O que pode ser isso? (miniconto)
Olhos assustados, questionadores colam na vidraça. O bafejar tira o brilho do vidro. O que acontece lá fora? Como pode ser tão terrível e inexplicável? Onde e como está a sua família? E os seus vizinhos? Rói as unhas. Um fio de sangue escorre pelo canto dos lábios. O chão começa a ficar úmido. Os seus pés gelam. Desaprendeu a rezar. Um choro convulsivo toma conta de todo o seu corpo. “Homem não chora”. Ouve o seu pai chamar a atenção pelas suas lágrimas. Mas, está sozinho. O medo o alucina. Despreza a todos pela situação em que se encontra. As pernas tremem. Como a vida de todos pode chegar a este ponto. Sobe na mesa para ficar mais no alto. Esta refém na própria casa. O que fazer? Um cadáver passa boiando. Onde era o seu jardim um corpo está em decomposição. A correnteza leva tudo que encontra pela frente. As ruas virarão rios. São Paulo está ilhada.
Saudades da São Paulo da minha infância, onde passava as férias nas casas dos meus avós Adão da Costa e Irene Giubbina da Costa na Chacara Santo Antônio divisa com a Granja Julieta. O marco hitórico da minha infância é a estátua do Borba Gato, esculpida por Julio Guerra e plantada no canteiro na confluência das avenidas Adolfo Pinheiro e Santo Amaro.
A estátua do bandeirante Borba Gato tem 12,5 metros de altura e pesa 30 toneladas. É inteiramente montada em pedra de mármore, o que a classifica como mosaico tridimensional, já que os diversos tipos de mármore definem as feições e o vestuário de Borba Gato.