Easy ou A Montanha

Era só isso que aquele guia chato sabia falar: Easy Man....... very easy. Em cada 9 palavras que guia de M falava 12 eram easy. Estamos agora parados bem em frente a montanha chamada de Montanha da Serpente, incrustada no meio daquela cordilheira perdida no oeste do conhecido pais sombrio naquela região gelada. Mas isso não importava ao nosso guia que parecia ser o otimismo em pessoa não, não, para ele o mundo se resumia a apenas uma palavra easy. Se ele disser essa bendita palavra mais uma vez vou fazê-lo engolir metade da neve dessa montanha de uma só vez, pensou Issís.

Começamos a escalada, um alpinista menos experiente bem que podia se deixar levar pelas palavras do guia, pois o sopé da montanha não apresentava muitas dificuldades a serem vencidas, os primeiros 200 metros foram alcançados sem muitos contratempos.

Nosso grupo era composto por 4 alpinistas que conheciam muito bem os perigos daquela montanha, não nos esquecíamos nem por um minuto de quantos vidas a montanha já havia ceifado, qualquer deslize poderia ser fatal durante a escalada. As cruzes erguidas em honra aos mortos lembravam a todos que por ali passavam que suas vidas se tornavam mais frágeis a cada passo rumo ao cume da montanha.

O frio aumentava e as fortes rajadas de vento nos obrigaram a parar e a colocarmos outra camada de agasalho, respirar se tornava mais e mais um ato penoso pra cada um de nós com o passar do tempo. Segundo nossos cálculos já era hora de pararmos para o nosso almoço. Enquanto derretíamos a neve para cozinhas as batatas desidratadas, que seriam servidas junto com as omeletes de ovos também desidratados que comporiam o cardápio do nosso banquete, Cyro resolveu explorar um pouco segundo nosso guia a poucos metros a esquerda de onde estávamos acampados havia uma caverna com belas formações rochosas que só podiam ser vistas nessa região e em outros dois locais do mundo.

Por questão de segurança Jan resolveu ir junto, todos sabiam que naquele estranho lugar não era nada recomendável uma pessoa se afastar sozinha do grupo, os outros estavam com muita fome para pensar em cavernas, ainda mais com aquele vento gelado que prenunciava a chegada de uma tempestade de neve, secretamente todos pensavam em como seria melhor que estivessem bem mais a cima quando a tempestade chegasse, pois poderiam de abrigar melhor em alguns lugares utilizados por outros alpinistas em condições de tempo similares que constavam no mapa que os orientava.

O tempo piorava a olhos vistos e todos estavam com medo, eles sabiam que com a mudança rápida de temperatura e das condições meteorológicas não poderiam alcançar a parte da montanha que seria mais segura.

O vento agora estava insuportável o ruído fazia com que seus ouvidos doessem mesmo sob os grossos protetores, sem mais alternativas eles resolveram, procurar a entrada da caverna, onde poderiam então se abrigar da tempestade e reunirem o grupo novamente, todos já estavam bem preocupados com Cyro e Jan, já se passam horas desde que os viram pela ultima vez.

Caminharam então com dificuldade procurando a entrada da caverna que ficavam realmente virando a esquerda de onde estavam acampados. A entrada não passava de uma fenda, por onde só poderiam entrar se esgueirando e após se desfazerem de todos os equipamentos que haviam levado, Ícaro foi o primeiro a entrar com uma lanterna na mão iluminado parte do interior da caverna, logo em seguida, foi a vez de Issís desfazendo-se de sua pesada mochila ela entra pela estreita passagem, sente um calafrio que lhe percorre o corpo de alto a baixo, e pensa estar imaginado coisas quando ouve silvos de cobras num tom muito baixo.

Logo que Issís entrou a montanha tremeu de maneira violenta, pedras e neve caíram e fecharam de maneira surpreendente a entrada da caverna, isolando os alpinistas desacordos em seu interior, devido a violência do tremor, do guia que provavelmente estava morto ou ferido, por alguma pedra, ou talvez tivesse sido levado pela avalanche, pois ele estava do lado de fora da caverna ocupado com o equipamento na hora do tremor.

Issís acorda sente uma forte dor de cabeça, chama por Ícaro e não obtém resposta, tenta se sentar e todo o seu corpo e arrebatado por uma intensa sensação de frio e terror, ela teme ser a única a estar viva naquela caverna, que antes poderia salvar sua vida e dos outros alpinistas, mas que começa a se configurar num túmulo perdido no meio daquela montanha. Ela começa então a tatear no escuro a procura da lanterna, então ela ouve os gemidos baixo de Ícaro e se arrastando busca pelo companheiro de grupo, com dificuldade ela consegue chegar até perto dos sons, apalpando ela consegue localizar a lanterna e ao tentar acendê-la não consegue nenhum resultado, tenta novamente e a lanterna acende.

Agora ela pelo menos pode ver o interior da caverna, um lugar sombrio úmido e frio, Issís tenta agora ajudar Ícaro que não pode se mover está com uma das pernas quebradas. Seus ouvidos registram novamente aquele som estranho que ela não consegue definir, ao levantar para procurar Cyro e Jan, Issís esbarra em alguma coisa logo atrás de si, com um grito de pavor ela percebe ter encostado numa estátua de pedra, cujas feições exprimem um medo indescritível. Com horror ela percebe que a estátua é na verdade Jan, os pensamentos estão confusos em sua mente, ela não entende o que pode estar acontecendo, então ela houve novamente o estranho som, dezenas de serpentes estão silvando no que parece ser o ponto mais escuro e profundo da caverna.

Issís houve vozes também e se aproxima cautelosamente conforme lhe recomenda seu coração, dependendo disso a sua própria vida como lhe sussurra sua intuição feminina. Agora ela percebe mais facilmente que existem duas pessoas conversando no interior na caverna um homem e uma mulher, mas suas vozes não se parecem com as vozes dos outros alpinistas e a língua em que falam também não é a mesma falada por seus companheiros de escalada.

Os silvos novamente se fazem ouvir agora de maneira agitada como se as cobras estivessem prontas para o ataque, mas não há nenhuma possibilidade de existirem cobras naquela caverna perdida na montanha. Issís se aproxima mais e mais do fundo da caverna ela pode agora ouvir a voz do guia do grupo de alpinistas que implora a uma mulher que tenha piedade, o mais estranho é que agora Issís consegue distinguir a língua em que eles falam. Grego é isso como aquele guia idiota pode falar Grego?

Ao chegar silenciosamente ao fim da caverna e ver de costas uma mulher vestida de maneira estranha e repugnante que em lugar de cabelos tem serpentes que se movimentam e silvam a todo o momento, Issís então percebe afinal que o grupo de alpinistas foi vitima de uma terrível armadilha arquitetada por aquele guia e tenta imaginar por quanto tempo poderá tentar escapar daquela terrível caverna,sem olhar para aquele monstro e sem ter o mesmo fim dos outros alpinistas que foram provavelmente todos transformados em pedra.

Selva
Enviado por Selva em 21/07/2006
Reeditado em 13/04/2009
Código do texto: T198973
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