A Viúva Negra

Kevin e Sean eram amigos desde a adolescência. Cresceram e tornaram-se homens bonitos e bem sucedidos. Kevin era o mais tímido dos dois, muito reservado. Sandra, sua ex-namorada, o deixara porque ficara cansada da monotonia do rapaz. Dizia que ele era muito careta e chato, pois não era dado a farras e bebedeiras, diferentemente dela, que era uma mulher ativa que adorava uma noitada. Kevin estava na maior deprê e por isso seu grande amigo Sean decidiu leva-lo amigo a um bar super agitado, com muita música e lindas garotas. Sean, ao contrário do amigo, era um legítimo “pegador”. Vivia com uma e com outra, sem querer nada sério. Recentemente, havia despedaçado o coração de uma virgenzinha que, apaixonada, se entregara ao boêmio de corpo e alma. Logo em seguida, a moça o viu “muito íntimo” de uma mulher fatal, e o canalha nem se incomodou em parar o “trabalho” e ir se explicar com a virgenzinha maculada, que àquela hora corria aos prantos pelas vielas de Manhattan, tentando esconder sua vergonha.

Naquela noite, após o expediente, os belos rapazes de vinte e cinco anos foram para aquele bar no centro da cidade. Muita gente bonita, música, agito e bebida a vontade. Numa mesa, encontraram os amigos Paul, Michael e Tom, e foram se sentar com eles.

- Olha só, mas esse não é Kevin Stewart? – assombra-se Tom, o mais atrevido do grupo – O comportado Kevin freqüentando esse humilde puteiro? Ha!

- Olha a boca suja, Tom! – Sean finge-se bravo, e logo dá uma risadinha maliciosa – Essa é uma casa de muito respeito!

Kevin cumprimenta os colegas e se senta. Em pouco tempo, os cinco homens conversam animadamente. Riem alto, pedem drinques. Kevin é mais reservado, rindo baixo, sem assuntos. Sean se levanta e diz aos companheiros:

- Senhores, me dêem licença, mas é hora de ir à caça, ok? – dá uma piscadela e olha para a pista de dança onde lindas garotas dançam descontraidamente. Os três companheiros riem. Sean sai todo confiante, se achando “o cara”.

O rapaz alto, de porte atlético e caminhar malandro chega à pista de dança esbanjando seu charme para uma bela loira que dança sensualmente. De repente, Sean tem sua visão bloqueada por um negão que chega abraçando a beijando a mulher, que ri muito. Sem graça, o playboy mira em outra direção e vê duas beldades totalmente entregues ao ritmo. Ele se aproxima babando, mas se surpreende ao ver as duas moças se atracarem num beijo voraz.

O garanhão frustrado já se prepara para deixar a pista. Então, uma bela dama vestida de negro surge a um canto, iluminada pelas luzes travessas do lugar. Ela vem caminhando sensualmente em sua direção, como uma felina. Altiva, confiante, um sorriso ligeiramente depravado. Seu longo cabelo escuro desce numa cascata impecavelmente lisa que emoldura o rosto vamp, de tez muito branca, contrastando com uma boca carnuda e vermelha. O colo branco e generoso salta do decote negro, a cintura minúscula acompanha o movimento sinuoso dos quadris curvilíneos. Suas pernas torneadas conduzem o corpo esbelto em direção ao enfeitiçado macho a sua frente, que se concentra em tudo nela, da cabeça aos pés pequeninos, calçados numa atraente sandália de salto que exibem unhas pintadas de vermelho-sangue.

Sean está estupefato com aquela beleza. A moça se aproxima dele, sem desviar-lhe os penetrantes olhos verdes de pantera. Com uma voz rouca e sensual, o convida a uma dança.

Os dois dançam sensualmente, interagindo fisicamente no ritmo sexy que agora toma conta do ambiente. Seus olhos não desgrudam um do outro. Sean está hipnotizado.

A moça chega bem perto do rapaz e, passando a língua delicadamente no lóbulo da orelha dele, faz uma proposta irresistível:

- Que tal irmos a um lugar mais reservado?

Sean não pensa duas vezes. Pega a moça pela mão e se prepara para sair, mas antes, vai à mesa dos companheiros para se despedir.

- Pessoal, fisguei uma gata alucinante ali, vocês não fazem ideia! – ele se gabava - Sinto muito em deixar a agradável companhia de vocês...

- Aaaaaaaaaaaaahhh!!! – os homens fingem desapontamento. Kevin, porém, se levanta e diz que também vai embora.

- O que é isso cara! – diz Tom, puxando-o de volta para a cadeira – Fica mais um pouco! Agente arranja uma gata pra você também!

- Ééééééééééé! – os outros dizem em coro.

Encabulado, Kevin fica. Sean já vai longe.

*****

No decorrer daquela noite, todos os homens da mesa já estavam entregues a braços femininos na pista de dança, exceto Kevin. Quando Paul chegou aos beijos com uma garota e sentou-se com ela, Kevin saiu corado, dizendo que ia só buscar uma bebida. Dirigiu-se ao balcão, morrendo de vontade de ir embora, mas sem querer decepcionar os companheiros.

No balcão, um simpático velhinho, carequinha, sentado num banco no balcão, tinha sua cabeça baixa, ao passo que observava uma foto. Parecia muito triste.

