Sonhos reais
Madrugada.
A estrada de terra estava bem escura.
A noite era sem lua. Só trevas.
Amigos caminhavam de volta para casa.
Riam e se divertiam após o baile no sítio vizinho.
Não que eram corajosos, mas era mais para espantar o medo.
Qualquer barulho os deixava alertas.
Naquela noite o caminho parecia mais longo.
Um barulho ma mata os assusta.
As moças se agarram aos rapazes, que escondem o medo.
Seguem. Com medo.
Apressam os passos.
Novamente o ruído,
Parecem passos, som de gravetos se quebrando.
Andam mais rápido. O barulho os segue.
Correm. Percebem o som de algo correndo pelo mato.
Mais rápido que eles.
De repente salta do mato e para bem na frente deles.
A respiração para. O medo vai ao máximo.
Veem algo que jamais imaginariam ver.
Uma criatura inimáginável.
Um ser semelhante á um lobo, me em pé, meio acocorado.
Peludo, olhos arregalados e vermelhos.
Eles tentam correr.
Nem todos tem a mesma sorte.
Ele salta sobre um deles. O derruba.
Gritos de despero e dor.
Urros. Pavor ecoando dentro da madrugada escura.
Os dentes rasgando a carne. Ainda vivo.
Gritos de desespero e dor cortam a mata.
Até se calar e dar lugar a grunhidos, gemidos e
barulho de dentadas.
A criatura satisfeita, deixa no local apenas restos de algo
que já foi um humano.
Acorda assustado e molhado em suor.
Toda noite esse sonho o atormenta.
Há muitos anos. Desde a adolescencia.
Vai até a cozinha, acende a luz.
Procura um copo. Tem sede.
Sente um gosto estranho de sangue.
Olha para a borda do copo.
Ele não acredita, mas é sangue.
Na borda do copo.
Quase todas as noites sonhos desse tipo.
Mas nunca ele acordou com o gosto do sangue na boca.
Não só o gosto, mas o sangue tamém.
E ele sabe que a partir de agora as coisas seão diferentes.
Não são mais sonhos. Não apenas sonhos.