MAIS UM PROFESSOR - PARTE 2

TERROR NO MAGISTÉRIO

Ministrando aulas para o último ano do ensino médio, de uma escola pública, à noite, o professor trintão e circunspecto, parou reflexivo, por segundos, contemplando seus pupilos: a turma era heterogênea, cheia ( cinquenta discentes ), comportando várias faixas etárias - de treze a sessenta anos; interessada, porém de rendimento baixo.

O docente elaborou e escreveu no quadro dez perguntas sobre um texto dissertativo. Enquanto todos se esforçavam para fazer o trabalho que era para ser feito em grupos, uma aluna morena, aparentando ter uns trinta anos, andava para lá e para cá, saía de sala, falava com um e com outro, não sentava nunca. Quando faltavam exatos dez minutos para o término do tempo, ela abriu seu livro na página, leu o texto e respondeu às questões. O mestre aproximou-se e disse:

- Nossa, como você escreve rápido!

- É que eu fui médica, professor!

- Foi Médica!?

Ela com a cara e sorriso mais cínicos:

-Sim, falsa médica...trabalhei no PAM de Acari, tinha carimbo, bloco de receita, atestado, aparelhagem. Eu lia tudo quanto era livro de medicina. Quando eu não tinha certeza no diagnóstico, encaminhava para um outro especialista para emitir uma segunda opinião e receitava remédios que se bem não faziam, mal também não iam fazer. Até que um dia a fiscalização me pegou e eu fui presa. O senhor não me viu no jornal não?! Fiquei uns meses presa e saí por bom comportamento.

- E agora? Você vai fazer vestibular para medicina?

- Não. Direito!

Ao recolher os trabalhos, ficou muito curiososo para ver o da "doutora". Não é que estava tudo certo?! Pensou: Só pode ser psicopata...

LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 31/10/2009
Reeditado em 01/11/2009
Código do texto: T1897518
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