Itália - parte II
As águas calmas do rio Tronto ( Truentum ou Truentus – latim) foi levando a pequena jangada pelos vilarejos do interior da Itália até chegar em uma pequenina vila um lugar encantador com lindas igrejas e suas naves proféticas com seus lugares históricos. Foi nessa vila que a pequena jangada aportou, em meio aos caixotes e cestas poder-se ia perceber uma pequena movimentação nos lençóis que envolvia o corpo de Elvira, a doce dama acordava da vida de pesadelos que até então havia sofrido, para uma nova que a esperava ansiosamente. O sol brilhava no céu e o dia era o mais encantador possível, enquanto despertava se ajeitando na jangada tentando entender o que se passava o vento soprava seus longos cabelos trazendo os frescor da manhã misturado com o aroma de flores de jasmim de jardins próximos que havia por ali. Olhava para si vendo seu vestido simples, todo ensangüentado sentindo no rosto as dores provocada pela maldade humana, procurava relembrar os últimos momentos, confusa olhava para jangada viu os pertences de casa mas nada que fosse de seu uso pessoal. Foi então que por dedução imaginou que havia sido expulsa de casa com praticamente a roupa do corpo, pensou que os poucos pertences seria ainda devido a benevolência de seu tio que sempre a tratou com carinho. Começou a revirar as cestas tentando ver o que ela poderia utilizar para se limpar e encontrou um pedaço de sabão o qual ela usou para lavar as roupas enquanto se cobria com o lençol que havia sido usado como sudário para ela. Assim que prendeu a jangada na beira do rio e estendeu suas roupas agora limpas na grama para secar, começou a olhar ao redor para ver por onde ela poderia começar a buscar abrigo e trabalho. Horas depois vestida e munida dos poucos pertences Elvira que encontrara em uma pequena cestinha algumas liras imaginou que eles seriam o suficiente para começar sua nova vida. A vila era simplesmente graciosa como uma linda pintura de um grande e talentosíssimo artista as suas ruas encantadoras não eram estreitas como as outras cidades da Itália ou Europa eram largas belas cheias de flores com árvores e jardins de tirar o fôlego de qualquer pessoa, a impressão que se tinha de que tudo aquilo não passava de um sonho de tão irreal que a cidade demonstrava ser, enquanto percorria as ruas da cidade olhando para os moradores daquele lugar algo de estranho e medonho perturbou a mente de Elvira o vento começava a soprar de uma maneira estranha e muito sutil, nada parecido com o que ela tinha sentido antes, era um vento doce e estranhamente maudoso ao mesmo tempo é como se fosse almas e não ventos que a abraçasse ao ter essa idéia medonha um arrepio percorreu-lhe a espinha deixando a temerosa de estar em um lugar tão encantador e ao mesmo tempo tão estranho. Ficou imaginando que lugar seria aquele onde ela se encontrava, conforme a jovem andava pela rua a procura de um algum lugar para ficar e trabalhar avistou ao longe algumas carruagens “estacionadas” em frente de um estabelecimento que ela deduziu ser alguma estalagem ao se aproximar foi recepcionada logo na entrada por um rapaz de mais ou menos uns trinta anos, ruivo de olhos verdes, magro com um sorriso malicioso e de pele branca e sardenta:
- Bom dia linda senhorita! Seja bem vinda a estalagem da vila San Giovanni! Me chamo Lucas em que posso ajudá-la? Perguntou o rapaz com um ar malicioso no rosto.
- Bom dia! Então é esse o nome da vila ...(refletiu consigo mesma).Preciso de um lugar para ficar por alguns dias. Respondeu Elvira ignorando o olhar do rapaz.
- Então veio ao lugar certo! Temos vagas para lindas senhoritas como você, por quanto tempo pretende ficar? E aproposito qual é a sua graça? Curiosamente instigou o rapaz.
- Me chamo Elvira e não sei ao certo quanto tempo ficarei por aqui, é provável que seja por pouco tempo. Quanto é a diária por favor? Já sem paciência perguntou Elvira.
