Pesadelo no Mauer (miniconto)
Ele está lá! Desumano! Intransponível! Inatingível! Sangue enegrecido, mal cheiroso, putrefato,... morto!Espalham por seus cantos, incontáveis números de larvas e moscas, atraídas pelo cheiro e sabor da morte. Ratazanas roem o sangue empossado na terra ao lado de toda a sua extensão. Seres humanos angustiados correm para escapar da crueza da vida. Alarmados, com o isolamento imposto a sua visão de explorar o mundo ao seu redor. A esquizofrenia impera nos governantes. Tiros são disparados! Um homem de camisa branca tomba de bruços. Um líquido grosso, avermelhado tinge a sua camisa. O homem fica ali inerte. Sua vida se esvai, lentamente... Trabalhadores desembarcam dos caminhões. Descarregam os materiais de construção. Carregam colheres de pedreiro, picaretas, britadeiras. Enquanto, alguns quebram o calçamento, outros empilham tijolos e os fundem com argamassa. O Mauer se alonga pelas avenidas e ruas. Olhos inquisidores, perplexos admiram imóveis; o seu nascimento. O horror da separação traumatiza famílias. Desestabiliza! Homens armados preparados para atirar se posicionam no alto das torres. Vinte e oito anos de divisão e crueldade se esvaem pouco a pouco. Ferramentas são ouvidas. Arranham, batem, quebram. Abrem fendas. Pelos buracos olhos espreitam, dedos se tocam. Pouco a pouco ele é vencido. Os marginalizados o derrubam. Gritos e canções podem ser ouvidos ao longe, A população se une, reúne e o agridem com ódio. A “ilha comunista” pode se abrir para todo o continente. O Muro de Berlim foi por terra. O difícil processo de reunificação se inicia!
Um pouco de história:
Na manhã do dia 13 de agosto de 1961, Berlim amanheceu divida. A decisão de construir um muro para separar o lado oriental e o ocidental havia sido tomada na noite anterior e começava a virar realidade. 48 anos após a data, o Muro de Berlim não existe mais, mas ainda é reconhecido como o principal símbolo da Guerra Fria.