Morte à vista
O trajeto que percorro para ir à faculdade é bem grande. Dois ônibus pra ir, dois pra voltar.
Era 23:30. Havia descido do ônibus fretado e me dirigido, sozinha, ao ponto de ônibus que ficava a cinco minutos de passos bem rápidos. Uma rua imensa pra percorrer, depois dobrar a esquina, andar um bocadinho e voilá!
Esperava o ônibus. Havia chovido naquele dia, mas felizmente estava estiado àquela hora. Aguardava ansiosamente o busão que me levaria para casa.
Não havia uma alma viva na rua, só eu e os meus cadernos. Então, olho pro fim da rua e vejo uma figura malandra e assustadora vindo em minha direção. Ele anda bem no meio da pista, sem se importar com os veículos que passam. O rapaz, encapuzado em seu moletom, bermuda ao pé do rabo, andar moleirão, vem andando, impassível. De repente, pula na calçada e vem andando rápido em minha direção!
Sinto um frio subir por minha espinha ao perceber, na penumbra pobremente iluminada pela luz turva dos postes, o que aquela figura trás na mão: é o cabo de um revólver!
- Chegou a minha hora! Que deus tenha piedade da minha alma! – penso. O coração frio, as pernas bambas... Mas de queixo erguido! – Sem pânico, sem pânico.
Vejo um estranho objeto pontiagudo atrás de suas costas. Então, o “mano” passa por mim, ignorando minha presença. Quando ele passa, finalmente me viro para olhar. O que ele tinha na mão... não passava de um enorme guarda-chuva! Ele segurava o cabo, e o que aparecia trás de suas costas era a ponta do guarda-chuva!