O Quarto-Cap 02

2-Capitulo;-Gabriela.

Depois do que aconteceu não é preciso dizer que Paulo foi dormir no sofá, tremendo ainda, ele se abraçou em uma almofada e dormiu, só acordou com o barulho do telefone e do seu tio descendo as escadas para atender.

Paulo fingiu que estava dormindo.

-Alô.- Atendeu o tio André com preguiça. – Ah, Ola Renato, como esta?.

Renato era o pai de Paulo, ele se acomodou para poder ouvir mais.

-O Paulo? Ele esta dormindo no sofá.- Ouve uma pausa para seu tio escutar o que o seu pai falava. – Não sei, bem que o garoto só veio assistir televisão e caiu no sono, eu tenho teve por assinatura, tem canais ótimos na madrugada. – Paulo guardou bem essa informação. – Claro Renato, qualquer coisa te ligo, tchau.- e desligou o telefone.

Tio André subiu para o quarto de novo e deixou Paulo dormir um pouco, quando voltou mais tarde ele estava vendo tv, ainda deitado no sofá.

-Dormiu bem?

- Sim.- Mentiu Paulo.

- Espere um pouco, logo a empregada chega para fazer o café da manha.

- Empregada?

-Sim, ela vem limpar a casa, faz o café da manha e o almoço, o jantar geralmente é no restaurante da esquina. – Tio André sorriu e pegou o jornal para lê.

Foi verdade não demorou muito e uma mulher na casa dos 30 entrou porta a dentro e deu bom dia para os dois, ela não se incomodou com Paulo ali, tio André já devia ter lhe contado que vinha.

Só quando ela gritou que o café estava pronto que Paulo se mexeu, antes de se levantar por completo, ele ficou no sofá mexendo as pernas, lembrando da noite conturbada, enfim se levantou e foi para a cozinha.

O café foi calmo ate seu tio André cortar o silencio de maneira curta e grossa.

-Paulo você não viu mais nada de... Anormal não é? – ele tinha uma leve curiosidade e espanto na voz ao pronunciar isto.

Paulo olhou para seus ovos fritos.

- Não.

A conversa acabou ai e sou tio foi trabalhar, como não queria ficar o tempo todo em casa, Paulo saiu.

O sol já estava alto, e ele colocou a mão frente ao rosto para proteger os olhos, ao olhar para o lado teve uma surpresa prazerosa, sua vizinha sai nesse estante cantarolando uma musica que estava na moda, e que Paulo não curtia muito.

Ela também o viu e soltou um sorriso um pouco malicioso, só então percebeu que ainda estava sem camisa, adorou sorriso dela, mas tentou se esconder, já era tarde ela já se aproximara e estendera a mão.

- Olá vizinho, sou a Gabriela , Prazer, qual seu Nome?

- Paulo, o prazer é todo meu. – Ele não gaguejou, ela sorriu.

Ela abaixou os óculos e deu uma boa olhada nele, Paulo tinha um corpo atlético, sempre fez algum esporte desde pequeno, o que ele deixara para trás fora o futebol e o karate, ela olhou no relógio.

-Ohhh, eu tenho que ir, beijos lindo. – Mandando beijos no ar ela saiu.

Paulo sorriu, que garota louca, um pouco mais tarde ela voltou a falar com ele, e ele descobriu que namorava com um garoto da faculdade dela, diz ser um grosso mas que gostava dele, ele pode perceber alguns flertes que ela lançava, mas só de saber que namorava ele deu um pé atrás, já era tarde e eles foram para suas casas.

Seu tio ficou calado uma boa parte do jantar, Paulo não se atrevia a falar, o clima de hoje de manha não foi agradável, mas novamente seu tio quebrou o silencio.

- O seu pai me ligou hoje no trabalho.

-Hum.. O que ele queria?- Respondeu Paulo sem levantar os olhos.

- Ele disse que depositou um dinheiro para comprar seu carro.- Paulo engasgou surpreso.

- O QUE?- Seu tio achou graça da reação dele.

- Ele acha que você merece um carro, mais é um usado, o dinheiro só da para um assim.