- Nada que um lindo sorriso e dez liras não pague por uma semana de estadia. Insistiu Lucas.
- Está aqui suas dez liras! Espero que seja o suficiente para não ser incomodada enquanto eu estiver por aqui! Com a cara fechada e de não muitos amigos Elvira retrucou.
- Como a senhorita desejar! Cinicamente Lucas respondeu.
Lucas fez sinal para que Elvira o seguisse para lhe mostrar qual quarto ela ficaria. Enquanto caminhavam até o quarto Elvira observava a pequena estalagem o corredor era longo o chão feito de pedras batidas nas paredes haviam alguns quadros com pinturas de lugares estranhos e pessoas com ares austeros o que começava a incomodar, pois a impressão que se tinha era a ser observada por aqueles quadros. Assim que chegaram no quarto Lucas entregou a chave para Elvira e com um olhar nada decente disse a jovem:
- Se precisar de alguma coisa é só me chamar! Qualquer coisa mesmo!!! Com um sorriso malicioso foi se afastando e deixando Elvira se acomodar.
- Obrigada! Mas creio que não vou precisar de mais nada! Irritada com a impertinência do rapaz respondeu batendo a porta na cara do jovem.
Não havia luxo no quarto, apenas uma cama, uma pequena mesinha com cadeira e um candelabro, da janela dava para ver a movimentação lenta da rua e o caminhar de seus transeuntes. Sentou na beirada da cama suspirou fundo e pensou que era agora ou nunca para que a sua vida pudesse mudar. Longe de casa e das pessoas que ela havia amado ainda que não tivesse sido amada o que óbvilmente não incluiria o seu terno tio Anastácio, era o momento ideal para correr atrás dos seus sonhos. Ali ninguém a conhecia nem saberiam de seu passado, era perfeito para recomeçar. Com esses sonhos e pensamentos Elvira dormiu estendida em sua cama e com seus pertences caídos ao pé. Alguém bate na porta com os punhos cerrados e Elvira acorda assustada e desorientada pensando quem poderia ser, olha para janela percebe que o dia se foi sem que ela pudesse conhecer mais sobre a linda vila de San Giovanni, levanta apressada tropeçando nos pertences caídos pelo chão tendo como iluminação a luz da lua cheia, quando leva a mão para abrir a tranca da porta um calor e um arrepio incendeia a sua alma. Ela se detém por alguns instantes mas toma coragem para abrir a porta, lentamente ela puxa a trava e com o próprio peso a porta se abre deixando aparecer o importunador. Parado na porta está Lucas com um candelabro na mão esquerda e com o sorriso indecente nos lábios, pergunta:
- Por acaso eu acordei a bela senhorita do seu sono de beleza? Me perdoe pelo importuno, eu apenas vim avisar que o jantar está servido. Lucas informou com um olhar fulminante.
- Obrigada por me avisar, desço em seguida. Cansada de ser paquerada Elvira respondeu.
- Não demore senão o jantar vai esfriar.
- Não vou.
Acompanhando-a com os olhos Lucas foi se afastando do quarto de Elvira em direção a “sala de jantar”, irritada Elvira bate a porta é quando percebe que está sem nenhuma luz no quarto. Corre para acender o candelabro e percebe que não está só, tomada de pavor ela gira o corpo rapidamente para atrás para ver se consegue discernir alguma coisa que a pouca luz da lua lhe permite enxergar. Não vê nada apenas sente, sente alguém de pé em sua frente como se quisesse lhe tocar, lhe abraçar e até mesmo beijar, o desespero toma conta do seu coração, sem entender o que se passa naquele lugar sai apressadamente do quarto rumo a sala de jantar. Estão todos sentados conversando rindo e bebendo, sim todos os hóspedes da estalagem, Elvira chega perto da mesa de jantar com ar de não muitos amigos e aparentemente muito assustada. Lucas como não perde nenhuma oportunidade se aproxima de Elvira oferecendo um lugar para se sentar.
