"Os Mortos Devem Permanecer Mortos"

Numa época conturbada como a nossa, dificilmente encontramos pessoas mentalmente e espiritualmente saudáveis, ou que pelo menos, consigam se manter assim. Paixões sem controle, violência, corrupção, cobiça e tudo aquilo de mal que permeia nosso universo acaba por nos fazer sucumbir aos silenciosos chamados desse mau latente, para que vivamos seguindo nossos instintos, como animais. Mas o instinto humano é mais refinado... assaltar e matar por dinheiro é mais refinado, ou ainda perseguir uma pessoa e atrapalhá-la a vida porque está com ciúmes ou ressentimentos, tudo isso é mais refinado do que caçar porque está com fome, mas isto não torna o ato menos bárbaro... ou pior, torna-o mais bárbaro, fazendo assim o ser humano ser muito mais bárbaro do que os animais, uma barbaridade refinada, afinal temos mais neurônios. Sanidade e loucura estão lado a lado, divididos por um fino véu, que pode ser rasgado a qualquer momento quando algo nos atinge, e desde momento tornamo-nos mais um "selvagem".

Joel era um destes poucos que podiam ser chamados de ser humano, homem coerente, justo, agia sempre pensando e não por instinto ou na ânsia de satisfazer algum desejo. Sabia bem que frases como "Tem que fazer o que está em seu coração!", "Eu falo o que eu penso!", "Não se reprima, realize seus desejos!" não eram nada mais que fúteis justificativas para o comportamento "animal" e "instintivo" do bicho homem refinado, já que todo mal existente hoje é fruto de muitos que "fazem o que está em seu coração" ou apenas "realizam seus desejos". Não dado a vícios de qualquer natureza, Joel cresceu em família religiosa, que o fez entender a verdadeira natureza espiritual de um ser humano, sendo extremamente feliz assim, pois tinha controle sobre si mesmo, dominava seu "animal" e era o senhor de si próprio. É como dizem, dominar o mundo pode até ser fácil, difícil é dominar a si mesmo.

Com tantos atributos, Joel possuía um bom emprego e não demorou muito para se destacar, tornando-se gerente de um departamento em uma grande empresa. Era o mais jovem gerente da história daquela empresa. E claro, isso gerava inveja dos outros "animais", que com seus mantras "realize seu desejo!", tentavam puxar-lhe o tapete. No entanto, Joel era melhor que todos eles, superior em tudo e nada era capaz de interromper seu progresso.

Como era de se esperar, Joel tendo um senso de família bem arraigado, encontrou sua parceira perfeita para formar sua própria família. Lúcia partilhava das mesmas idéias e aspirações, era tão dona de si mesma quanto Joel. Amavam-se imensamente, tudo era perfeito. Após alguns anos de namoro finalmente uniriam-se em matrimônio. Mantiveram seus desejo sob controle, e guardaram-se um para outro até o dia de seu casamento.

- Fique calmo Joel, nada pode dar errado agora! - No altar, João, amigo de infância de Joel e padrinho, tentava acalmar o nervoso noivo.

- Espero que não! Porque noivas tem que atrasar? - Joel aguardava no altar, as mãos suavam de ansiedade.

- Ora, se ela não se atrasasse não seria noiva! - Replicou Antônio, o outro padrinho.

Joel batia o pé no chão, secava a molhadas mãos na roupa, fazendo pequenas manchas úmidas aparecerem na roupa.

- Use isto! - Rosana, namorada de João entregou-lhe um lenço.

- Obrigado!

A noiva estava atrasada sim, mas apenas 20 minutos. Ainda não era um atraso digno de uma noiva.

- Pai, não é melhor ligar para o seu Norberto e ver se está tudo bem?

- Calma meu filho, sua noiva vai chegar, não se desespere, seu sogro vai trazê-la sã e salva.

Quarenta minutos já se passara, a demora tornara-se desconfortável para todos.

- Chega logo, chega logo... - Joel dizia baixinho para si mesmo.

Uma hora e vinte minutos se passara.

- Pai, por favor liga para meu sogro?

- Ok, vou ligar, talvez tenham tido um contratempo. - Disse o pai de Joel sacando o celular e discando os números - Caiu na caixa postal... Vamos ter que aguardar um pouco mais. Tenha calma.

