O corvo
Desde sua infância, quando se conheceu por gente vinha notando algo estranho.
Toda vez que alguém falecia ele tinha um sonho estranho noites antes.
No sonho ele sempre via um corvo que vinha voando e se acomodva sobre a casa da vítima, e ficava ali desde a tarde e só sai voando depois da meia noite.
E todas as vezes que sonhava, uma pessoa que morava na casa falecia.
Foi assim com sua bisavó, com dois primos, seus tios e outros tantos que viviam naquele vilarejo.
Em seus sonhos o corvo sempre o olhava fixamente antes de sair como se o safiasse a enfrentá-lo.
Ele fixava os olhos no corvo que voava triunfante.
Sempre.
Seus pais se foram também.
Sempre teve medo de sonhar com o corvo sobre sua casa, pois só ele residia lá agora.
Mas ele sabia que esse dia chegaria.
E chegou.
Mas o sonho foi diferente.
Quando o corvo cravou os olhos nos seus, ele gritou antes que ele levantasse voo:
-Você é a morte? Porque aparece em meus sonhos?
Porque? Porque? Que te fiz???
O corvo abaixou as asas, e mesmo sem falar transmitiu a resposta:
-Sim sou, e porque demorou tanto pra me perguntar isso?
Estou cansada e preciso passar meu cargo a você.
Esperava por esse dia.
E se transformou em uma pomba e levantou voo.
E ele agora estava sobre outro telhado.
Olhando fixamente para outra pessoa.
Sabia que muito tempo levaria até alguém falar com ele.
Tinha de ser assim.