O Vilarejo
Sr. Frederico era como o chamavam.
Quase dois metros, pele bem clara e olhos azuis. Dono de uma inteligência ímpar.
Não aparentava que ja levava consigo 76 anos de vida, sempre ativo, ágil nas decisões e à frente de um grupo milionário de aministração de imóveis.
Os jovens executivos tinham de se apressar para acompanhá-lo.
Alguns de seus funcionários o acompanhavam desde o começo dos negócios, e esse era o caso da sua secretária particular, Srta. Yolanda.
Uma simpática pessoa com sotaque alemão herdado de seus pais.
Um dia, Sr. Frederico sentiu se mal, uma tontura qase o fez desabar no meio da sala de reuniões.
Foi Yolanda quem marcou o médico e o aompanhou a contragosto.
Sr. Frederico estava perfeito, apenas um início de stress, cansaço e o médico recomendou umas férias, coisa que ele nunca havia se dado ao luxo,
Voltou direto para o exritório, resmungando que não podia deixar o trabalho nas mãos de seus filhos, apesar de saber com certeza que tinham capacidade pra dirigir tudo sem problema.
A visita ao médico foi em uma sexta feira.
Fim de semana em casa. Nada de anormal. Nada a não ser um sonho que o perseguiu todo o fim de semana. Normalemnte Sr. Frederico não se lembrava de sonhos. Mas esse foi diferente.
Segunda algo estranho aconteceu. Srta. Yolanda se perguntava onde estaria Sr. Frederico às 9:00 da manhã, sendo que seu horário de chegar ao escritório era no máximo às 7:00 hs, antes de todos.
Ela já estava beirando o desespero quando ele chegou. Com uma aparência bem cansada mas feliz. Entrou e cumprimentou a todos cordialmente.
A chamou a seu escritório.
Ela entrou, Sr. Frederico pediu para que se sentasse.
- Estou saindo de férias. 15 dias. Me demorei pois estava vendo passagens e tal.
- Para onde? Posso saber?
- Claro que sim...Estou indo para Itália, para um vilarejo onde vivi minha infância e adolescencia.
Yolanda ficou branca e tentou impedi-lo.
- Não pode, não deve Sr. Frederico.
- Como assim? Não entendo... o médico me disse que deveria.
Não ia te contar agora, mas sonhei o fim de semana todo com meus irmãos e parentes que deixei lá. Estavam todos muito bem, felizes e fortes e me diziam que eu precisa ir para lá.
Parto em 45 minutos.
Srta. Yolanda ficou sem saber o que fazer, insistiu mais um pouco, mas sabia que iria irritar Sr. Frderico. Deixou-o partir.
Em pouco tempo Sr. Fr ederico estava lá em sua cidade, pegou um táxi que tentou faze~lo desisitir de ir até o vilarejo que ele indicou. Mas nada e ninguém o fazia mudar de idéia.
Chegaram. Desceu, pagou o táxi e deu uma boa gorgeta.
O táxi saiu bem rápido deixando o sozinho. Ao se virar, ficou surpreso ao ver algo que não vira ao chegar. O vilarejo estava como o deixara, e seus irmãos e parentes o vinham receber.
Fortes, saudáveis, com muita vida transbordando pelos poros.
Abraços, beijos, saudades, conversas, ele estava muito cansado da viagem.
Já estava tarde, serviram um ótimo jantar, riram muito, cantaram e dançaram.
Sr. Frederico estava exausto e o acompanharam até uma cabana bem humilde onde seria sua casa enquanto estivesse com eles.
Novo dia, sol, ar puro, aves cantando e muitas vozes. Frederico acordou bem mais disposto.
Muita coisa a fazer durante o dia, tirar leite, colher frutas, apanhar lenha, tudo como antes.
A cada dia que passava Sr, Fredrico estava rejuvescendo e até seu corpo se mostrava muito mais disposto. Ele estava feliz. Pensava em não voltar mais para a cidade grande.
Ele se sentia saudável como quando tinha 20 anos e deixu tudo para tráz.
Numa manhã, ao acordar e sair para tomar café com seu povo, uma surpresa.
Seu irmão mais velho o olhou e disse:
- Você tem de partir hoje. É necessário. E não faça perguntas. Nós te amamos e adoramos sua presença conosco, mas precisa partir.
Ele percebeu que um táxi o esperava.
Sua mala estava pronta. Sem dizer nada abraçou bem forte a cada um deles e disse que também os amava, e por isso estava partindo, para atender a uma decisão deles.
Seu irmão foi o último de quem se despediu com um abraço demorado.
Recebeu um beijo no rosto e uma ordem.
Entre no táxi e não olhe para tráz.
Ele assim o fez.
No outro dia estava no escritório, irreconhecível, saudável, 20 anos mais jovem.
Srta. Yolanda não acreditava. Ele teve de falar todas as senhas de contas e outras coisas que somente ele e ela sabiam.
Ela o olhava como se estivesse diante de um fantasma.
Pálida e boquiaberta o olhava.
- Sr. Frederico, sei que é o senhor, com certeza, mas não pode ter ido ao tal vilarejo onde viveu até sua juventude.
Nessa altura da conversa, Sr. Frederico se assustou vendo o pãnico de Yolanda.
- Mas eu estive lá, vive com eles dias maravilhosos, veja com seus olhos a mudança que me fez minha estadia no antigo vilarejo.
Yolanda então quase sem conseguir falar pega um jornal antigo e mostra ao Sr. Frederico.
- Veja o senhor mesmo. O vilarejo foi totalmente destruído 8 anos depois que deixou o vilaejo e veio para a cidade grande.
Seguiu se um silêncio quebrado com a voz embargada do Sr. Frederico:
- Yolanda, não sei onde estive, mas estive com meus irmãos e parentes.
E foi muito bom. E isso será nosso segredo.
Eu revivi onde todos eles morreram.
(Baseado em um história que li em um gibi de terror quando eu era adolescente, faz muito tempo alíás, desconheço o autor)