Uma hora e 40 minutos se passara.

- Não é possível alguma coisa deve ter acontecido! - Joel já não conseguia mais se acalmar.

- Calma, ja vi noiva atrasar 2 horas, eu fui uma delas! - A mãe de Joel tentou acalmá-lo.

- Alguma coisa não está certa, não está! - Joel continuava inconformado.

Duas horas se passara. Houve uma movimentação na entrada da igreja, Joel aliviou-se, pensando ser sua noiva chegando. No entanto, pela expressão das pessoas, via-se que era algo inesperado. Entrou pela porta dois policiais, e agora Joel estava certo de algo tinha dado errado. Correu até os homens fardados e perguntou-lhes em tom de súplica:

- O que aconteceu com minha noiva??? O que houve???

- Desculpe informar Sr. Joel, mas o veículo onde sua noiva estava sendo trazida sofreu um acidente. - De forma crua o policial deu a notícia.

- Como assim acidente?!

- Um outro veículo, sendo conduzido por um motorista alcoolizado bateu de frente com o veículo de sua noiva.

- Não! E como ela está?!

- No impacto, sua noiva estava no banco de trás e sem o cinto, o corpo dela foi projetado contra o pára-brisas que quebrou-se e lançou-a para fora do carro. Sinto dizer-lhe, mas sua noiva sofreu morte imediata.

-Não é possível... - Joel caminhou para trás, tropeçou em uma onda do tapete vermelho que levava ao altar e caiu sentado no chão. - Não!!! - Um alto e terrível grito de dor ecoou dentro daquele local, a revolta, tristeza e dor fora sentida por cada pessoa ao qual a voz de Joel penetrou os ouvidos.

Tudo acabara naquele momento, nada parecia real, Joel parecia estar vivendo um pesadelo, sentia-se como um drogado, quando nada faz sentido e o mundo ao seu redor não parece real. No entanto, aquilo era muito real. Algumas pessoas tentaram ajudá-lo, mas não era possível, nada podiam fazer, aquele homem, de certo modo, morrera naquele instante, ou melhor fora morto por alguém que estava "realizando seus desejos".

A semana seguinte foi torturante, uma depressão abateu-se sobre Joel. No entanto, ele era forte, tinha a mente muito boa para passar por essa situação. E apesar da enorme tristeza, decidiu que o melhor que tinha a fazer era voltar ao trabalho e dedicar-se a isso. Trabalho não faltou, os dias em que se ausentou devido a tragédia fez muita coisa acumular-se.

Após alguns dias, Joel sentiu-se grandemente atormentado por uma de suas funcionárias, simplesmente pelo fato desta moça ser muito parecida com sua falecida noiva. Seu nome era Laura, tinham o mesmo aspecto físico, e cada vez que Joel a olhava era como ver sua amada. Tanto foi o incômodo que acabou despedindo a pobre moça.

Não importava o quanto Joel tentasse escapar, sua tristeza e revolta cada vez mais ganhava seu espaço e aquele homem, exemplo de conduta e vida sadia rasgara o véu da sanidade, passando para o lado da loucura. Passou a beber, coisa que nunca havia feito em toda sua vida, nem um única gota de álcool poluíra seu corpo em nenhum momento, e agora o invadiam como grandes enchentes. Muitas vezes estando bêbado, foi roubado por companheiros de bebida, entregou-se a mulheres sem nem mesmo lembrar delas no dia seguinte. Acordou várias vezes ao relento, e por fim, acabou afastando família, amigos e perdeu trabalho, no entanto possuía muito dinheiro, economias que fizera para seu casamento, e com este dinheiro, financiava suas loucuras.

No auge de sua loucura e bebedices, Joel avistou Laura um certo dia, a moça que parecia com sua Lúcia. Tão entorpecido estava Joel, que correu atrás da moça, chamando por Lúcia. Laura fugiu, sabia do problema de Joel, apenas fugiu, afinal era só um bêbado. Joel porém, mesmo sem o efeito do álcool, acabou por obter algum tipo de obsessão sobre a moça. A memória de sua amada era tão forte que ele fantasiava exageradamente que de alguma forma Laura fosse sua Amada. Espreitava a casa da moça, as vezes a seguia. Joel não era perigoso, apenas queria vê-la, era como se estivesse vendo Lúcia, dessa forma conseguia anestesiar-se de seu sofrimento crescente.

