Iladar - A trilha

Os quatro se aproximaram do portão e ficaram observando a casa, ela era enorme e se localizava na parte alta da cidade.

- Você perdeu a aposta Paolo vai ter que entrar ai e voltar com um objeto.

- Você ficou louco? Ninguém nunca falou que eu teria que roubar uma casa!

- Se você perdesse a aposta teria que aceitar um desafio, esse é o desafio, mas tudo bem eu aceito seu Notebook como pagamento pela desistência, aproveito e já coloco naquele site de vídeos o que eu filmei depois da aula de educação física no vestiário, você se masturbando, certamente pensando na Anne.

- Vinny da um tempo, olha o tamanho dessa casa sem falar que ela é rodeada por cães, antes de chegar ao jardim eles iriam estraçalhá-lo.

- Que foi Anne? Ta com peninha é? Namora ele então, sabe, eu não me importo em dividir você. – Ele se aproximou e a beijou no pescoço, ela o afastou e foi pro lado de Paolo.

- Não têm vídeo nenhum, você ta blefando. – Ele falou trêmulo.

- Vai arriscar? – Vinny balançou o celular na frente de Paolo.

- Vinny pensa em outra coisa, nem mesmo você conseguiria entrar lá sem ser pego. – Os portões da garagem abriram e um homem em uma moto saiu na direção da cidade, Vinny lhe lançou um olhar malévolo.

- Tudo bem Job, pelo visto vocês assumiram o partido do Geek mesmo, vocês estão vendo aquele gordo na moto? Certamente sim, pois só nosso pequeno Geek usa óculos aqui, e mesmo sem óculos aposto que ele veria aquele porco motorizado, presta atenção, ele sempre corta caminho pra cidade pelo parque, usa a trilha, sabem aqueles animais mortos que geralmente achamos quando usamos o caminho pra chegar rápido a escola? É ele que os mata, ele atropela os animais, semana passada quando eu e o Job fomos tomar banho de rio amarramos o Pelte em uma árvore para ele não acabar se molhando, quando estávamos voltando o gordo maldito vinha pela trilha, viu o Pelte, ele parou a moto e em seguida acelerou, ele o matou sem nem dar uma chance de defesa, o que eu quero é simples de uma lição na chupeta de Baleia, ele merece, simples assim.

- Mais como eu vou fazer isso Vinny?

- Se vira você têm 24 horas contando de agora, e por garantia vou levar seu Notebook.

Vinny e Job saíram na direção da trilha, Paolo sentou e lançou um olhar na direção da casa, Anne permaneceu ali com ele, passou na sua frente e lhe estendeu a mão.

- Não se preocupa, eu vou te ajudar. – O vento batia em seus cabelos cacheados que se soltaram, ela geralmente os usava presos, ele pegou na sua mão e sentiu sua pele macia, uma linda pele negra, seus lindos olhos amendoados estavam lacrimejando, era o efeito do vento ele adorava quando eles ficavam assim, nesses momentos seu único pensamento era o de que nunca teria chance com ela, um típico nerd de óculos e cabelo arrumadinho, talvez seu tipo fosse mesmo caras arruaceiros e de cabelos assanhados como Vinny e Job, com pele bronzeada e sem medo de quebrar as regras, e não ele que a palidez causaria inveja até mesmo no conde Drácula, Job era praticamente um clone de Vinny a única diferença entre eles era a cor do cabelo,o loiro do cabelo de Vinny era quase sobrenatural , já Job tinha um cabelo preto intenso, Yin-yang, só que o lado bom não existia.

- Obrigado Anne, olha não existe vídeo algum é tudo mentira. – O seu Smartphone vibrou, um email, ele leu. – O Vinny quer que agente encontre ele na trilha.

- É melhor irmos. – Eles foram ao encontro dos dois, alguns minutos depois o encontraram próximo a algumas árvores.

- Você vê essas árvores Paolo? O saco de banha sempre passa por esse caminho, tem um modo de pegar ele e como eu sou bonzinho vou lhe dizer o que fazer, você vai prender uma linha de pesca naquela árvore e voltar pra esse local aqui, vai camuflar a linha no chão e quando o Sapo Papão se aproximar você vai puxar a linha ela vai ficar na altura da cintura, o porco vai desequilibrar e cair, um verdadeiro abate de porco, o resto é com você, entendeu?

- Eu tenho escolha?

- Não, mais o pessoal que freqüenta aquele site, como é mesmo o nome?

- You tube.

- Isso mesmo Job, como eu sou esquecido, eles vão adorar o seu vídeo amador.

- Então tudo bem eu faço.

- Eu vou estar com você Paolo.

- Todos vão meu amor. – Vinny se aproximou e a abraçou pela cintura. – Eu não perderia isso por nada. – Ele olhava Paolo nos olhos.

