O Quarto - Cap 04
4- Capitulo;- O Simbolo.
Paulo se assustou e correu para a janela, Gabriela estava do outro lado já de camisola, a luz acessa, a mãe entrou e abraçou a filha, ela apontava para algo no canto do quarto, mas pela cara das duas, o que quer que fosse não estava mais lá, Paulo encostou no parapeito da Janela.
-Tudo bem ai? – Ele gritou, o rosto de Gabriela se voltou para ele e ela soltou outro grito e então ele foi empurrado da janela.
Paulo fechou os olhos para não ver o impacto, mas ele veio e Paulo parecia inteiro, só que os barulhos de agonia e de correntes arrastadas no chão o fizeram acordar.
Estava novamente no pátio daquela noite, onde havia varias pessoas, algumas punidas de maneiras que é difícil descreverem, outras faltando partes do corpo, Paulo conseguiu ver ainda o rapaz da primeira noite, , ele estava sendo torturado em uma mesa por um daqueles grandes homens que tinham correntes nos pulsos, ele sorria ao ver Paulo, entre os gritos de dor, isso era algo terrível.
Mas viraram Paulo bruscamente e quem fez isso foi o homem dos olhos amarelos, ele deu um soco na barriga de Paulo que o fez voar metros e bater no fundo de um daqueles quartos, o homem entrou e a porta se fechou.
-Bem vindo ao meu quarto...ou não reconhece mais ele?
Paulo olhou em volta, parecia com o seu quarto, mas estava diferente, todo destruído e feito de ferro enferrujado a escrivaninha não existia mais, a dor nas costelas indicava que acabara de quebrar umas duas costelas, o homem se aproximou mais.
-Quem é você?
-Pare de pergunta isso, não irei responder.
-O que você quer comigo?
-Brincar.
A porta se escancarou nesse momento e o jovem rapaz passou pelas pernas do homem de olhos amarelos e segurou a perna de Paulo, alguém agarrou na dele, era o homem que o torturava, e com um puxão sobre-humano os jogou, os dois no meio do pátio.
O rapaz segurou no braço de Paulo e o conduzindo entre as pessoas o prendeu em um quarto, se virou para ele sorrindo depois da corrida.
-Vai ficar tudo bem, você esta vivo não pode ficar muito tempo aqui.
-Onde estou?
-Já disse, isso é o inferno, ou pelo menos a menor parte dele, vamos dizer que aqui não é nada perto do inferno lá fora, esta mais para um deposito.
-Deposito de que?
-De alma oras, aqui ficam mais as pessoas que tem algo prendido na terra, eu estou aqui porque não aceitei minha morte, quero ficar na terra, tome isso.-Ele entregou duas cordinhas com pingentes estranhos para Paulo.
-O que é isso?
-Eles vão proteger você contra ele, protege contra criaturas “demoníacas” pelo menos foi o que contaram, eu consegui pegar duas, são proibidas aqui, apesar de que só funcionam em seu mundo, use e de pra alguém próximo, ele provavelmente estará mais irado ainda com você.
-Mas quem é você? – Perguntou Paulo, ele sorriu.
-Um amigo, não me reconhece mais Paulinho? – Tudo escureceu depois disto.
Paulo percebeu que ainda estava de olhos fechados, e quando finalmente abriu estava em uma cama de hospital, seu tio abriu o sorriso.
-Não se preocupe, logo te darão alta.
Paulo sentiu algo na mão e para sua surpresa as duas cordinhas estavam lá, ele se lembrou e se virou logo pro seu tio.
-Tio tome uma dessas, comprei para você em uma lojinha..-Seu tio interrompeu mostrando que já tinha uma.
-Eu tenho, qualquer camelo vende.-Ele sorriu. -Descanse. –Aquilo intrigou Paulo, mas não era hora de tocar no assunto.
Seu tio saiu, e momentos depois Gabriela entrou com olhar de preocupada.
-Vo-vo-cê esta bem? – Tinha a voz de quem acabou de chorar.
-Estou sim, só foi uma quedinha.
-Mas eu o vi te empurrando.
-Ele quem?- Paulo perguntou rápido, ela ficou muda.
-Diga. –Ele insistiu.
- O homem que estava no meu quarto ontem à noite, ele disse para ficar longe de você, depois disso sumiu, ele me puxou da cama, eu bati a cabeça no chão.
-Ele me empurrou?
-Sim. –Ela estava para chorar.
-Não chore.
-Você caiu porque eu me aproximei de você.
-Não foi isso linda.
-Foi sim, ele disse. – Ela começou a chorar, Paulo esperou que parasse.
Ele olhou para as cordinhas na mão, e olhou para ela, refletiu um pouco.
-O que você acha desses pingentes?- Ela olhou
-São bem “exóticos”
-Você quer um?
-Sendo presente seu, aceito. – Ela tentou sorrir, ele deu um a ela.
Ela colocou a cordinha com o pingente no pescoço e passou um tempo em silencio, depois disse que tinha que ir e dando um beijo na testa de Paulo saiu.
Paulo só conseguiu sair do hospital à noite, o caminho para casa foi em silencio.
À noite Paulo teve que dormir em seu quarto de porta a aberta, para caso precisasse de algo, e para sua felicidade nada aconteceu, a sexta feira ele saiu um pouco, e ate avistou Gabriela, mas ela apenas acenou e saiu depressa, pareceu fugir, aquilo deixou Paulo intrigado, como não tinha nada para fazer ele foi investigar o quarto.
