Perigo no bosque
Ensina-nos a sabedoria popular que as aparências enganam. Sir Longshot nunca levara isso a sério, até aquele dia em que cavalgava o condado de Essex, num fim de tarde outonal. À beira da estrada, eu estava em vias de ser trucidada por um conhecido dele, Sir Alex Spencer, excêntrico industrial e inventor.
No meio da clareira, Spencer apontava em minha direção sua espingarda de cano prateado. No frescor dos meus 13 anos, de vestido de cetim grená com delicadas rendas, cerceada por algemas, estava pronta para o abate, quando Longshot se antecipou e golpeou meu agressor na cabeça com um bastão. Spencer, que me surpreendera mais cedo em meu sono matinal, caiu desacordado.
Prontamente, Longshot encontrou a chave que abria as algemas feitas de uma liga metálica muito resistente. E só entendeu o que ali se passava no momento em que meus seios de adolescente se intumesceram e meus caninos, agora pontiagudos, tornaram minha mandíbula tão perigosa quanto à de qualquer fera. Cravei-os no pescoço do sexagenário herói, e, até hoje, 13 décadas depois, meu lacaio Longshot reconhece que, às vezes, o senso comum é prenhe de sapiência.