Depois de fazer as marcações de onde seria amarrada a linha e alguns cálculos caso algo saísse errado Paolo e os outros seguiram para suas casas, a noite foi uma tortura e Paolo quase não conseguiu dormir, e se Vinny tivesse o vídeo mesmo? Se ele postasse na internet? Essas perguntas não saiam de sua cabeça, no dia seguinte ele acordou bem cedo, pegou um rolo de linha de pesca de seu pai colocou na mochila e saiu para encontrar os outros, Vinny já o esperava na entrada da escola.

- E ai trouxe a linha?

- Sim.

- Me passa eu vou guardar comigo.

- Tudo bem, aqui. – Vinny recebeu e colocou na mochila. – Onde estão os outros?

- Anne deve ta por ai e o Job foi pegar uma coisinha que tava faltando. – Ele sorriu.

- O que?

- Você vai ver.

Anne os viu de longe conversando, quando ela chegou perto deles o sinal tocou.

- Meninos vamos para sala?

- Vocês dois sim, eu vou encontrar o Job e terminar uma coisa. – Vinny falou isso enquanto andava, se distanciando dele.

- O que ele vai fazer Paolo?

- Eu não sei.

Job chegou atrasado à sala e durante todo o dia de aula Vinny não apareceu, e isso deixou Paolo nervoso, ele sabia que Vinny certamente estaria aprontando alguma coisa, os três mataram a última aula como combinado, agora eles teriam que ir para a trilha preparar a armadilha, quando eles chegaram lá Vinny já os esperava.

- Deveria ter avisado que estaria aqui. – Junto a Vinny havia uma gaiola com um filhote de cachorro dentro. – O que é isso?

- Canis lúpus familiaris, é um mamífero canídeo, o melhor amigo do homem...

- Sem gracinhas Vinny o que você vai fazer com esse cachorro?

- É pra ficar na estrada, o bolão vai ver ele e certamente vai aumentar a velocidade, não se preocupe, antes que ele o atropele eu vou puxá-lo com essa corda, nada vai acontecer com o Pelte.

Job olhou de Vinny para os outros.

- Tudo bem então me deixa prender ele, pra me certificar que tudo vai dar certo, Paolo onde está a linha? Já está na hora de colocar nas árvores.

- Estão comigo Job. – Vinny lançou o rolo e um par de luvas para Paolo que agarrou meio trêmulo. – Usa isso para não ferir as mãos quando puxar a linha, Anne tocou em seu ombro.

- Tudo vai dar certo.

- Se importa se eu filmar isso Paolo? Pode valer uma grana depois nesses programas dominicais que vivem de cacetadas, as pessoas adoram ver gordos se ferrando – Ele começou a filmar.

- Fica a vontade Vinny. – Paolo sentia ódio daquela situação, ele atravessou a trilha e procurou o lugar marcado no dia anterior com o estilete, na altura da cintura, prendeu a linha na árvore, e voltou cobriu a linha do chão com folhas, Job colocou o filhote na trilha, esperaram um pouco, o som da moto invadiu o parque ao longe, o cachorro brincava inocentemente, o barulho se aproximava cada vez mais, Paolo tremia, como esperado quando viu o cachorrinho parou a moto, tirou o capacete, sorriu, um riso sádico, colocou o capacete no braço e partiu com tudo na direção do cachorro, em uma questão de segundos Job puxou a corda que prendia o cachorro, o tirando da frente da moto, a velocidade da moto estava maior, Paolo puxou a linha que ficou totalmente esticada, na altura do pescoço do motoqueiro, a linha enroscou em seu pescoço o derrubando a moto perdeu o controle e virou mais na frente, o impacto levou Paolo ao chão, ele levantou e percebeu que a linha tinha conseguido furar suas luvas e sentiu que ela estava com uma consistência diferente.

- Paolo você está bem? – Anne se aproximou dele. – Levanta.

- Obrigado.

Vinny se aproximou com o celular filmando tudo, Job pegou o cachorro, os quatro se aproximaram do motoqueiro.

- Meu Deus.

- Ai meu Deus o que eu fiz?

O motoqueiro estava se debatendo no chão ele tentava tirar à linha que estava enterrada até a metade de seu pescoço, a cabeça sumindo lentamente em uma poça de sangue, Paolo tirou a camisa e começou a pressionar o ferimento.

- Anne liga pra emergência, precisamos de uma ambulância.

- Espera. – Anne pegou o celular e Vinny o tirou de suas mãos.

- Você não vai ligar pra ninguém, esse porco miserável mereceu isso. – Ele colocou a câmera próxima ao rosto do motoqueiro e pisou em seu peito. – Não adianta me olhar assim saco cheio, ninguém vai te ajudar, esse é o seu castigo por ser gordo e maltratar os animais, agente planejou isso tudo, quem puxou a linha foi o Paolo, esse ai que ta tentando conter seu sangramento, Anne ficou junto a Paolo tentando ajudá-lo.