- O que é que você tem? Parece assustada! Por acaso você viu algum fantasma? Com um olhar maudoso perguntou.
- Não tenho nada, estou bem e por favor pare de me olhar dessa maneira! Estou cansada de ser perseguida! Não deveria se comportar dessa maneira com os seus hóspedes! Com a paciência esgotada Elvira afirmou.
- Sente-se e aproveite o jantar. Não será por minha causa que perderá o apetite.
- Obrigada.
A noite seguia firme e bela, os hóspedes foram um a um recolhendo se aos seus aposentos após o término do jantar, na mesa restou apenas Elvira e Lucas. A mesa era de mogno escuro longa e os pratos, talheres e taças eram feitos de metal. E enquanto Elvira perdida em seus pensamentos remexia a sopa no seu prato, Lucas aproveitou para se aproximar dela.
- Então me diga.... o que posso eu fazer por você? Todos já se recolheram e estamos sozinhos aqui. É só pedir que eu farei. As palavras expelidas por Lucas eram doces como o mel mas o veneno escondido era como os de víboras.
- Ótimo! Podemos começar com a parte em que você responde as minhas perguntas! Elvira disse com ar de desafio.
- Que tipo de perguntas seriam? Espero que as boas maneiras não me impeçam de dizer! Lucas rebateu com ar malicioso.
- Primeiro..... porque está me perseguindo? Segundo.... por acaso alguém morreu aqui nessa estalagem? Terceiro.... essa cidade é muito estranha o que é que está acontecendo por aqui?
- Calma! Uma pergunta de cada vez..... para começar eu não estou te perseguindo.... eu apenas te achei bonita, não deveria ser tão convencida dessa maneira...... respondeu com cinismo.
- Oras …. como pode se atrever a me chamar de convencida.... argghh!!!!
- Calma! Eu ainda não respondi as outras perguntas! Tentando disfarçar continuou.
- Sim um homem morreu aqui na estalagem alguns anos atrás, mas ele era um louco e diga-se de passagem um estúpido, pois dizem que era apaixonado por uma donzela que o deixou por outro, não suportando a dor de ser abandonado acabou suicidando-se no quarto em que você está hospedada.
- O que? Não acredito no que você acabou de me dizer! Como pode alugar um quarto onde um homem se matou? Você é louco? Quero que me arranje outro quarto imediatamente! Aos gritos Elvira discutia com o Lucas.
- Calma! Não vai me dizer que você acredita em almas penadas e outras porcarias a mais que o povo conta para assustar crianças? Não tem nada no seu quarto! Eu já o aluguei diversas vezes e nunca ninguém reclamou! Apenas a senhorita, que pelo visto gosta de chamar atenção para a sua pessoa! Lucas revidou.
- Oras! Como se atreve! Eu exijo um outro quarto! Não passar a noite naquele quarto! Já sentindo os arrepios Elvira respondeu.
- Tudo bem, se tem medo de fantasmas eu consigo outro. Há apenas mais dois quartos nesta estalagem para senhorita o final do corredor e o meu é claro. Lucas disse isso com um sorrizinho malicioso. Mas creio que a senhorita vai querer o quarto do final do corredor, não é mesmo?
- Óbvilmente ! Depois tem coragem de me dizer que sou convencida... afff..
- Então vamos lá, para que eu possa ajudá-la a fazer a mudança de quarto.
Lucas e Elvira saíram da sala de jantar e foram em direção aos quartos, a noite seguia alta e o vento lá fora começar a assoviar pelas ruas da vila. No coração de Elvira o pavor começa a tomar conta do seu ser, pois acaba de perceber que Lucas não respondeu a terceira pergunta e isso se torna cada vez mais assustador......
Continua.......................
Quero agradecer pelas boas vindas!!! Espero que leiam e gostem!
Por favor comentem sempre que for possível, é atravéz das críticas e elogios que posso aperfeiçoar a arte de "contar" estórias!
Até o próximo capítulo......