TESTE DE FÉ
Foi horrível! Você nem imagina. Por algum tempo eu perdi a fé em Deus, sabe? Não foi bem perder a fé. Eu costumava fazer meditação uma vez por semana me preparando da seguinte maneira: não fazia sexo durante dias, não comia carne, jejuava, lia incessantemente artigos e livros que me elevassem espiritualmente, sobre seres de outras esferas superiores, e suas respectivas instruções. Queria ver e atingir a luz através dos olhos da minha alma. Tinha alma de São Tomé, precisava vivenciar, ver para crer mesmo que fosse crer em ilusões fabricadas pela minha mente. Algo me dizia que “havia mais coisas entre o céu e a terra do que supunha minha vã filosofia”. Nós humanos temos tendência à crença de que nem o nosso mundo, nem a nossa vida simplesmente se findam neste plano. Precisamos enfeitar a vida comum e muitas vezes esses adornos têm como matéria prima a mentira.
Meditar é exercício constante. Com a prática, percebemos que gradativamente, atingimos um nível maior, pois tudo se torna muito natural, de cor tudo fica mais simples, é só se condicionar o organismo.
Eram cinco e meia da tarde de um domingo, deitei-me em minha cama, preparado para a sessão iluminação. Relaxei meu corpo através do controle de minha respiração. Um a um, meus pensamentos, cerca de oito, foram sendo eliminados e em seu lugar foi surgindo o vazio, o nada.
Este nos leva a outros lugares. Descobri, naquela hora que este estágio da consciência joga seu âmago, não sei se aleatoriamente, até para lugares indesejáveis e foi para um desses onde fui parar. Eu ardi, queimei, senti dor, senti a presença de centenas de pessoas, mas só consegui enxergar vultos se distorcendo na minha frente, um forte cheiro de carnes e cabelos queimados, gemidos, choro. “Não quero ficar aqui” gritei eu, e como um relâmpago, minha alma caiu de volta, bruscamente, para dentro do meu corpo. Desde esse dia não quis mais saber de elevação espiritual.
Tempos depois, notei que minha vida estava amarrada, nada mais dava certo, devendo aluguel e quase sendo despejado. Comprei um maço de velas e fui em uma igreja pedir proteção, assisti à missa e comunguei. Quando cheguei em casa, senti aquela energia negativa sair de dentro de mim e a minha frente um espírito terrível se materializar.
Tomei coragem e perguntei “ Quem é você e o que quer de mim?” Ele continuou imóvel, com um sorriso cínico e maléfico, parecia uma imagem holográfica. Finalmente, com voz extremamente grave, respondeu: “quero comer sua alma e ser dono do seu corpo”.
Quem é você?
Sou uma parte de você, a parte ruim que ainda não conhece direito. Veja como sou feio, daqui a um ano estará parecido comigo. Lembra-se daquela briga em que quase matou um homem?
Lembrei-me da terrível cena em que me desentendi numa briga de trânsito, quando um indivíduo destruiu meu carro num cruzamento e não queria pagar o conserto e eu não tinha seguro. Avancei com minhas mãos e apertei seu pescoço, quase o esganando, deixando-o sem ar e roxo e de repente caí em mim, pedi ao rapaz para me desculpar, pois estava nervoso. Só depois de me lembrar daquilo, gritei:
Volte para o inferno de onde você veio! Valei-me, meu anjo da guarda! Vade retro, Satanás!
Vi uma luz surgir por trás de mim e a entidade, tive a impressão de que foi sugada por forças, dissolvendo-se e arremessada pela janela afora, quebrando os vidros. Corri para olhar e o vi sumindo no ar, para nunca mais voltar, creio eu.
Foi horrível! Você nem imagina. Por algum tempo eu perdi a fé em Deus, sabe? Não foi bem perder a fé. Eu costumava fazer meditação uma vez por semana me preparando da seguinte maneira: não fazia sexo durante dias, não comia carne, jejuava, lia incessantemente artigos e livros que me elevassem espiritualmente, sobre seres de outras esferas superiores, e suas respectivas instruções. Queria ver e atingir a luz através dos olhos da minha alma. Tinha alma de São Tomé, precisava vivenciar, ver para crer mesmo que fosse crer em ilusões fabricadas pela minha mente. Algo me dizia que “havia mais coisas entre o céu e a terra do que supunha minha vã filosofia”. Nós humanos temos tendência à crença de que nem o nosso mundo, nem a nossa vida simplesmente se findam neste plano. Precisamos enfeitar a vida comum e muitas vezes esses adornos têm como matéria prima a mentira.
Meditar é exercício constante. Com a prática, percebemos que gradativamente, atingimos um nível maior, pois tudo se torna muito natural, de cor tudo fica mais simples, é só se condicionar o organismo.
Eram cinco e meia da tarde de um domingo, deitei-me em minha cama, preparado para a sessão iluminação. Relaxei meu corpo através do controle de minha respiração. Um a um, meus pensamentos, cerca de oito, foram sendo eliminados e em seu lugar foi surgindo o vazio, o nada.
Este nos leva a outros lugares. Descobri, naquela hora que este estágio da consciência joga seu âmago, não sei se aleatoriamente, até para lugares indesejáveis e foi para um desses onde fui parar. Eu ardi, queimei, senti dor, senti a presença de centenas de pessoas, mas só consegui enxergar vultos se distorcendo na minha frente, um forte cheiro de carnes e cabelos queimados, gemidos, choro. “Não quero ficar aqui” gritei eu, e como um relâmpago, minha alma caiu de volta, bruscamente, para dentro do meu corpo. Desde esse dia não quis mais saber de elevação espiritual.
Tempos depois, notei que minha vida estava amarrada, nada mais dava certo, devendo aluguel e quase sendo despejado. Comprei um maço de velas e fui em uma igreja pedir proteção, assisti à missa e comunguei. Quando cheguei em casa, senti aquela energia negativa sair de dentro de mim e a minha frente um espírito terrível se materializar.
Tomei coragem e perguntei “ Quem é você e o que quer de mim?” Ele continuou imóvel, com um sorriso cínico e maléfico, parecia uma imagem holográfica. Finalmente, com voz extremamente grave, respondeu: “quero comer sua alma e ser dono do seu corpo”.
Quem é você?
Sou uma parte de você, a parte ruim que ainda não conhece direito. Veja como sou feio, daqui a um ano estará parecido comigo. Lembra-se daquela briga em que quase matou um homem?
Lembrei-me da terrível cena em que me desentendi numa briga de trânsito, quando um indivíduo destruiu meu carro num cruzamento e não queria pagar o conserto e eu não tinha seguro. Avancei com minhas mãos e apertei seu pescoço, quase o esganando, deixando-o sem ar e roxo e de repente caí em mim, pedi ao rapaz para me desculpar, pois estava nervoso. Só depois de me lembrar daquilo, gritei:
Volte para o inferno de onde você veio! Valei-me, meu anjo da guarda! Vade retro, Satanás!
Vi uma luz surgir por trás de mim e a entidade, tive a impressão de que foi sugada por forças, dissolvendo-se e arremessada pela janela afora, quebrando os vidros. Corri para olhar e o vi sumindo no ar, para nunca mais voltar, creio eu.