O motoqueiro olhou com ódio pra Paolo, tentou segurar o seu rosto, a mão vacilou, a lançou no ar novamente, segurou sua corrente,soltou, agarrou novamente e sussurrou.

Vi invito, oh forze invisibili di inferno, se riuniti intorno a me in questo momento di dolore, In questa mistica Perché Il tempo, call si Asmodeu, La guida dall'inferno.

Detentore delle chiavi d'ingresso e di uscita. Chiamata e conjuro Asmodeu, Dio degli inferi mi congratulo con l'anima Del mio carneficeil proprietario di questa maledizione obiettivo io in tuo nomecon lui sempre, La sofferenza, l'angoscia e Il dolore Maledetta è perché e seguire questo rituale in onore tuo, Asmodeu, asmodeu, asmodeu...

- O que ta acontecendo? O que foi que ele disse?

- Eu não sei não consegui entender.

Ele não se mexeu mais, Paolo tentou reanimá-lo, foi em vão.

- E agora? – Anne levantou trêmula, as mãos sujas de sangue. – O que vamos fazer?

- Vamos ligar para a policia. – Paolo pegou seu Smartphone, Vinny o empurrou no chão e o tirou dele.

- Vai dizer o que? Oi seu policial parabéns pelo bom trabalho na cidade, a propósito eu acabei de abater um porco, não, seria melhor pedir para ser preso.

- E o que vamos fazer? – Paolo permaneceu sentado olhando pro corpo, enquanto chorava, ele tirou as luvas e pode perceber que um liquido escorria da linha, ele tocou e sentiu sua consistência. – Ou meu Deus! Isso é cerol, você colocou Cerol na linha? – Ele levantou e correu até a árvore, o lugar onde ele tinha marcado no dia anterior não era o mesmo que estava marcado agora, ele não percebeu a diferença antes quando amarrou a linha por que tinham pedras no lugar e quando ele subiu nelas pareceu ser o mesmo lugar de antes, pedras que não estavam lá. – Você armou isso tudo Vinny? Isso na linha é cerol?

- Drin, Drin, Drin o que temos para ele Johnny. – Vinny abriu os braços e girou. - Sim, esse porco mereceu, eu só precisava de alguém para puxar a corda.

- Ou meu Deus você é um doente eu vou ligar pra policia agora. - Anne pegou seu celular de volta das mãos de Vinny, ele riu.

- Isso liga, liga mesmo, só que vamos todos pra uma instituição de menores, aposto que a mãe do Paolo não vai agüentar a pressão de ter um filho assassino, o garotinho que ela tanto ama, e vai acabar se matando, ela vai adorar ver esse vídeo. – Paolo pegou Smartphone que estava com Vinny e começou a filmar tudo. – Que foi vai querer mostrar que eu estava aqui também? Eu não ligo já vocês têm muito a perder, vamos esconder o corpo e esquecer isso.

- Eu não quero ir preso galera, vamos fazer o que o Vinny falou.

- Você vai concordar com isso Job? – Anne não conseguia acreditar, Vinny passou por trás de Paolo e sussurrou.

- Olha que meiga, que fragilidade quanto tempo você acha que ela agüenta em um reformatório feminino? No meio daquelas meninas criadas nas ruas, eu acho que uma semana, isso se não for espancada todo dia, ou violentada. – Paolo olhou Anne.

- Anne, vamos fazer o que o Vinny diz, é melhor para todos. – Anne olhou pra Paolo sem acreditar no que ouvia. – Confie em me Anne, tudo vai dar certo.

- Está bem.

- Já que todos concordam vamos agir rápido a qualquer momento alguém pode passar aqui, têm um lugar próximo ao rio onde a terra é mais fácil de cavar, vamos tirar a roupa dele e queimar, eu vou cortar as pontas dos dedos dele caso alguém ache o corpo assim será mais difícil identificá-lo e a cabeça do mamute vai virar comida de peixe, Job e Paolo arrastem o corpo, Anne mais na frente tem um cachorro morto, coloca ele aqui pra disfarçar.

- Eu não vou pegar cachorro nenhum!

- Tudo bem eu mato esse filhote aqui vai da no mesmo. – Ele tirou o cão dos braços de Job e o segurou no alto.

- Tudo bem eu pego o cachorro.

- Eu vou dar fim a essa moto e começar a cavar.

Eles fizeram o que Vinny falou, ele parecia já está preparado para tudo que poderia acontecer naquele dia, já tinha álcool na mochila para queimar a roupa, e próximo ao rio duas pás preparadas, sumiu com a moto, eles fizeram tudo conforme o plano.

- Agora vamos enterrar esse tapa-sol, só me deixa cortar os dedos. – ele cortou os dedos do motoqueiro e os queimou junto com a roupa e os documentos, um cheiro terrível invadiu o ar, Vinny levantou. – Pronto isso morreu aqui.

