O berço.

Era um ninar,

melancólico.

É um triste fim de um assassino.

Nas sombras da noite ele dominava,

sua vida era macabra,

não tinha sinal algum,

nenhum sentimento comum,

de dó de piedade;

não se podia chamar de animal,

nem de bicho qualquer,

por que cada bicho cada animal,

tem instinto de afabilidade,

de cuidados:

nem isso ele tinha;

matara seus pais,

esquartejara.

Sem um pingo de compaixão.

desde que matara seus pais,

sentia ao adormecer,

um berço que balançava,

que não parava até o amanhecer.

Ele via só uma mão que balançava o berço,

ao mesmo tempo se via dentro daquele berço:

era uma imagem,

horrível,

via-se desfigurado,

não conseguia falar,

só cuspia;

às vezes expelia alguma coisa amarela cheirando a podre,

outras vezes,

o vermelho cor de sangue.

Do seu corpo saia às figuras,

de todos os quais tinha matado,

maltratado,

estuprado;

via-se num rio de sangue,

onde muitos fantasmas tentavam afogá-lo.

Um dia viu um rosto acima do berço,

num relance de olhar,

o rosto triste de sua mãe,

ainda tentando ninar o seu filho,

no berço tentava reconfortar,

aquele ser que parecia que nunca iria entender,

nem iria sentir,

qualquer sentimento;

tentava ninar o coração,

do seu filho,

refrescar um pouco a alma,

de quem sempre esteve morto.

E muitos outros crimes que pesava no seu coração.

A policia de Guatemala dava um pré-aviso,

pare senão atiro:

nem um pouco de atenção;

puxou por uma arma,

atirou acertando matando um policial;

e os outros revidaram,

atirando para matar o desequilibrado,

um dos maiores assassinos e

estuprador.

Entrava na boca da noite ficando imerso na escuridão,

imerso no silencio,

só o ritmo cadenciado do berço,

a mão que balançava o berço.

Conjurava almadiçoava,

lançava fogo,

vomitava palavrões.

Um constante ritmar do berço que o hipnotizava,

adormecendo,

anestesiado, não mexia não conseguia,

uma força estranha que desconhecia,

que dominava:

enquanto o berço balançava,

mais profundo ele iria,

não existia um rosto, não tinha um corpo,

ele só via a mão que balançava o berço.

Uma sombra negra,

era uma maldição;

do berço exalava,

cheiro de sangue,

de enxofre, de pólvora, de morte,

escutava um choro um gemido tão triste,

urrava.

O eco dominava a noite,

e o suor que corria,

em gotas de agonia,

no profundo abismo,

um inferno se refletia,

só o branco da neve ele via,

um frio,

o seu corpo,

desfalecia.

O berço que cada vez mais forte,

ele ouvia,

sentia que morreria,

e mais perto do inferno ele chegava,

sentia que o seu corpo esquentava.

por um instante pensava,

que para a vida ele voltava.

cada vez mais escutava o berço que balançava,

o berço o perseguia,

seria a morte que o seguia,

era à hora que partiria.

A mão que balança o berço,

mostrava-lhe todos os seus defeitos,

na hora “h” a hora que morria.

Um calor insuportável,

labaredas lá embaixo,

ao seu lado tudo derretia,

via fantasmas que o seguia,

gentes que ele tinham matado,

o perseguia,

ódio para todos os lados,

carne queimada,

dor, tormento, no inferno com certeza,

ele estava,

e todos aqueles parecidos com ele.

Alucinado viu um rosto acima do berço,

num relance de olhar,

o rosto triste de sua mãe,

ainda tentando ninar o seu filho,

no berço tentava reconfortar,

aquele ser que parecia que nunca iria entender,

nem iria sentir,

qualquer sentimento;

tentava ninar com oração,

o seu filho,

refrescar um pouco o espírito,

de quem sempre esteve morto.

Tentava de todas as formas trazê-lo novamente,

através do balançar do berço,

levar as recordações do aconchego,

do carinho do amor de mãe,

do embalar do ninar,

fazer-se sentida,

que ele compreende-se,

que ela ainda o amava,

que nunca o deixaria;

e também lhe dizia,

que como ela Deus daria outras chances;

para ela um amor de mãe, um amor de Pai,

nunca lhe condenaria,

assim como o amor de Deus,

depois que os seus erros expurgasse,

outras oportunidades lhe daria.

Cláudio D. Borges.

poeta cláudio
Enviado por poeta cláudio em 23/09/2009
Reeditado em 21/10/2012
Código do texto: T1826684
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