O quarto tinha um ar estranho depois dos acontecimentos, pelo menos para Paulo, mas se olhasse bem era apenas um quarto normal, com uma cama, um guarda roupa e uma escrivaninha, onde tinha o seu computador, ele preferiu olhar seu e-mail primeiro, tinha vários e-mails de amigos, ele respondeu todos, e o de deus pais, sua mãe mandou alguns, mais o que intrigou foi ver como seus amigos o chamavam.
Paulinho, o chamavam de Paulinho, ele parou um tempo para pensar no que o garoto falou, será que ele já o conhecia? Olhou o pingente que o dera, e pela primeira vez reparou na madeira da porta, tinha uns símbolos entalhados lá, pensou primeiro que era uma daquelas coisas de portas antigas, mas se aproximou para olhar.
Um dos símbolos lhe chamou a atenção, ele olhou para o pingente, era o mesmo símbolo, mas porque ele estava na porta? E porque seu tio tinha igual? Ele iria descobrir, mas preferiu não falar sobre isso por enquanto.
À noite fora novamente tranqüila e acordou com seu tio o chamando do outro lado da porta.
-Paulo, você ainda quer ir lá vê se consegue o emprego, se for, estou esperando lá em baixo.
-Sim, eu vou. – Foi à resposta de Paulo.
Paulo se levantou e se arrumou, tomou café e entrou no carro com o tio, reparou em um pacote no banco de trás.
-O que é aquilo?
-Uma parte do dinheiro do carro.
-Ah, tinha me esquecido.
-Vou ver um em bom estado, vi um Gol quase novo lá, o que acha?
-É legal.
-Você tem que ir e escolher, o carro é seu.
Paulo sorriu.
-Olha chegamos.
A loja de autopeças não era muito grande, mas tinha uma vitrine que mostravam algumas peças de carro, motos e bikes a venda, Paulo e o seu tio entraram. O interior era bem arrumado para o tamanho da loja e o dono, Paulo supôs que fosse o dono, cumprimentou seu tio, ele era careca, mas, alto e forte.
- Ola Ricardo, eu soube que você estava precisando de ajudante. – Ele olhou para Paulo.
- É, eu falei que precisava sim, eu tenho que cuidar de minha casa também, e minha filha me ajuda, ela vem logo trazer meu almoço, ai, falei nela.
A filha dele entrou na loja, tinha cabelos escuros, lisos e longos, usava uma maquiagem escura e vestia roupas pretas que escondia um pouco o lindo corpo que tinha, Paulo não deixou de reparar nos volumosos seios dela.
-Débora minha filha, o que acha de um novo ajudante aqui? – Ela olhou para Paulo com curiosidade.
- Não seria nada mal, não aquento aquelas peças pesadas mesmo.
- Paulo pode trabalhar aqui?
-Se quiser, começa hoje mesmo.
-Bem, então acho melhor pegar o turno da tarde porque agora vamos comprar o carro dele.-Disse isso dando tampinha nas costas de Paulo.
Paulo não pode deixar de reparar que Débora olhava com certa curiosidade para ele.
-Olha que bom, quando quiser peças já sabe onde encontrar.- Ricardo soltou uma gargalhada, todos riram.
-Bem, ate logo. –Disse tio André.
Eles foram ate a loja de carros usados, alguns em bom estado, Paulo ficou dividido entre uma Opala e o gol que o seu tio falara, por fim escolheu o Gol, estava quase novo, só tinha um pequeno amassado no fundo, e a tinta desbotada.
Paulo voltou para a loja depois do almoço com o seu gol, Ricardo ficou admirado quando viu o carro.
-Nossa, quase novo, esse amassado eu posso tirar, já a tinta você tem que comprar uma nova, sugiro uma cor mais viva.
-Bem deixa eu receber meu pagamento primeiro, não quero ficar pedindo dinheiro ao meu tio.
-Bom homem o seu tio, que bom que ele parou de mexer com certas coisas.
-Que coisas?
-Bem, seu tio não ia muito a igreja. – Ele deu um sorriso amarelo. – Já que você chegou, vou para casa, cuide da loja com a Débora, ela ira lhe ensinar tudo que deve, bem, boa sorte.
-Obrigado. – E Ricardo se fora montado em uma moto que tinha.
Débora sorriu assim que Paulo entrou, foi ate ele, ele se espantou, outra Gabriela já era demais, mas ela apenas pegou o pingente de Paulo.
-Onde encontrou isso.
-Bem..foi presente.
-Hum, em uns livros meus tem esse símbolo.
-Livros de que.
-Ocultismo, eu acho que meu pai falou uma vez que seu tio estudava isso quando era jovem , mas graças a Deus se converteu. –Ela levantou as mãos aos céus e sorriu.
-Estudava?
-Bem foi o que eu ouvi.
-Bem, se seu pai não gosta disso como você estuda?
-Escondida, é mais por diversão mesmo. – e sorriu.
Paulo, ficou pensativo, seu tio, estudando isso, não dava para acreditar, sempre achou seu tio lerdo.
-Agora venha vou lhe ensinar como funciona tudo aqui na loja, fique atento aos preços, meu pai não gosta que troque os preços das coisas.- E fez uma careta, os dois riram.
Ele segurou a mão estendida dela, e deixou ser guiado por toda a loja. Os dias seguintes passaram sem incidentes, tranqüilos, com novos amigos, e Gabriela o evitando.