- Você... Você acabou com nossas vidas.

- Acho que não vou ganhar um beijinho por ter feito um trabalho bem feito não é meu amor?

Anne pegou sua mochila e saiu.

- Vamos Paolo.

Eles seguiram na frente enquanto Vinny e Job vinham logo atrás, o único som era produzido pelos latidos do cachorro, um vento cortante passou por Paolo, como se uma mão invisível tentasse agarrá-lo, um som ao longe se formou em seus ouvidos, ele parou subitamente.

- Vocês sentiram isso?

- O que?

- Senti como se algo me tocasse, algo... Estranho.

- Ninguém ouviu nada. – Vinny tirou uma camisa da mochila. - Aproveita e toma essa camisa vai acabar cegando alguém com essa luz que emana de você, sol é de graça Geek. – Ironizou Vinny.

Paolo não foi direto pra casa ele ficou perambulando pela cidade, não sabia como iria encara os pais, chegou em casa a noite e permaneceu trancado em seu quarto, ele não tinha nem vontade de comer, e usou a desculpa de estar com dor de cabeça para não ir a igreja com os pais, adormeceu e te vi sonhos horríveis, ele fugia pela trilha e vultos o seguiam, vozes demoníacas, ele não conseguia correr, acordou, estava suado, sentou na cama e acendeu a luz.

- Foi só um sonho, eu apenas estou impressionado. – ofegava, pegou o Smartphone cinco chamadas não atendidas de Anne, tentou retornar mais ela não atendia, quando ele tocou na maçaneta da porta sentiu um calor que emanava do chão, um vapor, uma força invisível o golpeou na parte de trás de seu joelho, ele gritou, outro golpe atingiu seu queixo a força foi tamanha que ele foi lançado próximo a cama, Paolo não acreditava no que estava vendo as sombras de seu quarto ganhavam vida diante de seus olhos, ele correu na direção da porta, não te vi coragem de olhar para trás, conseguiu chegar à cozinha e pegou uma faca, silêncio, a porta bateu um frio extremo tomou conta do local e logo em seguida a temperatura normal voltou ao ambiente.

- Meu Deus, eu to ficando louco. – Ele começou a rezar, um tempo depois seus pais chegaram, acharam estranho os ferimentos no rosto e no corpo do filho, mais ele conseguiu enganá-los disse que foi resultado de uma queda, Durante a noite ele não conseguiu dormir pensado em tudo que tinha acontecido durante o dia, não estava em seus planos ir a escola no dia seguinte, mais o medo de ficar só em casa era maior, uma hora antes do inicio das aulas ele já estava na escola sentado próximo ao mastro da bandeira, Anne também chegou cedo e o avistou.

- Paolo, tudo bem? Seu rosto, você andou brigando?

- Brigando? Não, não, eu to bem sim, olha posso perguntar uma coisa?

- Fala. – Ela sentou do seu lado.

- Aconteceu algo estranho ontem à noite com você?

- Não consegui dormir direito, você sabe.

- Sei, olha você acredita no mundo sobrenatural?

- Um pouco por quê? – Paolo tomou coragem e contou tudo que tinha acontecido com ele na noite anterior, Anne escutou um pouco incrédula, mais ela sabia que ele não teria motivos para mentir, ela nunca o tinha visto daquele modo, estava perturbado, o medo era visível em seus olhos.

- Eu tenho medo de estar ficando louco.

- Não você não está ficando louco, vamos procurar na internet sobre esses assuntos, pesquisar, tentar entender o que aconteceu.

Os dois seguiram para a ala de informática da escola, ela ainda estava fechada mas Anne era querida por todos e foi fácil convencer o zelador a liberar a sala, eles procuraram em vários sites, acharam assuntos relacionados, possessões, perseguições demoníacas, maldições, acharam uma que tinha as características do que tinha acontecido a ele no dia anterior, as coisas se agravavam, os danos passavam ao corpo físico, e o demônio levaria a pessoa ainda em vida para o inferno, para sofrer, e pagar por seus pecados.

- É melhor pararmos de ver isso Paolo vai te deixar impressionado. – Ela desligou o monitor.

- Não, calma, olha só, aquele site fala de uma maldição satânica, lá tinha um nome, Asmodeu, você não lembra o homem da moto, ele falou esse nome antes de morrer junto com aquelas outras palavras estranhas, eu lembro.

- É sério?

- Sim.

- Pelo que eu entendi é uma antiga maldição, lançada em um momento de dor extrema, Asmodeu é o pai dos jogos, do sofrimento, ele primeiro brinca com sua presa a tortura até que ela mesma vai desejar ser arrebatada pro inferno, ele persegue a vitima que têm um objeto amaldiçoado.

- Sua corrente, ele pegou na sua corrente quando falou aquelas palavras.

