele mas já era tarde demais.

O último conto que acabara de ler tinha uma data bem recente, e a localidade era exatamente sua cidade.

Sim, o crime cometido, havia sido notícia em toda a cidade há 3 semanas atrás.

Um crime hediondo sem pista de assassino, que o deixou abalado por alguns dias.

Ele sentiu que algo havia se apoderado dele quando pegou o livro nas mãos.

Ele sabia que o último assassino de algum modo o conhecia e sabia que ele iria pegar o livro.

Agrora ele precisava fazer sua parte, escrever o seu conto macabro.

Seus sentimentos haviam mudado, sentia o mal correndo junto com seu sangue, sentia ódio na veias.

Ele, era ele agora. Tinha de ir embora, pra outra cidade, escrever seu conto e passar o livro adiante.

Pegou a namorada e a colocou na moto, como sempre faziam.

Mas dessa vez sem destino e sem volta.

Precisava cumprir sua parte, escrever seu conto.

Foram e pegaram a estrada.

Sem destino.

....................

Um mês depois, nova biblioteca, novo dia..........

Alguém entra e vai direto ao setor de terror.

Um livro novo estava lá. Estranho. Imóvel.

A capa de couro.....

Contos de terror.....

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 20/04/2010
Reeditado em 20/04/2010
Código do texto: T2208343
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.