Perdido em lugares ermos, afastados da cidade, encontrou-se numa favela. Estando mais uma vez bêbado, estava caído num beco qualquer. Uma senhora do local, vendo que Joel lá jazia, notou que ele não parecia como os milhares de bêbados que tinha naquele local e estava acostumada. Joel era bonito, o corpo não estava feio e deformado por causa de bebida, estava bem vestido. A mulher idosa então decidiu ajudá-lo, pensou que talvez pudesse ser algum rico extravagante que ficou perdido por lá, se ela o ajudasse, talvez conseguisse alguma recompensa.

- Onde estou? - Joel acordou sobre uma cama, com roupas limpas.

- Finalmente acordou, achei que tinha entrado em coma!

- Quem é a senhora, porque estou aqui?!

- Calma meu rapaz. Você estava caído ai fora, bêbado. Aqui não é um lugar seguro para você ficar por aí desta forma. Você me lembra meu filho, resolvi ajudá-lo.

- Ah... Obrigado... Bêbado mais uma vez...

- Mais uma vez? O que houve com você?

- Minha vida acabou... Nada restou para mim...

Joel então contou toda sua história para aquela senhora, que apresentou-se como Maria dos Espíritos, tinha esse nome, devido a sua atividade profissional ser bastante peculiar.

- Acho que posso ajudá-lo meu rapaz...

- Você...? Acho que não... Ninguém pode me ajudar, ninguém pode trazer minha Lúcia de volta.

- Não posso trazê-la de volta fisicamente, mas posso colocar você em contato com ela.

- O que, isto não é possível! - Por um instante Joel lembrou-se de todos os ensinamentos que tivera, que tais coisas não eram boas, e que ele devia manter-se afastado.

- É sim meu caro, vejo que você precisa muito falar com sua Lúcia, e acho que ela também.

Joel não raciocinou muito, afinal, o que tinha a perder?

- Tudo bem, tudo bem! Como faz?

- Venha comigo.

Maria dos Espíritos conduziu Joel até uma sala reservada. Esta sala era seu local de trabalho, uma sala escura, com velas iluminando o local. Uma velha mesa pequena e quadrada ficava no centro. Sentaram-se nesta mesa ambos, um de frente para o outro. O pequeno cômodo tinha um clima extremamente pesado, as paredes eram todas recobertas por estátuas de santos, demônios e outras coisas, uma mistura curiosa.

- Feche os olhos Joel, e me de suas mãos.

Ele obedeceu. E Maria dos Espíritos fez o mesmo, fechou os olhos e começou a falar.

- Abram-se os portões do mundo infinito! Invoco neste momento o espírito da noiva desta rapaz. Lúcia venha até nós!

A mulher repetiu essa mesmo frase cinco vezes. Joel, nunca participara de nada do gênero, sentiu um arrepio na espinha. Sentia-se ridículo as vezes, no entanto, a ânsia de querer falar com Lúcia fazia-o continuar naquela situação.

Joel sentiu algo, era a mesa tremendo. Assustou-se de início.

- Calma meu rapaz, deve ser sua Lúcia chegando...

- Lúcia!

- Fique em silêncio...

Um frio e gélido ar cortou o local, a atmosfera do local antes pesada tornara-se agora insuportável, algo tinha mudado, algum ser do mundo invisível encontrava-se ali e sua presença era notada. Joel chegou a sentir náuseas, não compreendia o que estava acontecendo.

- Joel... - Uma voz feminina foi ouvida.

Joel abriu os olhos, olhou em volta, nada viu, apenas Maria de olhos fechados bem a sua frente, parecia em transe.

- Joel... sou eu.

- Lúcia! É você?!

- Sim meu amado... sou eu...

- Lúcia... - Joel começou a chorar como uma criança.

As lágrimas molharam a velha mesa, Joel parecia ter reencontrado sua amada.

- Lúcia... Eu te amo tanto... porque tinha que me deixar!