- É mesmo...

O tempo passou sem que eles percebessem, o sinal tocou, era hora de ir pra aula, Paolo nunca tinha dormido na sala, mas durante toda a aula de Biologia ele dormia e acordava, quase no final ele conseguiu se manter um pouco acordado, disfarçar, quando ele desviou o olhar para a porta novamente sentiu o ar quente que vinha do chão, o tempo pareceu se arrastar ao seu redor, olhou pro lado, tentáculos negros passavam na frente das janelas, passos no teto, gritos de agonia, ele tremeu, levantou da cadeira com uma rapidez que a derrubou, todos da sala o olharam, Anne tinha percebido que algo estranho estava acontecendo, Paolo pegou sua mochila e saiu correndo da sala, Anne o seguiu.

- Paolo, o que foi?

- Eu não sei, eles estavam na sala, iam me pegar você não viu?

- Não, fica calmo. – Vinny e Job se aproximaram lentamente por trás deles.

- O que foi aquilo na Sala Geek? Ta treinando para a maratona? – Ele estava normal como em qualquer dia, aparentemente o ocorrido no dia anterior não tinha tido efeito algum nele.

- Você parece ter tido uma ótima noite de sono Vinny. – Anne o encarou, Job passou pro lado dela.

- É mesmo cara isso não é normal, nós estamos perturbados com você sabe o que, mas parece que você não está nem ai.

- E por que eu deveria ligar? O filhote de panda obeso já foi tarde, ele mereceu. – Ele olhou para Paolo que tremia no canto da parede. – O que ta acontecendo com ele? Por que ta tremendo com esse calor todo? Quer que eu ajuste seu termostato?

- Ele ta com uns problemas, deixa ele.

- Eu espero que não tenha sido pelo que aconteceu ontem, até mesmo porque não aconteceu nada, vamos indo Job.

- Vou ficar aqui com eles, te alcanço depois. – Vinny olhou para Job.

- Como queira.

- Anne, Paolo vamos dar uma volta, vocês aproveitam e me contam o que esta acontecendo, se estiver tudo bem claro.

Eles saíram e ficaram na praça que havia próximo a escola Job escutou em silêncio tudo que Anne Falou.

- Então quer dizer que pode ser igual aquela menina do filme o exorcista?

- Não brinca Job.

- Eu não estou brincando, eu acredito nessas coisas, já vi muitos casos na internet, e acho que pode ter sido cara mesmo, vocês sabem ele morava naquela casa, aquela família é estranha, minha avó contava que quando ela era criança aquela família mudou pra cá, eles são de descendência Cigana, algo assim, o povo tinha medo deles, durante todos esses anos, o contato deles com o pessoal da região foi pouco, eu sempre achei que minha avó contava isso pra me assustar.

- Maldição cigana? – Paolo repetiu consigo mesmo. – E sua avó sabe algo sobre maldições?

- Eu posso tentar arrancar algo dela, podemos ir vê-la depois da escola, mais não vamos deixar o Vinny saber, tudo bem? Ele pode usar isso contra você.

- Tudo bem, obrigado por me ajudar.

Antes do fim das aulas Paolo acabou caindo no sono na sala novamente, o Professor estava no meio de uma explicação quando percebeu, Anne e Job tentaram chamar a atenção dele mas não conseguiram, Paolo estava paralisado via tudo que acontecia ao seu redor mais não conseguia se mover, era como se estivesse entre o mundo dos sonhos e o da realidade, um homem misterioso se aproximou dele e o segurou com força, por mais que tentasse se livrar ele não conseguia.

- Não acharia melhor eu pegar um colchão para o senhor? – O professor falou em voz alta na direção dele.

- Professor, desculpe... – Paolo conseguiu se livrar dos braços do homem e voltar à realidade, o cenário era o mesmo só que sem o homem.

- O que foi? Ontem foi noite de sites pornô? Não era só nos finais de semana? – Ele e a sala riam de Paolo, Anne e Job permaneceram calados.

- Vai ver ele encontrou uma Geek não Fake disposta a se mostrar pra ele na cam professor. – Vinny gritou da parte de trás da sala, o professor era o irmão mais velho dele.

- Uma Geek fêmea? Eu pensava que essa raça tinha sido extinta e só nos restava o senhor Paolo como último exemplar vivo. – Risos, risos e mais risos, ele adorava torturar os alunos, o sinal para o fim da aula tocou. – Quero esse trabalho pronto na minha próxima aula, senhor Geek depois me passe a sua lista de sites pornô mais só se forem héteros. – Falou em tom de deboche.

Os alunos saíram da sala e Paolo permaneceu sentado, Job e Anne se aproximaram.

- O professor é um idiota, não liga Paolo ele só quer aparecer.

- Isso ai Paolo, vamos cuidar logo daquele assunto, depois eu dou um jeito nele pra você garanto.

