O Quarto - Cap 05

5-Capitulo;-Revelações.

Já aparentava ser tarde, mas não passava da hora do almoço, a chuva castigava lá fora, Ricardo parecia esta inquieto, ele estava sentado na cadeira do balconista, Paulo estava arrumando umas peças na estante ao lado.

-Por mim fechava a loja e iria para casa.

- O senhor bem sabe que essa chuva é passageira, logo para.

Ricardo olhou para Paulo desconfiado por um breve momento.

-É, você está certo, não se pode adivinhar o clima com esse aquecimento global.

Débora chegou na loja com uma sacola.

-Não deu tempo almoçar lá, trouxe o meu almoço para comer aqui com Paulo, pode ir Pai.

Ele se levantou, lançou um ultimo olhar desconfiado nos dois e saiu.

-Acho que ele esta desconfiado.

-Também não é para menos, vem de shortinho trabalhar.

-Qual é? Esta chovendo lá fora, iria molhar minha calça.

-Eu sei, mas não precisa fazer ciúme.

-Bobo.

Ela envolveu os braços ao redor pescoço dele, e então se beijaram. Paulo e Débora namoram há quase um mês, eles começaram a namorar já na segunda semana de trabalho de Paulo, ela o provocava como podia, mas apelava para as roupas curtas, no fim de uma tarde confessou a atração e desde então estão juntos. O pai dela suspeitava do namoro, mas não fala nada sobre o assunto, Débora tinha medo de ele despedir Paulo se descobrisse.

A loja era o ninho do amor para os dois pombinhos, já que na casa dela e nem na de Paulo podia acontecer alguma coisa. Ele não deixava ela entrar em seu quarto, o que a angustiava, porque ele já contara tudo que acontecera nele.

-Paulo, eu acho que você esconde algo naquele quarto,é mulher?

-Não.

-Então vai deixar eu entrar nele?

-Não, você só quer ver se encontrar algo sobrenatural nele.

-Poxa , você sabe que sou doida para ver um espírito ou algo do tipo, deve ser maneiro.- Ela ficou sonhando por um momento.

-Eu não, eu quebrei duas costelas por isso, e acho que não deve ser um mero espírito. –Paulo já lera alguns livros que Débora o emprestou.

-Isso que torna tudo mais divertido, e acho que ele não pode sair do quarto, você disse que tem aqueles símbolos na porta.

-Eu não quero você mexendo com ele, ele já assustou a Gabriela, e ela ficou com tanto medo que nem fala comigo direito.

-Essa menina de novo. – Débora não gostava de Gabriela, achava muito metida, mas isso tinha a ver com um namorado antigo dela.

-Ciumentinha linda. – Paulo deu um beijou no bico dela.

Algumas pessoas entraram na loja nesse momento.

-Olha se não são os pombinhos.- Quem disse isso foi um garoto loiro, alto, vestido em uma capa de chuva.

Logo atrás do loiro, existiam mais duas pessoas, uma garota de cabelos escuros e cacheados, com ar de garota tímida, e um garoto de físico atlético e cabelos curtos de cor castanha, em ordem de chegada eram, Lucio, Aline e Marcos.

Marcos tinha uma atração por Débora, mas ela nunca deu bola pra ele, e por isso .ele tinha certo ciúme de Paulo, o que deixava Aline, sua namorada, desconfortável quando estavam todos reunidos.

-Vão para Festa hoje?- Perguntou Lucio animado.

-Sim. – Falou Débora rápida. – Vamos sim, quero um tempinho com o meu namorado.

Paulo olhou Marcos se contorce um pouco com essa palavra, Aline se encolheu ainda mais.

-Então Paulo, pode-nos da uma carona? –Lucio olhou para o gol vermelho.

Paulo tinha concertado o Gol com ajuda de Ricardo, e comprado uma tinta, seu carro parecia saído da fabrica.

-Posso, se não for incomodo.- Ele olhou para Marcos e Aline.

-Então tudo certo, nos pegue as 22:30, lá na praça. – Lucio respondeu por todos.

-Ok então.

-Bem vamos indo, tenho que comprar uma calça. –mostrou a calça para eles.

-Esta precisando mesmo.- caçoou Débora.

Ele mostrou a língua para Débora, e os três saíram da loja.

O dia foi calmo na loja, com poucos clientes, Paulo almoçou com Débora, ficaram durante o resto do dia falando da festa. Ricardo tinha deixado Débora dormir na casa de Paulo, porque não gostava da idéia dela andar tarde da noite, mesmo que seja com Paulo e de carro, então, mesmo não gostando deixou ela dormir lá, Débora amou isso.

Paulo se despediu de Débora assim que fecharam a loja, e a deixou em casa, quando ele voltou para a sua, seu tio ainda não tinha chegado. Paulo depois de jantar, subiu ao quarto para mexer no computador, ele viu Gabriela pela janela, sorriu e acenou, ela retribuiu e sumiu da janela momentos depois.

Paulo ficara no computador ate umas 21:30, logo decidiu que devia se arrumar, tomou banho e vestiu uma roupa nova, pegou seu carro e foi ate a praça marcada.

Eles já estavam esperando, e entraram rápido no carro, a festa era em uma área afastada da cidade, com eles indicando o caminho Paulo, chegou em mais ou menos 30 minutos no local, a festa já estava animada.

