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Tudo estava muito confuso em minha cabeça. Meu celular toca me tirando em parte daquele estado de transe. Peguei a bolsa, era a minha irmã, não atendi, joguei tudo em cima da cama e pulando delicadamente aquele corpo imóvel, caminhei ate o banheiro. Precisava de um banho.

Tirei as duas peças de roupas intimas que estava usando, abri o chuveiro bem forte, água bem quente, devo ter perdido a noção do tempo enquanto a água corria pelo meu corpo, mas não consegui relaxar. A porta do banheiro estava semi-aberta, era como se alguém ou algo me observasse, olhei para a porta, um vulto negro passou muito rápido em direção ao quarto e eu ouvi um grande estrondo de vidro quebrando. Não era medo o que eu sentia, mas fiquei imóvel por alguns segundos. Desliguei o chuveiro, me enrolei numa das toalhas que havia perto da pia, abri a porta bem devagar e sai.

E o vi saindo pela janela de vidro. Corri por impulso para tentar segura-lo. Sem sucesso. Pisei nos cacos do vidro da janela que estavam pelo chão. Abri a minha boca de dor, mas não gritei, e vi estava sangrando. Mordi meu lábio pelo nervosismo e senti que ele me olhava. Olhava-me fixo. Então num ato de súbita coragem, ergui meu rosto e o olhei direto nos olhos. Impossível descrever o que exatamente senti afinal tudo o que eu andava sentindo nas ultimas horas era realmente difícil de explicar!

Mas se assemelha ao êxtase que senti pouco tempo antes, enquanto eu mordia meu ex-namoradinho, só que com outro significado... Era como se eu estivesse diante de uma pessoa muito querida ou um amigo de tempos... Séculos talvez...

Ele me encarava e fitava meu corpo de cima abaixo, dando uma olhadinha mais demorada no sangue que fluía dos meus pés. Eu agora havia soltado o meu lábio e novamente entreabri minha boca enquanto nossos olhos se encontravam novamente, e como uma onda de choque ele falou: - não se preocupe com as feridas. As suas e as dele, estarão ótimos daqui a pouco. Você primeiro claro! E mantenha a calma quando for falar do vidro quebrado.

Eu estendi a minha mão em sua direção involuntariamente.

- Não se assuste, no começo é tudo um pouco confuso, mas, do jeito que você é perfeita não terá muitos problemas durante a adaptação. Você já estava preparada há tempos! Nos veremos em breve!

E descendo da sacada da janela, veio em minha direção rapidamente.

Senti seu hálito perturbador afastando meus cabelos e arrepiando minha nunca enquanto ouvia a voz de seda: - a propósito, você é linda.

E eu vi seus olhos cor de água tão de perto, e eu vi aquela pele de porcelana pálida se afastando como se flutuasse e eu vi que o sobretudo daquele homem tinha duas aberturas discretas nas costas e no mesmo momento eu vi a utilidade daquilo; um par de asas negras brilhantes e perfeitas surgiram como mágica e se abriram enquanto o ser de olhos cor de água sentou de volta no parapeito da janela e se lançou no nada. Era surreal. Era incrível demais para que eu acreditasse... Mas com tantas coisas acontecendo comigo, com as pessoas e com o mundo ao meu redor, nada mais lógico, então, que eu simplesmente acredite.

Continua...

pRincesS of innocence
Enviado por pRincesS of innocence em 17/10/2009
Reeditado em 24/10/2009
Código do texto: T1871944
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