- Acho que vou aceitar.

Os três saíram juntos e Vinny os observava de longe, ele sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas ficou só observando, um tempo depois chegaram à casa da avó de Job, de lá se podia ver a casa do motoqueiro e parte da trilha.

- Antes de vir eu liguei pra ela e contei tudo, minha avó precisa ser ligada antes pra ir esquentando igual carro velho, se não demora a pegar.

- Job você não existe. – Anne ria junto à porta.

- Vou ver onde ela está é rapidinho. – Paolo percebeu que Job era uma boa pessoa, Vinny era quem o levava pro lado mal.

Eles ficaram na sala em silêncio, cinco minutos depois Job apareceu com sua avó, ela os observou, as apresentações foram feitas e ela falou de muita coisa antes de chegarem ao ponto.

- Sabe Job eu gostei desse menino ele é mais simpático que aquele outro, nossa aquele outro têm algo ruim nele eu sei que tem, ele não é boa pessoa.

- Nós sabemos, mais quanto ao pessoal daquela casa à senhora consegue lembrar de algo ruim relacionado a eles? Coisas demoníacas, maldições?

- Não me trate como uma idiota débil metal Jobisrlênio, eu sei muito bem por que está aqui, muita coisa estranha aconteceu referente aquela família, dizem que eles fizeram um pacto com o demônio, são ciganos mas resolveram fixar moradia aqui, eles têm o poder de amaldiçoar as pessoas, ouvíamos isso quando crianças, tínhamos que manter distância deles, eles sacrificavam animais, se não tinham parte com o demônio deviam ser loucos pois acreditavam que tinham, eles são o mal em pessoa, as vezes acreditamos tanto em uma coisa que ela acaba se tornando real, ganhando forma, o mal existe só que algumas pessoas insistem em tentar ignorá-lo, por isso acabam se dando mal quando batem de frente com ele.

- A senhora acha que minha corrente possa ter sido amaldiçoada?

- Pelo que o Jobisrlênio falou tudo indica que sim, eu já tinha ouvido falar desse demônio o Deus deles, Asmodeu, segundo a lenda ele vai se divertir com seu sofrimento, brincar, até te levar pro inferno, eu acho que ele vai te atormentar até que você tente se matar.

- E se eu destruir a corrente?

- Ela ainda continuara sendo sua. – Um barulho fez todos olharem na direção da porta, um cheiro forte e nauseabundo invadiu a sala, um ar abafado exalava do chão, um vento forte, algo tinha passado por ali e todos sentiram.

- Obrigado por tudo, é melhor agente ir. – Paolo temia que algo acontecesse ali.

- Eu espero que tudo dê certo para você meu jovem.

Eles saíram da casa em silêncio, evitaram a trilha e seguiram por outro caminho.

- Tudo vai dar certo Paolo, vamos conseguir achar um modo, vamos pesquisar.

- Obrigado pessoal.

Eles deixaram Paolo na porta de casa mas ele não entrou ficou sentado esperando os pais chegarem, e eles demoraram só voltaram a noite, tudo continuava normal mas ele estava com medo de dormir, ele não se sentia seguro nos sonhos e muito menos na realidade pegou o notebook e continuou sua pesquisa sobre maldições e sobre o demônio do qual a avó de Job havia falado mais ele foi vencido pelo cansaço e acabou pegando no sono, os sonhos terríveis voltaram, ele estava na trilha e o corpo do motoqueiro estava em uma poça de sangue no chão, tentou se mover mais não conseguia, as árvores tremiam e galopes pareciam vir de todos os lados então ele viu, um demônio montado em um cavalo ele possuía cabeça de leão, com chifres e olhos flamejantes, o cavalo possuía patas de dragão, era uma visão infernal, ficou paralisado, o demônio estava mais próximo, e acertou um golpe em seu estomago, Paolo foi lançado longe, ele acordou e estava próximo a porta sangrando, o golpe foi real, tudo ficou escuro ele sentiu o ar quente, o demônio estava brincando com ele, vultos tomavam forma, ele levantou rapidamente pegou as chaves do carro na sala e saiu correndo, seu Smartphone vibrou.

- Alou.

- Paolo eu estive pesquisando e depois de outra conversa com minha avó descobri que talvez tenha um modo de se livrar da maldição.

- Como?

- Você tem passar ela adiante, eu vi em um site que você deve banhar o objeto amaldiçoado em ouro e presentear uma pessoa, a pessoa deve aceitar formalmente, mas sua corrente é de ouro então podemos pular a parte do banhar em ouro eu acho.

- E por que ela não falou isso antes?

- Por medo, a pessoa que receber o presente irá sofrer e penar eternamente no inferno e você será o responsável por isso, no caso nós, estamos nisso juntos.

- Eu estou indo para a trilha, não me pergunta por que, só sei que devo ir.

