Terror alienígena

Trinta segundos eram tudo que lhes restava antes da nave se autodestruir. Os oito sobreviventes corriam desesperadamente em direção a saída, passando pelos corpos sem vida de companheiros e inimigos. O grande portão de aço da nave estava arrancado de suas dobradiças e fora arremessado metros adiante.

Clarissa tropeçou no líquido viscoso e negro que escorria do corpo de um dos alienígenas que abordara a nave. As lágrimas corriam de sua face enquanto recebia ajuda do comandante Marcos para levantar-se.

- Vamos! Rápido! – Marcos gritou para o restante de sua tripulação, reduzida de oitenta a oito em menos de vinte minutos de batalha.

As imagens passavam rápidas por sua mente, reconstituindo o que havia acontecido, tentando encontrar em vão a falha na estratégia que haviam adotado para aportar no planeta. A direção, a órbita, a velocidade, a camuflagem da nave, tudo parecia correto conforme indicava o painel. E então subitamente eles foram atingidos, não por um, mas por quinze torpedos, segundo os cálculos rápidos dele. As turbinas, o motor, tudo foi destruído, restava-lhes pousar em qualquer lugar para tentar salvar alguma vida. O grande azar deles foi que a máquina só conseguiu levá-los até uma cidade, ou era o que eles imaginavam a primeira vista. Prédios de metal, estruturas complexas e centenas, milhares de seres.

Em questão de segundos eles adentraram a nave, seres altos, com grandes vasos desenhados em sua pele fina e sem pêlos. Suas vestimentas resumiam-se a uma longa túnica de algodão cru, ou era o que aparentava. As mãos, com suas garras afiadas e pontiagudas eram as únicas armas que precisavam, pois a velocidade daquelas criaturas lhes protegia de qualquer ataque. E a defesa que a tripulação de Marcos possuía estavam na nave, completamente destruída, o que lhes restava eram apenas algumas pistolas de laser que alguns dos membros possuíam, mas que não foi suficiente para salvá-los.

Marcos apanhou uma das pistolas que estava com seu companheiro Plínio, agora morto, metros antes do portão. Carlos guiava a expedição, correndo cegamente e desesperadamente em direção ao ponto de proteção mais próximo. Marcos ouvia o apito do computador se intensificar, cinco segundos e tudo iria pelos ares.

O grupo entrou em uma das casas de ferro metálico, tateando na escuridão intensa que dominava o lugar, até encontrar a parede oposta e agachar-se, torcendo para a explosão não alcançar o edifício – se é que poderia ter aquele nome.

Uma mão gelada encostou no pescoço de Marcos, os dedos compridos roçaram sua pele, as unhas afiadas fincando-se levemente na pele.

- Temos companhia – foi tudo que ele sussurrou para os companheiros, aguardando impaciente, as unhas arrebentarem seu pescoço, segurando inutilmente a pistola.

O clarão veio junto com a explosão, os pedaços da nave voaram para todo o lado, o fogo tomou conta da cidade. A construção de metal que eles se encontravam se aqueceu subitamente, as paredes começaram a derreter-se.

A mão afroxou-se enquanto o ser caía no chão, desmaiado ou morto? Quem se importava?

- Vamos! Fora daqui, para longe dessa cidade, agora!! – gritou Marcos, fazendo a tripulação sair do choque e correr antes que o teto caísse sobre suas cabeças.

Marcos voltou o olhar para a cidade quando estavam a centenas de metros de distância, na base de uma montanha de pedras vermelhas. Não havia florestas, cavernas, ou qualquer outro refúgio, aquela montanha com certeza já havia sido completamente revirada em busca do metal. E agora, esse mesmo metal, fundido de alguma maneira muito ingênua, jazia no chão, derretida pelo calor – não tão intenso – da explosão da nave. Qualquer lugar que os fragmentos em chamas tocavam fazia tudo derreter.

Centenas de criaturas jaziam no chão, suas couraças pálidas contra o céu escuro, enquanto outros corriam insanamente em direção alguma pelo que se podia observar.

- Três de nossas naves estão aqui, mas aparentemente tudo está calmo desse lado – gritou Carlos quando alcançou o topo da montanha e olhava para o outro lado.

Clarissa e o restante da tripulação renovaram seus ânimos e subiram rapidamente a montanha para encontrar humanos e esperança.

- Cuidado! – gritou Marcos antes de ter seu coração arrancado.

Três soldados alienígenas correram morro acima sem dificuldade alguma, fazendo a montanha parecer uma pequena colina, e no caminho, deixaram sangue vermelho escorrendo ao solo. Carlos viu um a um de seus companheiros caírem de um lado da montanha, enquanto centenas de outros invadiam as naves recém aportadas para levar o terror a outros trezentos humanos.

Os olhos amarelados do ser encontraram os olhos castanhos de Carlos, ambos piscaram. Tudo que Carlos sabia era que iria morrer, mas por piedade, nem isso ele sentiu.

Emília Kesheh
Enviado por Emília Kesheh em 03/11/2009
Código do texto: T1903332
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