Sonhos reais

Madrugada.

A estrada de terra estava bem escura.

A noite era sem lua. Só trevas.

Amigos caminhavam de volta para casa.

Riam e se divertiam após o baile no sítio vizinho.

Não que eram corajosos, mas era mais para espantar o medo.

Qualquer barulho os deixava alertas.

Naquela noite o caminho parecia mais longo.

Um barulho ma mata os assusta.

As moças se agarram aos rapazes, que escondem o medo.

Seguem. Com medo.

Apressam os passos.

Novamente o ruído,

Parecem passos, som de gravetos se quebrando.

Andam mais rápido. O barulho os segue.

Correm. Percebem o som de algo correndo pelo mato.

Mais rápido que eles.

De repente salta do mato e para bem na frente deles.

A respiração para. O medo vai ao máximo.

Veem algo que jamais imaginariam ver.

Uma criatura inimáginável.

Um ser semelhante á um lobo, me em pé, meio acocorado.

Peludo, olhos arregalados e vermelhos.

Eles tentam correr.

Nem todos tem a mesma sorte.

Ele salta sobre um deles. O derruba.

Gritos de despero e dor.

Urros. Pavor ecoando dentro da madrugada escura.

Os dentes rasgando a carne. Ainda vivo.

Gritos de desespero e dor cortam a mata.

Até se calar e dar lugar a grunhidos, gemidos e

barulho de dentadas.

A criatura satisfeita, deixa no local apenas restos de algo

que já foi um humano.

Acorda assustado e molhado em suor.

Toda noite esse sonho o atormenta.

Há muitos anos. Desde a adolescencia.

Vai até a cozinha, acende a luz.

Procura um copo. Tem sede.

Sente um gosto estranho de sangue.

Olha para a borda do copo.

Ele não acredita, mas é sangue.

Na borda do copo.

Quase todas as noites sonhos desse tipo.

Mas nunca ele acordou com o gosto do sangue na boca.

Não só o gosto, mas o sangue tamém.

E ele sabe que a partir de agora as coisas seão diferentes.

Não são mais sonhos. Não apenas sonhos.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 18/03/2010
Código do texto: T2146192
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