A moça do trem

Rio, 26 de janeiro de 2010.

Era quase de onze horas da noite que seu Lucindo saia do Cais do Porto após um dia intenso de trabalho. O tempo estava chuvoso e todos o conheciam por seu jeito mulherio. Acompanhado de amigos andavam debaixo do viadulto nas imediações do Cajú, quando se deparou com bonita mulher.

Encantado com sua beleza debaixo de vestes de renda negra, resolveu aproximar sendo alertado pelos companheiros que disseram:

_ Não vá Lucindo. Você nem sabe quem é. _ Disse Amaro. Jovem magricelo de cabelos rente a cabeça:

_ Mas é uma mulher linda! _ Expressou ele que não ficava por trás no quisito beleza e atraia as mulheres:

_ Acho melhor irmos para casa. _ Disse João gordo e barbudo:

_ Olha lá! _ Viu que a moça o chamava: _ Está me chamando, sinto muito amigos mas... _ E saiu andando na direção da mulher. Naquela época passava um bonde por aquelas imediações. Ela entrou seguida por ele:

_ Como vai? _ Perguntou ela, muito mais bonita de perto do que imaginava:

_ Bem, e você. Qual a sua graça?

_ Roseli, e o senhor.

_ Que isso de senhor. Senhor está no céu. _ Pegou nas mãos dela coberta de luva negra: _ Para onde a donzela está indo?

_ Para casa.

_ Posso lhe acompanhar? _ Perguntou ele achando curioso uma donzela esta na rua numa hora como aquela:

_ Sim. Moro logo ali. _ Apertou a corda do bonde e soltaram:

_ Casada, solteira, viúva ou tico tico no fubá. _ Risos:

_ Solteirinha da silva.

Sem perceber entraram na rua Monsenhor s/N°:

_ E o que faz na rua, uma donzela como você?

_ Fui na igreja. Que horas são? _ Expressão de preocupação:

_ Meia noite.

_ Ah meu Deus tenho que entrar.

Nesse instante já estavam perto do cemitério do cajú a medida que a chuva caía forte:

_ E onde é que você mora?

A rua estava escura e não viu quando ela entrou:

_ Aqui. Vem comigo bonitão!

Deparou-se com uma mulher desfigurada debaixo daquele vestido de renda de véu cobrindo o rosto, perfeita caveira:

_ Aaaaaaaa!

Seu Lucindo correu do Cajú ao bairro de Ramos onde morava, de tanto pavor. Nunca mais seguiu mulher nenhuma. E depois disso chegou a vê-la muitas vezes por aquela imediações.

Dinah Monteiro da Costa.

Dyanne
Enviado por Dyanne em 26/01/2010
Código do texto: T2052791