- Nossa, não acredito.

Largou a comida e foi ligar para o pai que confirmou tudo, ele agradeceu mil e uma vezes e um pouquinho mais, e quando finalmente desligou e foi terminar a comida, seu tio já estava assistindo o jornal.

Algo estranho aconteceu quando Paulo estava lavando os pratos, barulhos no andar de cima, ele olhou para seu tio, ele parecia não ter escutado, o barulho aconteceu de novo, e assim que novamente percebeu que só ele escutara, pegou uma faca da gaveta e subiu sorrateiramente.

Nem devo dizer de onde saia o barulho não é? Mas mesmo Paulo supondo isso, ainda se assustou, apertou ainda mais o punho da faca e com a mão deslizando na parede se aproximou do quarto.

A porta estava entreaberta e a luz estava acesa, se existia algo lá dentro ele poderia ouvir o coração de Paulo, ele abriu a porta devagar com a faca ao alto, mas o quarto estava vazio e arrumado, como a empregada deixou, ele se arriscou a entrar, estava realmente vazio, foi ate o computador, e olhou pela Janela.

Sua vizinha Gabriela estava se maquiando, e ele ficou algum tempo a olhá-la, ate ela perceber e levar um susto, logo abriu um sorriso, ela parecia ter se surpreendido ao saber que morava um de frente para o outro. Paulo acenou, ela retribuiu animada, e pegando a bolsa mandou beijo e saiu do quarto, no fim só restou ele sair também.

Só retornou a ele, quando seu tio foi dormir e nada mais passava na tv, falando com o amigo no msn, teve a brilhante idéia de só se deitar quando estivesse caindo de sono, assim ele não sonharia, ou pelo menos não se lembraria deles, quando o sono o fazia dar leves desmaios, foi sei deitar.

Dormiu um sono sem sonho ate que um grito o acordou, ele caiu da cama, correu para porta, porta? Onde estava sua porta? A sua frente agora estava uma porta de metal, parecia a porta daquelas prisões que se vê na tv, ele olhou pelo buraco e viu um homem a porta do seu quarto, sentado com as estranhas entre as pernas e um monstro que lembrava mais um lobo comia seus restos.

Ele tampou a boca com as mãos, nessa hora um daqueles monstros passava pela porta e lendo a mente de Paulo, olhou diretamente nos olhos. Foi algo muito rápido, ele o atacou mas o garoto conseguiu desviar para trás, ainda pode ver as garras passando perto do seu rosto e sumir em um buraco escuro, o grande problema foi Paulo descobrir que não tinha levantado da cama, e ainda estava deitado, e com a cabeça levantada, devida a tentativa de desvio, ofegante, ele se levantou assustado e foi para o sofá.

Seu tio, estava sentando vendo tv, e mudou de canal assim que Paulo chegou.

-Eu já tenho 18 anos tio, precisa esconder isto não.

Ele com um pouco de desconforto colocou novamente no canal, foi muito bizarro para Paulo assistir canal adulto com o seu tio, mas ele esqueceu o que aconteceu e dava risadas com o desconforto maior do seu tio.

-Você gostaria de trabalhar?

- Por quê?

-É que você é novo aqui, não tem muito que fazer, eu passo o dia todo fora, você não queria trabalhar, e ganhar seu dinheiro? É bom que você sai mais e faz ate amigos.

- Hum.. Dinheiro é sempre bom.

-Daqui a uns dias, vai ter o show de uma banda que você gosta, pelo menos foi o que o seu pai disse, você poderia ganhar um dinheiro para ir não acha?

- Legal, mas aonde vou trabalhar?

- Bem, Uma loja de autopeças esta precisando de um atendente, podemos ir lá sábado ver se consegue o emprego e depois vamos comprar seu carro.

-Sábado? Mal posso esperar.- Paulo sorriu sem esconder sua felicidade.

- Bem, já chega para mim, boa noite.- Tio André se levantou e foi dormir.

Paulo ficou um tempo vendo tv, ate adormecer no sofá, e acordando pela manha, decidiu que essa seria a sua nova cama.