Olhos de pavor
3 dias sem dormir.
Olhos arregalados cheios de pavor. Andando de um lado para o outro.
Assustado. Agitado. Apavorado.
A enfermagem já havia administrado todos os medicamentos recomendados pelos médicos e nenhum efeito surtia.
A pequena vila ficava encrada no meio da mata, apenas dois enfermeiros cuidavam dos casos de doenças que apareciam raramente.
E pelo fone recebiam as instruções que o único médico da cidade passava e que visitava o posto médico uma vez a cada quinze dias.
Quando o paciente que ocupava um dos três quartos do posto foi encontrado andando pela mata desesperado e chorando era exatamente o dia após a visita do médico e do falecimento de uma jovem de modo estranho.
Caminhando sem parar o paciente ora ria, ora chorava, ou dava gritos assustadores.
Falava baixinho, quase um sussurro. Andando. Andando.
Sem comer, sem dormir e sem parar de andar.
De súbito para no centro do quarto, chama os enfermeiros e começa a falar desconexamete.
Voltava para casa......tarde, 17 ou 18 horas.
Barulho, gemidos, grunhidos, rosnados......
Tive medo, andando.....continuei......
trilha, de repente......o barulho parou...
se levanta rápido, num salto, se encosta na parede como se tentasse se defender.
volta a andar sem parar, chora, ri, grita..
Após muitas voltas com o pavor estampado no rosto, volta ao centro e se senta.
Novamente narração desconexa
O que vi.....não consigo tirar da mente...
animalescamente um homem, vestido de branco, mas todo ensanguentado.....
à sua frente um corpo dilacerado....vísceras, nu, banhado em sangue...
intestinos e orgãos espalhados....
nas mãos do homem de branco pedaços de carne ......
sus boca lambuzada de vermellho.........escorrendo...
ele rosnando......grunhindo.....
um estalar de galho seco me trai e me delata....
num movimento brusco.....um olhar se cruza com o meu....
demoniaco......com ódio.....vermelhos........
através do olhar uma mensagem....
será o próximo....viu o q não devia.......
mas hoje não....
grita e se levanta correndo para a parede....
volta a andar sem parar.
No dia seguinte ligam ao médico e informam que o caso é grave e que ele precisa vir antes.
Ele concorda. 14:00 hs. O médico chega. Um senhor magro, bem alto, com olheiras e mãos finas e dedos esguios.
Ao ve-lo o paciente se desespera mais ainda.
Grita. Chora. Corre para a parede e volta a andar novamente.
O médico entra no quarto calmamente, se aproxima dele.
Olho no olho. Pavor e desespero.
- Eu disse que você seria o próximo, mas que não seria aquele dia.
Encostado à parede, ele vai se deixando escorregar até ficar acocorado abraçado aos joelhos. Sem choro, sem gritos e sem reação.
O médico se dirige aos enfermeiros:
- Coloquem camisa de força. Precisa de tratamento no hospital da cidade.
Vou levá-lo antes que seja tarde.
Ainda bem que me chamaram.
E olhando ao paciente:
- Hoje é seu dia....
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Grato