O DIA FELIZ

O homem então percebera que se fazia necessário que estivesse solitário durante aqueles tempos, ia já se acostumando com a música que evocava distantes lembranças, com alguns cheiros perfumados dalgumas mulheres (nisto detenho-me a lembrar de suas faces)...a maldita dor no coração. Angustiante. Já não feria-o à ponto de fazer-lhe sucumbir.

Gostaria de saber aonde teria perdido seus inestimáveis escrúpulos, se nalguma taberna em que se meteu, bêbado e sujo, acharia a retidão de caráter há muito desaparecida, já soubera que sua reputação não andava lá nas alturas e que era alvo do escárnio e da troça daqueles profanos...urgia a necessidade de agir!

Arquitetou ferozmente um explicativo de sua reação, agiria como via no cinema: entra com aquele olhar perdido e inatingível, caminhando confiantemente rumo à carnificina humana, a vingança significa acabar com suas vidas, teriam a certeza de que era um herói, logo se interessariam por sua história pessoal, aí veriam o quão sombrio ele era, o quão genial ele era...sua memória seria eternamente lúgubre...seu ego agigantado por tal possibilidade enchia-se de gozo.

O sinistro plano viria à cabo em breve, a pistola usada seria ima Glock- - -, entraria com 4 pentes reservas para não faltar munição, todos que usassem o uniforme da empresa sofreriam as conseqüências da fúria do homem. Dormia escutando o barulho da carne sendo perfurada: seco e musical...gritos horrorizados, súplicas desesperadas pedindo pela vida, pensava em quantos não teriam os dedos arrancados ao tentarem se proteger da chuva de chumbo, tinha deixado anotado que não “haveria piedade” num bilhete enigmático que leriam post massacrium, seria daqueles débeis assassinos que se eternizam na mente de outros psicopatas, que como num ciclo infernal repetem com ações semelhantes, variando apenas a quantidade de corpos ensaguentados e o layout dos cadáveres.

CENA 1 : Encurralou Cadu, um gordo esperto que sempre fazia piadas maldosas com as pessoas, sempre pelas costas delas...sua hora era chegada.

Aponta a pistola em sua direção enquanto também caminha em sua direção, Cadu não tem pra onde correr, e pede por piedade, com as duas mãos em sinal de paz, o homem segue olhando firme e perdido para os olhos apavorados de Cadu que neste momento treme de forma engraçada e covarde, balançando a papada em sinal de horror.

Ouve-se logo em seguida o som seco da pistola disparando 2 vezes, uma no peito e outra no baço, tem um barulho de carne humana alvejada, ele cai então, como um leitão morto sobre seu próprio sangue.

CENA 2 : De frente para Jairo, um homem já de 40 anos, era velho para o trabalho, ele precisava do trabalho era esforçado na vida, também muito velhaco, tenta sair bem daquela matança: -calma homem! Somos parceiros, já te dei cigarros e almoçamos juntos lembra? Eu até paguei a conta...tenta invocar no homem lembranças afetivas, sem sucesso.

Ele então, resolve ajoelhar com as mãos pra cima clamando perdão por tudo à DEUS.

Assim nesta posição ele morre com um estampido seco na cabeça, cai de cara no chão.

CENA 3 : Já quando encontra Perla, uma mocinha recém separada, de cabelos vermelhos e bem magra, com uma bunda larga. É tão frio quanto com os outros cadáveres, aponta-lhe seguro e poderoso a Glock negra, ela grita e somente diz: -não!não!não!, senhor da situação, o homem dá-lhe uma falsa esperança de vida ao abaixar um pouco a arma.

-Calma.... tudo vai ficar bem.....!! você é um homem bom!!!!

(Deve-se esclarecer que o homem abaixou um pouco a arma porque num brevíssimo intante lembrou-se de que já havia comido Perla, logo quando largou o marido e tava dando a buceta prá todo mundo)

Ergue novamente a pistola, agora definitivo, escorre então, urina pela perna e vê um filete úmido escorrendo na calça de tecido leve, já morta de medo, morre com os olhinhos fechados ternamente.

CENA 4: Entra normalmente pela porta do trabalho, vira o cartão com seu nome daquela bobeira de “brigada de incêndio” (Sempre achou que num caso de fogo, daqueles pra matar todo mundo, era o lance de cada um cuidar do seu, sem essa frescura de brigadista...)

Caminha em direção à sala do Diretor, aonde estão além do diretor, Cadu (gordo), Fabi(loura, quase albina) e Fred um cara de barbicha, que cuidava da natureza e vegetariano (não fumava maconha).

Estes são os primeiros a morrer, a seqüência da carnificina inicia-se com uma pergunta (do diretor, depois de alguns segundos em que ninguém notou a presença dele, tão ocupados que estavam em seus computadores)

-Posso te ajudar?

-Não, não pode!

(os outros então olham para ele curiosos)

-E então, por que está aqui parado enquanto temos clientes para atender...

-È que hoje é um dia feliz....

(impaciente)-Por quê, “um dia feliz?”

-Porque é o dia da morte de todos desta porra!!!!

(mostra as 2 pistolas brilhantes, o diretor e Fred se levantam e são os primeiros de fato a sentir a fúria do homem, depois vem a albina que chora, mas nada diz....depois Cadu o gordo.

A sequência deste roteiro não é ordenada e deve ser contada numa ordem cronológica bagunçada, dando a impressão da confusão mental em que se encontra o "assassino". Haverá continuação....

Homem de preto
Enviado por Homem de preto em 04/02/2010
Código do texto: T2069007