Kevin pediu uma cerveja. Voltou a olhar para o idoso e percebeu que este, parecia chorar.

- O senhor está bem? - o moço perguntou, achando que era a coisa mais idiota a ser perguntada a um senhor naquele estado. Era óbvio que havia algo errado. O senhor olhou para o rapaz e, com olhos marejados, começou a contar suas mazelas.

*****

Sean se divertia com a sedutora dama num motelzinho de quinta categoria que ficava ali perto. A moça lhe fazia um strip-tease. Estava só de lingerie e salto alto e ao som da música, movimentava o corpo sensualmente. Sean não se conteve de excitação e agarrou a garota, derrubando-a na cama. Ela ria, exibindo seus dentes alvos e perfeitos. Sean beijava cada parte de seu corpo, com avidez. Arrancou seu sutiã e pôs-se a sugar-lhe os seios. A moça ria sem parar, como uma menina travessa.

- Nossa, eu nem perguntei seu nome! – Sean está ofegante.

- Pode me chamar... de Bella.

- Bella... um belo nome pra uma bela dama... Oi Bella, sou Sean! – ele dizia, já tirando as sandálias da moça. Beijava suas pernas e ia subindo. Fui arrancando a minúscula calcinha de rendas com os dentes. As coisas começaram a esquentar... Mesmo em meio àquela excitação, Sean lembrou-se de algo importante:

- Espera um pouco, vou pegar a camisinha...

Bella prontamente o agarrou e com sua voz sussurrante e embargada de desejo, suplicou:

- Não, não... Não saia daqui! Está tão bom...

Ainda mais empolgado, Sean não se fez de rogado e se entregou aos prazeres da carne com aquela beleza que estava implorando por suas carícias. A possuiu de todas as formas, realizou todas as suas fantasias. Mesmo depois de tombar exausto para um lado, ela insistiu e por fim, ele se viu sendo cavalgado por aquela felina no cio.

*****

No bar cheio de fumaça e gente embriagada, Kevin contava aos colegas a história que ouvira do melancólico senhor que deixara o bar minutos antes.

- Meu! Vocês acreditam que aquele pobre e infeliz idoso que estava ali comigo é um milionário!

- Putz! Então, por que tanta deprê? – Tom está atônito.

- Ele contou que vivia feliz, fazia o melhor por sua família. Trabalhava em sua multinacional, mal tendo tempo pra família. Mesmo assim, não deixava de pensar nela um só momento. Dava a vida por sua filha única, uma jovem linda e inteligente. Mas a garota começou a ter hábitos pouco louváveis. Entregava-se a bebedeiras, farras e promiscuidade. Com o tempo, passou a se sentir mal. Procurou um médico e recebeu a terrível notícia de que era soropositiva.

- CARALHO!!! – Tom arregala os olhos.

- É isso aí – prosseguiu Kevin – a menina tinha AIDS e do jeito que vivia, não demoraria a morrer. Parece que procurou um dos seus vários amantes, o que provavelmente a havia infectado, mas o sujeito já estava morto devido à doença. Sem poder se vingar diretamente, a garota se revoltou de tal modo que expandiu sua vingança a uma proporção maior: contra todos os homens que cruzassem seu caminho. Começou a sair de bar em bar, oferecendo-se a homens desavisados em busca de sexo fácil.

Tom, que estava com uma moça no colo, chocado, enxotou a garota:

- Vixi, sai daqui baranga!

A moça, revoltada, saiu xingando:

- Seu grosso! Imbecil... – e saiu furiosa, indo choramingar no ombro das amigas, que o observavam ao longe, indignadas.

- Eu hein! Por isso que ela tava toda assanhada, meteu a mão no “garotão” e quase deu pra mim ali na pista de dança, eu juro! – dizia o rapaz, fazendo caretas cômicas ao passo que se lembrava dos fatos.

- Caramba, então quer dizer que esse senhor vive peregrinando de bar em bar pra alertar o pessoal? – perguntou Michael, muito impressionado com a história.

- Exato. – continuou Kevin – Ele não só avisa aos outros, como procura pela filha, tentando detê-la. Olha, ele até me deu uma foto.

Os rapazes agarraram a foto da mão de Kevin.

- Ô meu, porque não mostrou a foto antes!? – Tom reclama. – Puta que te pariu...

- Cacete, é uma loirinha muito gostosa mesmo... – Paul contemplava a foto de uma jovenzinha loira, bem branquinha e de olhos verdes. – E que boca apetitosa...

- É, por fora, bela viola... – filosofava Michael.

*****

Sean acordou. Procurou o corpo quente ao seu lado, mas deu de cara com a cama vazia.

- Que bosta! – praguejou, ainda sonolento – Mas que importa, essa foi a melhor foda da minha vida, hehehehe. Tô todo quebrado...

Levantou-se, foi ao banheiro. Ao olhar para o espelho, quase não pôde acreditar naquela terrível frase, escrita com o mesmo batom vermelho que havia corado os lábios voluptuosos que lhe deram tanto prazer horas antes:

“Bem vindo ao clube da AIDS.”

Dama dos Mistérios
Enviado por Dama dos Mistérios em 03/03/2010
Código do texto: T2117612
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