O Mal Mora ao Lado

Ela está com medo. Corre desesperadamente. Para onde? Não sabe ao certo. Apenas corre, corre, corre. Estão atrás dela. Querem a pegar. Quando conseguirem, só Deus sabe o que farão dela.

Por isso ela corre cada vez mais rápido. Uma de suas sandálias arrebenta, ela até tenta concertar, mas isso a faz perder tempo. Assim, larga o calçado e passar a correr descalço. Os espinhos das murtas que crescem na sombra das grandes árvores penetram em seus pés causando dor. Porém, isso pouco importa agora. Sua preocupação é sua vida. Assim, ela tem de correr mais.

Seu vestido está parcialmente rasgado. Mãos vorazes e sedentas quase o repartirem em pedaços. Sua blusa caí sobre um dos seus ombros com um enorme rasgo.

Ana está apavorada. O silêncio que agora paira o local é pior do que o mais alto dos berros. Seus olhos correm dum lado para outro. Será que está sendo perseguida?

Ela diminui o passo, sente que o pior passou. Relaxa. Dobra as pernas, inclinando o tronco para frente de modo a quase ficar de quatro.

Um ruído, galhos partindo. Ana se levanta num salto e vê seu agressor a poucos passos dela. Forte, alto e alucinado, ele não vai parar até conseguir o que deseja. As vezes, à noite, Ana acordava atormentava por pesadelos onde a cena era como aquela. Uma noite escura, uma floresta, um estuprador assassino e ela. Ela, estendida no chão, indefesa, pronta para ser consumida. Ela pensa: "Ainda não".

Volta a correr. Seu estuprador parte em disparada atrás dela. A corrida é alucinante, as árvores passam como um borrão perante seus olhos. Não é possível ver nada naquele breu. Os passos do seu perseguidor diminuem. Ele fica para trás.

Ainda correndo, ela pensa:

-Que bom, vou me salvar.

Nesse momento ela tromba num tronca fortíssimo, caí no chão num baque seco. Agora está desesperada, o agressor irá alcançá-la.

Para sua surpresa, sente suas pernas abrirem-se num fortíssimo puxão. Mas árvores não fazem isso, seria lógico de pensar. Ela ergue os olhos e vê seu agressor segurando cada um dos seus pés. Seu rosto desfigurado, a marca duma machadada dá-lhe um aspecto mais sombrio ainda. Ela tenta gritar, mas a mão dele tapa sua boca. Ela tenta resistir, mas é tarde demais. Não deveria ter confiado no eletricista indicado pelo amiga.

Dieggo Oliveira
Enviado por Dieggo Oliveira em 12/10/2009
Código do texto: T1861090
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