A Mansão

A antiga mansão permaneceu fechado por mais de 20 anos.

Imponente, com seus altos portões de ferro, e seus jardins bem cuidados.

Era assim, até o dia em que o dia em que o patriarca da casa se envolveu com uma de suas empregadas e depois abandonando-a, deixando viver na tristeza até que deu fim à própria vida.

O que ele e seus familiares não sabiam é que a moça era descendente de ciganos e que a avó amaldiçoou-os a todos.

A partir desse dia a fortuna e toda a familia foi se desmoronando. Os negócios foram dando errado.

Doenças se abateram sobre membros da família. O ódio entrou na casa. Assassinatos.

Alcoolismo e até drogas se infiltraram entres as suas paredes.

Diziam os mais velhos que demônios vieram viver com eles. Ouviam se gritos, blasfêmias, lamentos e foram se dizimando a cada dia.

E a velha avó cigana sempre era vista pelas proximidades, como se observasse a desgraça que ela trouxera sobre aquela casa e familia.

A mesma desgraça que aquele rico homem havia levado à sua familia com o suicídio de sua neta.

Em suma, eles perderam tudo, saúde, dinheiro, perderam até a sanidade, pois vários membros da família acabaram em manicômios em estado de total loucura, ouvindo vozes, falando com seres imaginários, se auto flagelando.

Realmente a maldição da cigana obteve o resultado esperado. A familia acabou. Só ficou a mansão.

Imponente e bela. De tamanho quase inimaginável.

Algumas pessoas até tentaram viver na mansão, mas todas disseram que aconteciam coisas estranhas lá.

O ar era pesado, sentiam uma dor, uma sensação estranha, alguns diziam ver vultos pelos corredores.

Gritos na madrugada, pessoas chorando, crianças sorrindo e depois choramingando.

Ela ficou lá, abandonada com seus fanstasmas. Uma grande corrente foi colocada no portão, as flores do jardim foram cobertas por ervas daninhas. Estava lá.

Algumas pessoas afirmaram ouvir gritos ao passarem na calçada.

Muito tempo se passou e um pequeno shopping foi construído nas proximidades.

A empresa responsável pela construção precisava de mais espaço para estacionamento.

O terreno da mansão seria ótimo.

Encontraram os herdeiros responsáveis pelo imóvel e fizeram uma oferta.

O tal hedeiro, um senhor ja entrado em anos, com aparência estranha e com cara de poucos amigos relutou ao saber o destino da mansão. Seria derrubada para dar lugar à uma parte do estacionamento

Ele afirmava que era a morada "deles" e que não teriam para onde ir.

Levou algumas semanas até o convencerem a fechar o negócio. Aumentaram a oferta, que foi recusada, mantendo-se o primeiro valor.

Mas ainda assim ele disse que não se responsabilizaria com acontecimentos futuros e se realmente gostariam de comprar a mansão.

Afirmativo. Negócio fechado.

Antes da demolição o engenheiro responsável resolveu fazer uma visita à tal mansão assombrada.

Entrou, nada de anormal. Vazia. silenciosa. Solitária.

No final do corredor do segundo andar, uma sala com um armário fechado.

Abriu forçando o trinco. Garrafas de vinho deitadas no fundo, como se fosse uma espécie de adega. Ele não pensou duas vezes, distribuiu algumas com o pessoal e levou umas para casa.

A obra de demolição teve início. Em poucas semanas tudo estava pronto. Onde ficava a mansão agora egora era um estacionamento amplo que estava sempre lotado.

Ele era um engenheiro muito competente e respeitado.

Mas algo não saira como planejado.

Ao chegar em casa certo dia encontrou sua esposa assustada, aparentando muito medo.

Pálida e trêmula.

Questionada se havia visto fantasmas ela respondeu que não, que não os vira.

Mas....que os havia ouvido o dia todo.

Vozes, gemidos, gritos, crianças, e barulho de taças de vinho.

Estava apavorada. Não queriam mais ficar ali.

Com muito tato e delicadeza ele a convenceu.

Entraram. Nada de anormal. Jantaram, conversaram, assisitiram TV e foram dormir.

Na madrugada ela acorda assustada. Acorda o esposo.

Relata ter ouvido sons, vozes, choro.......

Ele ainda sonolento sai da cama, ela se encolhe no canto da cama.

Ele desce até a cozinha pegar água pra tentar despertar.

Abrindo a geladeira e de costas para a mesa, um arrepio o invade, um medo toma conta de seu ser, ele não quer acreditar no que está ouvindo.

Barulho de taças, vinho sendo servido e vozes, risos e choro às vezes.

Ele tem medo de virar e ver o que pensa que vai ver.

Os segundos demoram horas.....

Ele sente pessoas circulando, vultos, barulho de passos.

Ele toma coragem e se vira.

O que ele vê é assustador, é tétrico, ele fica gelado, seus olhos não querem acreditar; mas estão lá, sentados, com taças na mão.

E nem notam sua presença. Ele nota que um deles dirige o olhar para ele. Ele o conhece, é o último herdeiro.

Sim, ele que não queria fazer a venda e disse que "eles" moravam lá, sim, moravam e ele era um deles.

O herdeiro olhando diretamente para ele oferece uma taça de vinho daquela safra tão antiga e tão bom.

- Meu amigo, eu tentei te avisar, nós morávamos lá, você derrubou nossa mansão. Não podemos morar em um estacionamento. Então nos mudamos para sua casa. Ela não é como nossa mansão, mas vai servir.

Fique à vontade, aceita um vinho? A casa é sua......

E deu um pequeno sorriso agradecendo a hospitalidade.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 11/12/2009
Código do texto: T1973256
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