- Também te amo Joel... Não queria partir, queria viver para sempre com você!

- Por que isso aconteceu conosco? Por que?!

- O mundo é cruel meu amor... Mas meu amor por você é maior que todo esse mal...

- Quer que eu me junte a você?! Faço isso agora! Apenas diga que poderei ter você novamente. Minha vida aqui não tem mais valor.

- Não meu amado... não desejo que você morra... tenho uma idéia melhor para ficarmos juntos...

- Qual?! Como podemos ficar juntos?!

- Não quero que você morra, mas quero que você me ajude a viver novamente...

- Viver novamente?! Isso é possível?!

- Sim Joel... É possível, e podemos ficar juntos e nos unir para sempre.

Joel ao ouvir isso, sentiu grande alegria, apesar das lágrimas seu coração iluminou-se com esperança.

- Posso ter um corpo novamente Joel, posso ser de carne e ossos e finalmente ser sua... Você precisa escolher alguém, a pessoa que desejar, para tornar-se meu novo corpo.

Joel imediatamente pensou em Laura, a moça tão parecida com sua amada.

- Sim! Sim! Mas o que acontece com a pessoa...?

- Infelizmente apenas um pode ocupar o corpo... a pessoa irá morrer, vir para onde estou...

- Mas...

- Não pense sobre isso... pense como o mundo foi injusto conosco... as pessoas lá fora estragaram nossa vida e felicidade... não pense nelas, apenas realize seus desejos... e seja feliz... comigo...

- Sim meu amor... sim...

- Esta mulher possui o que você precisa, explique o que eu pedi, ela deve recusar... mas ofereça dinheiro e ela vai te ajudar... preciso ir... espero vê-lo em breve...

- Lúcia!

A voz cessou e a nauseante sensação passou. Maria dos Espíritos acordou de seu transe.

- O que houve aqui? - A mulher perguntou ainda abrindo os olhos.

- Eu falei com ela! Falei!

- Ah, que bom! Está melhor agora?

- Sim! Ela disse que podemos ficar juntos, que ela pode ter um corpo para ela. Disse que você ia me dizer o que fazer!

- O quê? Está maluco? Tem noção do que está fazendo?

A mulher continuou a falar, dando um sermão em Joel, até ele interrompê-la.

- Eu tenho dinheiro. Pago muito bem para me ajudar!

Imediatamente a expressão da mulher alterou-se, agora sorria como uma simpática vendedora, ávida por suas comissões.

- Tudo o que precisa fazer é desenhar estes símbolos em algum local da casa da pessoa que você escolheu. - A mulher entregou um papel com os estranhos desenhos - Está pronto para sacrificar a vida desta moça que escolheu?

- Sim! - Joel respondeu sem titubear

- Então faça o pacto de sangue. - Maria pegou o dedo indicador de Joel e espetou com uma agulha, o sangue veio a tona.

- Ai! - Joel sentiu a picada da agulha.

Maria dos Espíritos desenhou um estranho símbolo na mesa com o sangue de Joel.

- Pronto, está feito. Logo terá sua amada de volta. Após desenhar os símbolos, volte na casa na noite seguinte e aguarde no portão. A moça irá sair para fora, e esta será Lúcia.

- Só isso?!

- Sim... Deixe o dinheiro nesta mesa, e nunca mais me procure.

Joel deixou tudo o que tinha na carteira, e ainda assinou um gordo cheque, que fez a mulher sorrir ainda mais. Entusiasmado com o que vira e fizera, não pensou em nada, não se importou com as consequências, apenas queria fazer o que estava em seu coração, ficar com Lúcia, porque o amor não é mal.

Aguardando o anoitecer, Joel dirigiu-se a casa de Laura e lá ficou rondando por um tempo. Após a meia-noite, o local ficou deserto, era o momento para Joel fazer sua arte. Dirigiu-se até o muro da casa, e discretamente desenhou os símbolos. Ao terminar, voltou para casa, sentindo-se como no dia anterior ao seu casamento, quando preparava todas as coisas para o dia mais feliz de sua vida, estando a poucas horas de estar com seu amor.