Todos desceram do carro e entraram na fila, por ironia ou não, Paulo e Débora ficaram ao lado de Gabriela e seu ex, Gabriela parecia meio triste ao ver Paulo, já Débora mantinha um sorriso no rosto. Demorou certo tempo para entrarem na festa, mas quando entraram curtiram muito , Lucio conseguiu uma mesa junto ao bar e beberam, brincaram e se divertiram ate alguns deles ficarem falando besteira, Paulo e Debora se levantaram, a natureza chamava.

Paulo saiu do banheiro primeiro, foi quando encontrou Gabriela sentada em um canto chorando, Paulo se aproximou.

-Gabi, aconteceu algo? – Ela o olhou e chorou mais.

-O que foi? – insistiu

-Meu namorado é um grosso, gritou comigo por que...por que..

-Por que..?

-Tem ciúmes de você.

-E porque teria ciúmes de mim?

-Porquesabequeeugostodevocê. –Ela falou tudo isso de vez, Paulo quase não entendeu nada.

-Gosta de mim, como? A gente se conheceu rápido e você me evitou tanto tempo.

-No começo, foi por causa daquele cara de olhos amarelos, ele me assustou muito, mas depois que você começou a namorar “ela” eu não paro de pensar em você. –Paulo ficou sem reação.

-Não sei o que dizer.

Ela se aproximou de Paulo, e uma voz gritou ao fundo.

-Você!!!. – era o namorado de Gabriela.

Ele partiu para cima de Paulo, só que desta vez Paulo revidou e antes que ele levantasse a mão, já estava caído no chão.

Ele ia se levantar mas algo o assustou, ele saiu correndo, Paulo não entendeu nada, Gabriela foi atrás dele, antes entregou algo na mão de Paulo.

- É seu, não posso mais ficar com isso.- era o pingente com o símbolo que Paulo a dera no hospital.

Débora saiu logo um tempo depois e perguntou o que aconteceu, Paulo contou tudo.

-Aquela safada, se eu pegar ela, ela vai ver.

-Você não vai fazer nada.

Ela então começou a discutir, briga que ficou em birra por boa parte da noite, ate claro, seus amigos obrigarem a dançarem juntos e minutos depois estarem aos beijos. Enquanto dançavam Débora sentiu algo no bolso de Paulo, enfiou a mão discretamente para pegar.

-Uau!!

- O que foi?- Perguntou ele sem entender.

- Da para mim?- Ele então viu o pingente, antes que pudesse dizer algo ela já estava com ele no pescoço.

-Agora estamos iguaizinhos. –Ela disse se referindo aos colares.

A festa durou ate por volta das 4 da manha, Paulo deixou os outros na praça e foi para casa com Débora.

A cena que encontrou na casa foi deplorável, seu tio André esta bebendo uma garrafa de whisky frente à tv e chorando, Débora entrou e foi para um canto mais afastado enquanto Paulo ia ate seu tio.

-Tio André o que aconteceu?-Ele se ajoelhou ao pé do sofá para dar uma boa olhada em seu tio.

Seu tio o olhou e então começou a chorar, ele tentava falar e só gaguejava entre os choros, não se podia entender nada.

-Leve ele para dormir Paulo. –Disse Débora.

Ele com esforço tomou a garrafa do seu tio, e passando o braço dele ao redor do pescoço, o conduzi-o pelas escadas e pelo o corredor ate o quarto.

O jogou na cama, e começou a tirar os seus sapatos, ele chorava.

-Que saudade de você, que saudade de você.

-Saudade de quem tio?

-Dela filho, dela, hoje era nosso aniversario de casamento, porque fui ouvir eles, por quê?

- Eles quem?- Paulo estava curioso.

-As vozes, eu invocava elas, elas me ajudavam , mas não saiam da minha cabeça, me davam o que queria, mas pediam sempre mais, muito mais...

-Pediram o que?

-Meu filho...queriam meu filho, eu tive que dar, eles tomaram dela, ela perdeu ele, nunca me perdoou depois disso, ele me odeia.

-Como ele te odeia se ele nem chegou a nascer?

-Ele voltou, com raiva, ele esta no quarto.

-No quarto? –Seu tio dormira.

Quando saiu do quarto do seu tio, Débora estava dentro do seu quarto.

-O que você esta fazendo ai?

-Vou dormir com você.

-No “quarto” não.

-Por quê? – Ele explicou tudo a ela, depois disso o quarto ficou mais fascinante para ela, por fim ela conseguiu convencer ele, ele aceitou prometendo que ela não soltasse a mão dele, ela riu do pedido, mas concordou, não preciso dizer que eles ficaram muito mais do que de mãos dadas.

Paulo teve um sonho naquela manha, Um garoto o mexia na cama.

-Paulinho, Paulinho, sou eu o Guto, acorda.

Paulo acordou, ele sorriu com seus dentes falhos e rosto cadavérico cheio de buracos.

-Ele a pegou.- E então desapareceu.

Paulo acordou logo depois com barulho de sirenes, olhou pela janela, havia uma ambulância lá fora, ele vestiu sua calça e desceu correndo, Débora foi logo atrás dele, quando saiu na porta se deparou com uma cena da qual não gostaria de presenciar, Gabriela estava em uma maca sendo colocada na ambulância, e sua mãe chorava caída de joelhos na calçada, Débora levou às mãos a boca chocada, Paulo também estava em choque.