- Vou avisar a Anne, agente te encontra lá.

Paolo estava concentrado na estrada quando sentiu um forte golpe no lado direito do carro, como se alguém tentasse jogá-lo para fora da estrada, ele aumentou a velocidade, novas investidas o carro rodou e bateu em uma árvore.

- vai ter que fazer melhor que isso se quer me levar com uma passagem só de ida para o inferno. – Gritou Paolo para a estrada vazia.

Ele deixou o carro onde estava e correu para a trilha, o medo corria em suas veias, mas algo o chamava, minutos depois chegou e ficou olhando para o lugar onde tudo aconteceu, seus pensamentos foram interrompidos por Anne que chegou um pouco depois dele ao local.

- Anne? Nossa você me assustou, onde está o Job?

- Desculpa, ele está estacionando o carro e me mandou vir na frente, por que você veio pra esse lugar?

- Algo me diz que devo estar aqui. – Anne sentou próximo a ele.

- Sabe, eu acabei o namoro com o Vinny, não iria mais dar certo depois de tudo...

- Acabou mesmo?

- Sim, eu acho que estou gostando de outra pessoa. – Ela aproximou o rosto do dele e o beijou, Paolo não conseguia acreditar que aquilo estivesse acontecendo, era mais fácil crer que o demônio estava prestes a levá-lo para o inferno a crer que Anne sentia algo por ele.

- O que foi isso?

- Vamos descobrir depois que tudo isso tiver acabado certo? – Ela colocou o dedo indicador nos lábios dele.

- Tudo bem, olha. - Paolo pegou o anel que ele costumava usar na corrente tirou do dedo e deu para Anne. – Toma é seu, ele sempre me deu sorte.

- Têm certeza?

- Claro de todo o meu coração.

- Eu sempre achei ele lindo, obrigada.

Anne pegou o anel e colocou no dedo, ela encostou a cabeça em seu ombro e o tempo parecia ter parado, um momento mágico, e por um segundo eles chegaram a esquecer de tudo que vinha acontecendo.

- Ou! Pessoal to interrompendo algo?

- Não Job, claro que não. – Ela riu.

- Sim então, como eu tinha te dito Paolo você têm que passar a maldição adiante, mas já sabe o que vai acontecer.

- Sim a pessoa a quem eu der a corrente não terá salvação.

- Então temos que achar alguém que mereça isso, mais onde achar uma pessoa... – Faróis irromperam da escuridão, ferindo os olhos deles, a porta do carro abriu.

- Ora, ora, ora Minha namorada, meu amigão e o Geek na trilha? O que é isso Ménage à trois?

- Eu não sou mais sua namorada Vinny, o que você faz aqui? Quem é que está no carro? – Alguém se movia dentro dele.

- Eu percebi que alguma coisa estava acontecendo, será que vocês querem dar com a língua nos dentes? Eu não vou deixar.

- Ninguém vai fazer nada Vinny da o fora daqui. – Job falava e tentava ver quem estava no carro. – É o professor, Anne o professor que esta no carro.

- Por que seu irmão está aqui Vinny? Você contou?

- É só uma garantia...

Antes que ele terminasse de falar um bando de pássaros saíram de seus ninhos assustados e fugiram irrompendo pelo céu, todos olharam assustados.

- É ele. – Paolo falou olhando para o céu, Anne automaticamente agarrou seu braço, vozes em agonia pareciam vir de todos os lados da trilha.

- Que porra é essa? – Vinny procurava de onde vinha o som, uma escuridão estranha tomou conta de tudo, ele tirou um isqueiro do bolso. – Se isso for alguma brincadeira Geek é melhor ir parando.

- Isso não é brincadeira Vinny fica quieto.

- Vinny o que ta acontecendo aqui?

- Liga os faróis.

- Eles falharam. – Seu irmão saiu do carro tentando iluminar o caminho com seu celular. – Onde vocês estão? – Ele sentiu um sopro de ar quente em seu pescoço e algo o levantou, o barulho de passos na floresta aumentou juntamente com os gritos, os faróis voltaram a funcionar então todos viram o professor se debatendo no ar, seu corpo começou a ser perfurado como se mil tentáculos o perfurassem, os faróis voltaram a se apagar.

- Corre, corre, corre! – Paolo gritou e ele sentia que passava por várias coisas na trilha, humanos, presenças humanas, ele as sentia mais não esbarrava em nada.

- Paolo!

- Corre Anne estou atrás de você, Job?

- Continua falando Paolo estou seguindo sua voz. – Paolo lembrou do Smartphone, ele tateou o bolso e o encontrou, estava funcionado.

- Segue a luz Job. – Paolo acenou o Smartphone acima da cabeça, Job conseguiu se juntar a ele e a Anne, logo em seguida Vinny também apareceu e partiu pra cima de Paolo.