Joel não conseguiu dormir de tanta ansiedade, no dia seguinte aguardou o anoitecer e foi até a casa de Laura novamente. Ficou olhando para a casa, a alguns metros de distância. Sentia-se como no altar, naquele fatídico dia, aguardando impacientemente sua noiva, sim, aquele era novamente o momento de seu casamento, e nada iria impedi-lo.

- Que demora! - Joel mais uma vez tinha as mãos molhadas de suor e batia os pés.

E o momento que Joel aguardava finalmente aconteceu. A porta da casa se abriu, e de lá saiu Laura. Estava escuro, Joel não conseguia ver muito bem, mas sabia que era ela. Laura caminhava em sua direção e quando passou sob o feixe de luz do posto, Joel notou que algo estava errado.

- O que houve...? - Perguntou a si mesmo, aguçando os olhos para ver melhor Laura, ou melhor, Lúcia.

Para espanto de Joel, a moça estava com a boca e mãos cobertas de sangue. Sua expressão não era nada angelical e doce como a de Lúcia, pelo contrário, era uma expressão terrível e demoníaca. Os finos lábios expressavam um sorriso enigmático e irônico.

- Alguma coisa não está certa, não está! - Joel estava inconformado mais uma vez.

Para terror de Joel, quando sua amada se aproximou, tinha nas mãos uma cabeça humana. Aquele ser acabara de assassinar alguém naquela casa. Joel ficou em choque, com olhos arregalado, não conseguia entender o que estava acontecendo.

- Oi meu amor... - A voz era de Lúcia, no entanto ela falava com um tom zombeteiro - Obrigado por me dar um corpo!

- O que aconteceu...? O que você fez...?

- O que eu fiz? Eu nada, mas o que você fez?

- Eu... quis te trazer de volta... como combinamos... vamos ficar juntos...

- Vamos sim... nossa carne será como uma... quando sua carne estiver no meu estômago! - A criatura avançara sobre Joel.

- Não!!! - O grito de Joel pode ser ouvido a muitos metros de distância.

Joel correu o quanto pode, não sabia o que pensar, o que fazer, não compreendia nada. Talvez devesse ter ouvido sua consciência quando disse que aquelas coisas deviam ser evitadas, que eram perigosas. Aprendera tudo o que era correto sua vida inteira, mas deixara tudo de lado, para apenas realizar seu desejo... Correndo pelas ruas e perseguido, chorando, chorando muito, sua tristeza se multiplicara. Cambaleando e tentando manter-se de pé, num estalar de dedos sua vista apagou-se quando um enorme caminhão o atropelou em cheio, fazendo-o voar a muitos metros de distância. Não vendo nem sentindo nada ao seu redor, era a morte que vinha buscá-lo...

- Aqui! Aqui! - Uma voz familiar foi ouvida ao longe.

Joel então viu uma luz na escuridão e nessa luz viu a figura de sua amada.

- Lúcia! Lúcia! Estou aqui! Agora você vai ficar comigo?

- Meu amor, meu amor! Porque tinha que fazer isso?

- Eu só quis fazer o que estava em meu coração, ficar com você!

- Depois de tudo o que aprendemos a vida toda... como você pode ser tão tolo?!

- Eu só fiz o que você me pediu...

- Não era eu Joel... não era...

- Como assim...

- Acha que é simples assim... agora meu coração está dilacerado... nunca mais poderemos ficar juntos... você não pode ir comigo...

- Por que não???

- Porque você vai comigo "meu amor". - Uma voz grossa e perturbadora foi ouvida.

- Quem é você?! - Joel estava muito atemorizado, não sabia se pelas palavras de Lúcia ou se pelas palavras deste ser maligno que se apresentara.

- Sou eu, sua Lúcia, hahahahah - Em tom zombeteiro, a voz ficava mais alta e clara. - Você vem comigo!

Uma sombra encobriu Joel, a luz que via e a bela imagem de sua amada se apagara.

- Lúcia! Por que?! - Joel ficou desesperado, sentindo que estava sendo levado para longe.

- Meu amor... você mais do que ninguém... sabia... que os mortos, devem permanecer mortos... - E estas foram as últimas palavras de Lúcia para seu amado Joel.

LeoLopes
Enviado por LeoLopes em 11/03/2010
Reeditado em 12/03/2010
Código do texto: T2133155
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