A Fera - Revelação - Quarta Parte

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Henrique manteve seus amigos informados do que havia acontecido com ele na noite anterior, estava com muito medo e até agora não entendia o porque a fera não o atacou.

Ninguém entendia a situação, a Fera deveria ter atacado Henrique como fez com os homens que haviam atacado eles antes de darem de encontro com a Fera na fazenda abandonada. Henrique deveria estar morto, assim como aqueles homens.

- O que devemos fazer? Ninguém sabe como enfrentar uma criatura daquelas. - falou Edu.

- Não sei, mas se ele realmente for um Lobisomem, ele deve ficar fraco quando atingido por prata. Caso contrario, eu não sei o que pode mata-lo. - disse Jack pensando em uma saída.

- Bem, a fera teve medo do Henrique ou de alguma coisa que ele estava usando naquele dia não foi? - perguntou Daniel olhando para os companheiros.

- Sim, mas o que poderia ter assustado uma criatura daquele tamanho? - perguntou Edu.

- Bem, eu conheço uma pessoa que deve saber algo a respeito dessa criatura. - falou Henrique por fim.

- Quem? - perguntaram os três ao mesmo tempo.

- Tem um senhor que mora não muito longe daqui, mas o problema é que a passagem pra casa dele é pelo mato, mora meio que isolado, eu o conheço a um bom tempo, mas nunca tive coragem de ir em sua casa, ele falava muito dessas coisas, lendas urbanas, folclore de todo tipo e lugar, acho que seria uma boa idéia nos irmos ate lá pedir ajuda.

- Eu não quero ser comido por esse bicho, não vou entrar no meio desse mato nem com nojo. - retrucou Daniel.

- Mas se realmente for um lobisomem, ele só deve atacar ou pela noite ou quando for lua cheia, não é mesmo? - perguntou Jack olhando para os amigos.

- É, mas ontem não foi lua cheia, era apenas noite, e mesmo assim ele apareceu para o Henrique. - lembrou Edu.

- Agora que eu não vou mesmo. - falou Daniel andando de um lado para o outro.

- Pessoal, é só nos irmos de dia, e voltamos antes que escureça. - falou Henrique tentando encorajar seus amigos. - Nos não podemos ficar parados, temos que enfrentar essa Fera ou podemos nos arrepender depois, e eu não quero chorar sobre o leite derramado. - encarou os amigos, suas expressões ainda eram de medo.

- Tudo bem, eu vou com você. - respondeu Jack.

- Eu também. - respondeu Edu.

- E você Daniel? Nós não vamos sem você. - falou Henrique olhando para o amigo amedrontado.

- Tudo bem, não gostei da idéia, mas estamos nessa juntos. - respondeu sem entusiasmo.

Os quatro jovens levaram apenas dez minutos para arrumarem as suas coisas e darem inicio a caminhada ate a casa de Bartolomeu, era um senhor que aparentava ter cinqüenta anos, parecia avô dos jovens, ele morava afastado do bairro Cabralzinho, nunca casa simples e gasta pelo tempo, Henrique e Daniel levavam suas mochilas com alguma coisa para comer no caminho, lanterna e tudo que acharam que poderiam precisar caso acontecesse algo.

Depois de quase trinta minutos de caminhada e os jovens ainda não haviam encontrado a casa do senhor, Daniel , Edu e Jack já começavam a ficar amedrontados com o local, as árvores eram grandes, e suas copas ficavam a mais de dez metros de altura, e isso dava um ar de insegurança para eles, o caminho era longo e o sol já começava a deixar o dia dando lugar a noite, estava tudo muito silencioso, mas algo chamou a atenção deles.

- O que foi isso?- perguntou Edu olhando para todos os lados.

- Parece que algum galho quebrou. - respondeu Henrique sem dar muita importância.

Edu continuou olhando a sua volta, Daniel e Jack estavam parados ao seu lado tentando descobrir de onde havia vindo aquele som, e o que causara ele, um galho não iria quebrar sem motivos. Henrique ficou parado esperando os três que estavam a suas costas, mas um som diferente vinha das árvores mais afastadas, parecia que estavam sendo golpeadas por algo grande, e quando a primeira árvore veio ao chão, o desespero tomou conta de todos.

- Corram. - foi a unica coisa que Henrique conseguiu gritar enquanto começava a correr.

Todos estavam correndo, não sabiam o que estava causando aquele som, ou estava começando a derrubar aquelas árvores, eles apenas temiam que fossem a Fera, e nenhum deles queriam ficar pra confirmar isso, todos temiam pela própria vida. Henrique seguia em frente, tentando localizar a casa de Bartolomeu, o medo aflorava em seu corpo e isso impedia que pensasse direito, ele passava por varias árvores e sempre tinha a impressão de estar andando em círculos, seus amigos vinham logo atrás dele, Henrique se deu conta que não havia para onde correr, as árvores a sua frente impediam que passassem em frente, prestando mais atenção conseguiu enxergar um pequeno casebre um pouco afastado dali. Henrique começou a procurar uma passagem que pudesse chegar até a pequena casa, foi que então encontrou alguns arbustos próximo ao pé de uma árvore grande, sem pensar começou a correr em sua direção e tentou abrir passagem entre os pequenos galhos, havia uma estreito buraco, por ali era póssivel chegar a casa, Henrique olhou para trás vendo seus amigos se aproximarem. - Vamos, por aqui. - gritou chamando a atenção dos três, vendo que haviam entendido, começou a engatinhar ate chegar ao outro lado ajudando seus amigos que ainda estavam entre os galhos, puxando um por um todos até ficarem todos a salvos.

