BRAVO
Do nada foi parar naquela enorme mansão
cheia de quartos e recintos. Cada um refletia um ambiente diferente, uma atmosfera evocando emoções diversas e adversas. Cheiros distintos. O vazio invadia sua alma, sua mente. Havia necessidade de se suprir, de alguma forma, aquela falta, preencher o vácuo interior, queria engolir o mundo. Onde estava todo mundo?

Os salões de festa preparados, arrumados, enfeitados, com as mais saborosas e requintadas iguarias.
Ao fundo, a orquestra produzia em alto som uma linda música. Só os instrumentos. Onde estavam os músicos, as pessoas?

Percorreu todo o lugar e não encontrou ninguém. Em um galpão, sua visão foi ofuscada por uma luz intensa de holofote, mas pode ver um picadeiro com seus trapézios, suas redes de proteção. Onde estariam os mágicos, os domadores, os contorcionistas, malabaristas, atiradores de faca, a mulher barbada?

Percorreu bares, becos, ruas... neon... Uma passagem secreta dava para um saguáo, uma galeria onde repousavam suntuosas esculturas.

Estremeceu de medo ao ver um vulto sair de um quadro e se mexer no escuro.


Tomou coragem, encheu o peito de ar e perguntou:
- Quem é você?
E uma voz andrógina e poderosa respondeu:
- Eu sou a Arte!
Escutou aplausos fortes. Bravo! Bravo!
Ainda tonto, viu-se no centro do palco, reverenciando a multidão, esperando recobrar a memória, mas mesmo assim, foi tomado por uma incomensurável alegria e saboreava seu glorioso momento.
Colegas, escutem meus áudios musicais, leiam meus contos de terrir!
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 18/10/2009
Reeditado em 23/07/2014
Código do texto: T1873288
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