- O que Diabos esta acontecendo aqui Geek? – Paolo se encheu de coragem e em um acesso de fúria deu um soco no rosto de Vinny que foi ao chão.

- É a última vez que você me chama de Geek! – Ele começou a chutá-lo, Vinny não acreditava no que estava acontecendo, Paolo pegou ele pela gola da camisa. – Você ouviu?Nunca mais vai me chamar de Geek, e têm uma coisa que eu quero te dar.

- Me solta, me solta. – Ele tentava se livrar mas Paolo o tinha imobilizado.

- Só solto se você aceitar o meu presente, se não aceitar eu te mato, e ninguém aqui vai me impedir. – Job e Anne concordaram com um aceno de cabeça, pela primeira vez na vida Vinny temeu uma situação.

- Eu aceito, aceito só me larga.

- Então toma essa corrente é sua, entendeu?Sua! Você é o dono. – Vinny não entendeu, mas pegou a corrente, as vozes silenciaram e voltaram em um estrondo que vinha da parte de trás do bosque um leve tremor abalou o chão seguido por um tremor bem maior, Job foi jogado pra trás esbarrando em Paolo os dois caíram, Anne rolou junto com Vinny pra longe deles, o ar esquentou mais.

- Anne, você está bem?

- Sim.

O chão voltou a tremer e vultos partiram pro lado em que Vinny e Anne estavam, gritos angustiantes os rodeavam, Vinny não acreditava naquilo, as vozes aumentaram e uma voz horrenda como se fosse um animal feroz calou as outras.

- Que porra é essa? Que porra é essa?

Ele recebeu um golpe e foi parar próximo a Anne, os gritos foram na direção deles, Vinny foi suspenso no ar pelos cabelos, e novamente lançado longe, pra perto de Paolo e Job, o chão abaixo de Anne começou a rachar e labaredas surgiam da terra, Anne entrou em desespero tentou fugir pulava de um lugar para outro, ela tentou correr na direção deles um tentáculo surgiu e a puxou pelos pés, Paolo e Job partiram em sua direção, em vão, foram golpeados por uma força invisível que os lançou longe, Anne não conseguia se livrar dos tentáculos que a prendiam e sempre surgiam mais, envolveram seu pescoço, imobilizaram suas mãos e a puxaram pra dentro do buraco de fogo.

- Me ajuda! Socorro me Ajuda – Os gritos dela ecoavam pela floresta.

Ela foi tragada pela terra, o chão se fechou lentamente e voltou a ser como era antes, A escuridão que envolvia a trilha se dissipou, as vozes calaram, Paolo não acreditava no que tinha acontecido, e sua mente voltou até o dia em que eles mataram o motoqueiro, quando ele pegou na corrente, depois a soltou, soltou e pegou o anel, isso ele amaldiçoou o anel que estava preso na corrente, o anel que ele havia dado a ela.

Anne acordou mas não abriu os olhos, ela queria que aquilo tivesse sido um pesadelo, ela abriu os olhos, pelo menos aquilo não era o inferno não aquele que ela conhecia pelos filmes e pela internet, era dia, ela olhou pro céu e não conseguia acreditar, dois sois, sois diferentes mais próximos que o normal e com uma textura gelatinosa , o céu tinha dois sois estranhos, ela estava em um bosque, diferente da trilha era como se fosse mais uma floresta, onde estavam os outros? Que lugar era aquele? Um barulho a tirou de seus pensamentos, uma moça vinha caminhando com uma cachorrinha e sorriu pra ela.

- Bons dias.

- Bom dia, que lugar é esse?

- Iladar.

- Iladar? Por que aqui têm dois sóis? Quem é você?

- Sóis? Eu sou Isabela, Isabela Vilô, suas roupas são estranhas, vou te dar um conselho, não ande por ai assim, veste isso. – Anne hesitou em pegar a roupa. – Acredite suas roupas podem te levar a fogueira. – Um barulho vindo dos arbustos chamou à atenção das duas, em seguida a cachorrinha de Isabela saiu correndo de lá.

- Eu me chamo Anne, Tudo bem. – Anne vestiu um dos vestidos de Isabela. – Eu não conheço ninguém aqui... Posso ir com você?

- Creio que não, sinto que algo me espera algo que tenho que vivenciar sozinha, mas posso-te dizer onde fica a casa da minha mãe, você pode ficar lá, e logo eu te encontro se assim quiser.

- Obrigada. – Isabela explicou como chegar a casa de sua mãe, elas se despediram e cada uma seguiu seu caminho.

Anne seguiu sem saber o que iria achar pelo caminho, era melhor sondar o ambiente antes de tomar alguma decisão, tinha que confiar em Isabela ela era única pessoa que ela conhecia nesse lugar, talvez a única chance dela voltar para casa.

Dahlon
Enviado por Dahlon em 23/12/2009
Reeditado em 03/03/2012
Código do texto: T1993003
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.