Ecos (Maldição) 2/4

A primeira impressão, que tive ao abrir a porta foi a de completo abandono, uma solidão terrível, um cheiro de mofo terrível me invade fazendo-me espirrar seguidas vezes. A mobília ainda resiste, ao menos aparentemente, nesta primeira sala existe uma escada e mais duas entradas, uma que vai ate a sala de jantar, e a outra liga a um corredor com quatro portas do lado esquerdo.

Nesta mesma sala existe um jogo de sofás antigos e que um dia já foram lindíssimos e uma estante com vários enfeites, depois de levantar um pouco a poeira desta estante pude perceber de onde se vinha tamanha valentia dos moveis, eles são feitos em madeiras de lei, esta estante é toda em carvalho vermelho. Nela também há uma antiga vitrola e uma igualmente velha televisão, obviamente nenhuma das duas funciona.

Passo boa parte deste dia descobrindo a casa, no segundo andar existe uma serie com cinco quartos, todos imensos e um é suíte, e mais duas portas, uma liga a outra sala de estar e a outra esta devidamente trancada. Na parte de baixo, alem da sala principal existe a sala de jantar e a cozinha posterior, um quintal imenso do lado de fora, com uma pequena casa que também esta trancada com um exagerado cadeado, há mais quatro quartos e dois banheiros... Preciso de GPS para me localizar aqui dentro, e dormir aqui vai ser um inferno, todo assoalho desta casa é de madeira e já constatei a incidência de ratos, mas tudo pela historia.

Eu ligo o Notebook e constato que estou com muita fome. Ao contrario do que havia imaginado a conexão deste lugar é muito boa, inclusive no celular que uso para ligar para uma pizzaria na pequena cidade, enquanto espero minha pizza e uma boa coca-cola gelada eu começo a rever o que tenho sobre o lugar:

A casa foi construída no ano de 1787 e era propriedade da igreja, assim como todo mundo civilizado daquela época, em 1809 nela foi inaugurado um internato para moças de alta classe, pertencia a um grupo de Madres, esta era freqüentada por moças da corte e filhas de poderosos senhores de engenho.

Era sem duvida uma das mais luxuosas casas de ensino da região. Porem exato 50 anos após sua inauguração, ouve um terrível acidente, um incêndio, e quase toda a casa foi destruída, por sorte era a época de raras férias e a grande maioria das alunas não estavam, mas é sabido que todo o corpo docente morreu neste incêndio... Esta foi a primeira tragédia dessa casa ao qual eu estou sentado em uma escada de pedras.

É realmente muito escassa as informações da qual disponho, mas quando me dou por mim percebo que já é noite e que alguém martelava a porta da frente, era o entregador de pizza, atendo e percebo que o pobre garoto esta com medo_ Talvez os habitantes dessa cidade não me disseram tudo que sabe._ Eu facilito a vida do jovem medroso e não enrolo para dispensa-lo, mesmo por que eu estou com muita fome.

Continuo a averiguar a casa depois que anoitece, acabo ascendendo quase todas as luzes, por sorte a energia funciona, e depois me preparo para ir dormir, a espera que algo realmente aconteça.

Minha mãe sempre dizia que “quem caça acha” no meio da noite, meu celular marca três da manhã, sou acometido por um terrível ar frio e úmido, me levanto devagar e percebo que talvez eu não esteja sozinho, parece que há uma silhueta na entrada do quarto, eu me sento bruscamente, e percebo que realmente existe uma figura de uma jovem na entrada, a luz que vem da sala não deixa que eu veja realmente seu rosto.

Levanto-me meio com medo e meio ansioso e excitado pela curiosidade, quando olho a figura novamente, o lógico seria que ela não estivesse mais lá e que eu voltasse a dormir tendo a certeza de que foi tudo obra de minha cabeça. Mas não foi isso que aconteceu, seja la quem for estava ali parada olhando fixamente para mim e eu não tive reação, depois de alguns longos segundos ela vira para a esquerda e sai, é claro que fui atrás, pois era para isso que eu estava aqui.

A casa estava diferente do lado de fora do quarto que eu escolhera para passar a noite, ela estava limpa e bem conservada e eu podia ouvir ao fundo murmúrio de pessoas, eram varias vozes femininas... Vinham todos da sala de jantar, prontamente corri ate lá e quando abri a porta em um arranque me veio uma forte luz branca, fiquei ofuscado, mas pude ouvir uma voz de menina sussurrar aos meus ouvidos: “Eu disse para não vir para este lado, agora elas sabem de você.”

Esta foi o que classifiquei como sendo minha primeira experiência “sobrenatural” naquela casa... Isso me deixou tanto assustado quando ainda mais interessado.