Cerimonia apocalíptica (miniconto)
A Rua das Rosas pela altura da Rua dos Girassóis cheira a decomposição. Os passantes torcem o nariz, os vizinhos procuram o local do mau cheiro. Logo na praça ao lado da mansão do Carvalho; três gatos pretos foram decepados, desmembrados e pendurados em uma cruz. O sangue encharca a terra. Restos de uma celebração se encontram no local. Duas velas negras e uma branca disposta em uma cruz invertida no interior de um triângulo invertido. Todos se perguntam como não ouviram barulho durante o cerimonial. Sem dúvida, o silêncio imposto pelo “Anjo do Mal” fixou a cera da surdez na vizinhança. O bairro tão calmo, de repente se torna insuportável. Um vizinho espiona o outro. As maledicências impõem mentiras. Os amigos viram inimigos. Desta maneira o mal impera com facilidade. O homem se aniquila, se inquieta, se vampiriza, pelo medo do desconhecido. O temor do inferno fragiliza o espírito. O conhecimento e a consciência são as armas para a incompreensão. Os vizinhos procuram levar adiante a vida. Seu Pereira preconiza iluminar mais as ruas do bairro. Todos aceitam. Nisto um senhor que mudou a pouco no bairro enfatiza: “A luz pode afastar a celebração do mal, mas a verdadeira luz precisa estar no interior de cada um de vocês.”