Eles não conseguiram ver a criatura que derrubava as árvores, mas foi possível ouvirem o seu rugido feroz por não ter conseguido alcança-los, e quando se deram por si viraram em direção a casa e foram surpreendidos por um senhor que os aguardava a uns três metros de distância deles. Todos se assustaram, Jack caiu com o salto que deu para trás.

- O que aconteceu? Parece que vocês viram um fantasma. - falou Bartolomeu aproximando-se a passos lentos.

- Era um lobo Bartolomeu, temos que sair daqui antes que ele volte. - respondeu Henrique puxando o velho pelos braços ate sua pequena casa.

Os jovens explicaram o que havia acontecido nos últimos dias, Bartolomeu ficava escutando em silêncio, coçava a barba por fazer vez ou outra, isso quando não assentia com a cabeça concordando com as explicações dos jovens. Quando eles terminaram as suas explicações, Bartolomeu levantou-se e foi ate uma estante antiga que ficava recostada a parede da sala, pegou um livro bem antigo e encardido com o tempo, ele estendeu o livro para Henrique que estava sentado, Henrique o pegou e viu o velho sentar a sua frente.

- Espero que isso ajude vocês, se eu não tivesse ouvido a fera lá fora eu não estaria acreditando em vocês. - falou encarando os jovens um a um. - Esse livro está na nossa familia à muito tempo, essas historias que contam para as crianças dormirem são "meias verdades", tudo sempre tem um inicio, e com o tempo elas vão sendo alteradas de acordo com a imaginação das pessoas. Nesse livro vocês vão descobrir meios de combater o que está perseguindo vocês, existem alguns desenhos e anotações por aí, essas lendas existem a muito tempo, e minha familia vem fazendo essas anotações como se fosse um tipo de diario.

- Mas ,ainda não sabemos o que é. - falou Edu.

- Simples meu jovem , nesse diario existem desenhos e detalhes unicos de cada criatura, não tem como vocês errarem, pelo que eu entendi vocês falaram que era um Lobisomem, agora é so pesquisar e enfrenta-lo, eu não tenho mais forças nem idade para combate-lo, mas tentarei ajuda-los como posso.

- Mas o que você acha que nós estamos enfrentando? - perguntou Daniel.

Bartolomeu ficou em silencio, coçou a sua barba e por fim disse. - Acho que estamos enfrentando um Lobisomem garotos, mas não é qualquer um, pelo que sei ele tem um ponto fraco diferente de todos os outros de sua espécie, e isso teremos que descobrir aí nesse diario. - explicou o senhor.

Os garotos foram levados até o seu bairro em segurança, eles estavam sendo acompanhados por Bartolomeu que usou um caminho auternativo diferente do que eles haviam usado, era mais seguro, por fim, antes que tivesse caido a noite, todos estavam em segurança na casa de Henrique, exceto Bartolomeu que descidiu voltar para sua casa, havia prometido que chegaria bem e que nada iria acontecer com ele.

Após folhearem o diário algumas vezes, encontraram o que procuravam, havia dez paginas descrevendo apenas sobre a Fera que eles haviam encontrado, os desenhos eram bem detalhados, poucos índios haviam encontrado com eles, mas alguns pajés relatavam que a fraqueza da criatura era apenas outro lobisomem, caso contrario a unica salvação era apenas prender o lobisomem em um local fechado e com magia ANGA, e somente os índios dessa tribo é que poderiam fazer as magias, pois isso estava no sangue deles e não apenas em suas palavras em proferir a cela mágica, normalmente o Lobisomem mais fraco tinha medo de outro lobisomem, podendo enfrenta-lo apenas quando os dois estão em sua forma Lupina, caso contrario os dois não irão morrer, no entanto, caso começassem uma batalha entre lobos, ela somente poderia ter fim quando um dos dois fossem mortos.

- O que vamos fazer? - perguntou Henrique.

Jack, Edu e Daniel olharam para ele assustados com o que acabaram de ler, como poderia ser, isso não poderia estar acontecendo com eles, não em Macapá onde nunca aconteciam nada fora do normal.

- O que foi gente? - perguntou Henrique percebendo a maneira que seus amigos o encaravam.

- Eu estou desconfiando que você é a outra Fera, você é o outro Lobisomem cara. - falou Jack por fim.

- Não tem como, nunca fui mordido por lobo algum, nem por cachorro cara. - rebateu Henrique.

- Como você explica esse medo que a Fera sentiu por você? Como um animal daquele poderia correr de você? - perguntou Daniel ainda mostrando estar pasmo com a situação.

- Eu não sei cara, mas não posso ficar por aí me transformando em lobo e enfrentar aquela coisa.

- Então vamos fazer o que? - perguntou Edu.

- Eu não sei, mas se eu sou realmente um lobisomem eu pelo menos tenho que me transformar num não é mesmo? Antes que isso aconteça eu não vou enfrenta-lo, ou seja pessoal, teremos que bolar outro plano.

- Vou procurar uma forma de fazer você se transformar num Lobo, mas você tem razão, não podemos enfrenta-lo sem termos nenhuma arma que surta efeito nele. - explicou Jack. - A prata não pode mata-lo, mas pode paralisa-lo por um tempo, nada mais que isso.

- Então usaremos prata. - falou Daniel.

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Noleto
Enviado por Noleto em 11/12/2009
Reeditado em 03/02/2011
Código do texto: T1973327
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