MULA-SEM-CABEÇA
Sempre ouvi falar em mula-sem-cabeça como parte do nosso folclore. Na verdade, recentemente descobri que pertence às crenças da Península Ibérica e veio parar no Brasil através dos portugueses.
Eu ri muito quando adolescente, pois uma amiga minha, linda, namorou um padre, engravidou, perdeu o neném e depois tentou se matar. Não ri dela, mas de um comentário maldoso: "Ela é a mula-sem-cabeça". Sem cabeça mesmo, namorou um padre que optou pela igreja, mas a quis e a comeu muitas vezes, até se enjoar e ser transferido para outro país. Creio eu que só para viajar, conhecer o mundo, não fazer nada, só orar, comer bem, estudar, sair daquela vida cheia de restrições da classe média baixa.
Há padres que são verdadeiras tentações, não oferecem os céus contidos na bíblia, mas o paraíso das luxúrias enquanto duram. Muitas mulheres já se ajoelharam em frente ao senhor e ao sacerdote, por pura carência e beleza física deles. Aquela fala mansinha, confortando os corações desesperados...
Ave Maria! Ele era realmente uma tentação: tinha trinta anos, e tentei fugir. Nunca fui de frequentar igreja, mas passei a ir sempre à missa só para vê-lo. Fiquei amiga dele, mas o remorso me bateu, porque senti um envolvimento de sua parte também. Não estava certo! Mas talvez se não fosse eu, fosse outra. Sumi.
Um dia, dentro do mercado, ele me encontrou, deu dois tapinhas no meu ombro, quando me virei dei de cara com ele e me perguntou por que eu não estava mais indo lá. O que dizer? Ia me confessar? Disse que estava muito atarefada, mas que ia aparecer. Ele foi comigo até a porta da minha casa, levou umas sacolas de compras, e eu o convidei para subir, com medo, mas de mim mesma. E, o que eu temia aconteceu, nós nos rendemos à atração, ao amor, seja lá o que for, nós não fomos, nem somos os únicos.
Desde lá eu fico arranjando desculpas para nós como pensar que a Igreja instituiu o celibato para não dividir os seus bens com as famílias dos padres: mulher, filhos etc
Há muito tempo eu não consigo mais dormir, tenho sonhos nefastos, visões com anjos e demônios me perseguindo, fazendo profecias apocalípticas e nas noites de quintas para as sextas, não me lembro por onde andei, nem o que fiz, não estou usando drogas não. Eu fico preocupada, porque disseram ter visto um animal estranho correndo e lançando fogo pelo centro da cidade. He he he he, não estou maluca não. Pesquisei na Internet quais são as maneiras para me livrar do feitiço. Uma delas é a seguinte:
Consiste em uma pessoa arrancar o cabresto que eu possuo, outra forma é furar-me com algum objeto pontiagudo, tirando sangue (como um alfinete virgem) - Desta forma, eu não quero. Outra maneira de evitar o encantamento é de que o amante (padre) me amaldiçoe sete vezes antes de celebrar a missa.